
Detentora de 12.098 votos soteropolitanos em 2020, a vereadora Ireuda Silva (Republicanos) se tornou centro de uma polêmica no último mês, após ser atacada por servidores municipais na porta da Câmara de Vereadores por ter votado a favor do reajuste de 8% dos professores da rede municipal de ensino. O episódio culminou em um ato nacional em defesa da parlamentar, nesta segunda-feira (3). A parlamentar tratou os ataques como “violência política”, em coletiva de imprensa.
Ireuda, que acusa alguns servidores de falas racistas e misóginas, recebeu na Câmara Municipal de Salvador nomes como a senadora e ex-ministra Damares Alves (Republicanos), e a deputada federal Rogéria Santos (Republicanos).
“Elas não vieram aqui por um ato que é considerado banal na cabeça de algumas pessoas. É violência política, algo que acontece constantemente contra a mulher. Todas elas vieram aqui combater isso”, começou Ireuda, que narrou a cena e afirmou ter sido humilhada com toda a situação.
“No dia 12 de junho foi a votação do PL para o reajuste dos professores, e todos os vereadores votaram em um só propósito, que era 8% [...] Foi aprovado, mas em meio a todos os vereadores, só eu fui hostilizada, humilhada, pisoteada pelos professores na porta da Câmara [...] Hostilizaram o meu direito de parlamentar, o meu direito como mulher. Fui vítima de machismo, alguns homens colocaram o dedo na minha cara, me acuaram perguntando se eu tinha votado. Foi algo que realmente mexeu comigo”, completou a vereadora aos prantos.
Convidada para o ato nacional, a senadora e ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos do governo Jair Bolsonaro (PL), Damares Alves, lamentou o fato e disse que comportamentos racistas e misóginos não podem mais ser tolerados dentro da política. Os vídeos do momento em que Ireuda é abordada pelos manifestantes já está sob análise do Ministério Público.
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“Nós viemos para mandar um recado para a Bahia, para o Brasil. Estamos começando uma jornada hoje enfrentando a violência contra a mulher. Não vamos mais tolerar isso no Brasil [...] A gente tem evidências de crime de racismo. Por que escolhemos o dia 3? Hoje é o Dia Nacional de Combate à discriminação racial. Os vídeos já estão sob análise do Ministério Público e, identificando o crime de racismo, as pessoas deverão ser punidas dentro do rigor da lei. Mulher negra, mesmo sendo uma autoridade, tem sido vítima de preconceito, racismo e violência política. Não vamos mais tolerar”, disparou a senadora bolsonarista.