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Polícia para quem precisa? - 10/04/2023, 19:35 - Cássio Moreira - Atualizado em 10/04/2023, 22:47

"Vai criminalizar o ambiente", dispara Kleber Rosa sobre PM na escola

Policial civil larga o doce sobre medida adotada pelo governador de Santa Catarina

Kleber Rosa aponta falha do governo catarinense com implementação da polícia nas escolas
Kleber Rosa aponta falha do governo catarinense com implementação da polícia nas escolas |  Foto: Raphael Müller/Ag. A Tarde

Investigador da Polícia Civil, Kleber Rosa (Psol) largou o doce e detonou, em entrevista ao Portal MASSA!, na tarde desta segunda-feira (10), a medida anunciada pelo governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), de meter policiais militares armados nas portas das escolas do estado. A decisão acontece dias depois do ataque a golpes de machadinha em uma creche no município de Blumenau, que vitimou quatro crianças.

Segundo Kleber, a ideia é "mais do mesmo", e não garante nenhum avanço na proteção dos estudantes. Ele avalia que a posição do governo catarinense pode resultar em um processo de criminalização da comunidade escolar, além de não atacar o coração do problema.

“Não vale, é mais do mesmo. O que a gente vê, isso já tem sido discutido amplamente como opção, e o governo de lá tomou a decisão de fazer isso de forma objetiva. Eu acho que não vale, porque a primeira medida que vai acontecer é criminalizar a comunidade escolar, que vai passar a ser vigiada. Então, aquilo que é uma ameaça passa a ser cotidiano, que é um controle permanente, uma ameaça permanente, uma presença ostensiva bélica dentro da escola. Isso distorce o ambiente escolar, que é um ambiente pedagógico, educacional, do espaço do livre fazer e livre pensar. Isso não uma opção, e não ataca o problema”, disparou Kleber.

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A primeira medida que vai acontecer é criminalizar a comunidade escolar

O psolista ainda atribuiu a alta dos ataques violentos ao discurso do ex-presidente da Jair Bolsonaro (PL), que defendia abertamente a posse de arma e o combate ao crime com medidas drásticas, e pontuou que a postura de Jorginho Mello tem uma pegada ‘populista’.

“A gente sabe o que é o encorajamento que a gente viveu ao longo desses quatro anos com esse presidente genocida (Bolsonaro), culto ao armamento, a flexibilização dessas doutrinas nazi-fascistas, e a exacerbação da ideia de que se combate a violência com mais violência. Então, não ataca o cerne da questão”, afirmou.

“Vale lembrar que esses ataques estão vindo, em sua maioria, de uma ação externa de pessoas externas, como foi o caso da creche. Não é uma medida eficaz, não acredito, acho um absurdo, acho que vai ser lastimável se os estados começarem a adotar isso como medida. Então, discordo absolutamente dessa medida”, continuou Kleber.

“Toda política de segurança pública adotada no Brasil tem esse caráter de mostrar às pessoas a ostensividade, pra passar a ideia de estabelecer uma sensação de segurança, mas uma clara convicção de que aquilo não é garantia de segurança. Pra todo tipo de situação que ocorre, esse tem sido o modelo adotado, que é mais pra dar uma satisfação para a sociedade, parecer que está fazendo algo, sem resultados concretos. O tempo vai mostrar que isso não é eficaz. Espero que nada mais ocorra, a gente torce para que esse estímulo à violência seja vencido o quanto antes, mas essa medida não é eficaz, e ela pode ser mais promotora de violência na escola”, explicou o investigador da Polícia Civil, que ainda botou certeza de que o ambiente escolar será criminalizado com a presença de policiais armados.

“A gente sabe como funciona a polícia. Vai terminar criminalizando o próprio ambiente escolar, as comunidades escolares [...] Arrisco a dizer que isso está fadado a acontecer, pelo que a gente já conhece”, disse Kleber.

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Vai terminar criminalizando o próprio ambiente escolar, as comunidades escolares

Questionado sobre a possibilidade da ideia prosperar na Bahia, Kleber Rosa disse desconhecer qualquer iniciativa do tipo sendo colocada na mesa, que o clima nacional já existe nos últimos anos.

“Olha, não tenho conhecimento de nada formalmente em discussão, mas sei que tem um clima nacional de debates sobre a possibilidade de botar polícia na escola. Isso tem um debate que está feito no âmbito geral”, finalizou.

A implementação dos policiais nas escolas de Santa Catarina deve custar R$ 70 milhões por ano, e acontecerá em 1.053 unidades de ensino do estado.

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