Uma das principais lideranças do movimento negro na Bahia, o vereador de Salvador Sílvio Humberto (PSB) colocou o seu nome para jogo nas eleições de 2024, e não descartou, durante conversa com o Portal MASSA!, nesta terça-feira (21), uma candidatura à prefeitura da capital baiana no próximo ano.
Logo após a sessão da Câmara Municipal, Sílvio foi questionado sobre a necessidade de apresentar uma candidatura negra para o debate político na cidade considerada a mais preta fora do continente africano. O edil afirmou que Salvador precisa eleger alguém com a sua identidade, e pediu que a base governista dê condições para tentar mudar o cenário. O único prefeito negro na história da capital é Edvaldo Brito (PSD), hoje vereador, que governou entre 1978 e 1979.
"Essa cidade precisa eleger a si mesmo. Nós somos 70%, 80%. A disputa precisa ser dada, sobretudo por nós da esquerda, que precisamos e queremos desafiar quem está no governo, a gente precisa oferecer às candidaturas pretas meios e condições. Você não vai enfrentar um tanque com um estilingue. É preciso garantir dignidade a essa população e, para garantir essa dignidade passa por enfrentar o racismo, e mudar a cor do poder", explicou Silvio
"É pedagógico, é um salto civilizatório que essa cidade vai dar em eleger um prefeito ou uma prefeita negra [...] A base, junto com o governador Jerônimo, ele tem dito que vai construir uma unidade. Nós colocamos o nosso nome, porque entendemos que amadurecemos, crescemos nessa cidade, desenvolvemos tecnologias sociais de como incluir a população negra. Então, precisamos dessa virada de chave que vai além da cor, a gente de uma mudança de concepção dessa cidade, que precisa investir nas pessoas. É uma cidade que precisa deixar de ser estranha para quem está de fora. É preciso ser uma capital afro para valer, não uma capital afro da conveniência", disparou o vereador, que completou.
Leia mais
Distante, disputa pela prefeitura de Salvador ganha corpo; veja
"Temos a eleição do ano que vem, estamos colocando o nosso nome porque somos frutos de uma grande construção [...] Em 1798, essa Casa é uma Câmara-cadeia, os revoltosos de Búzios estavam aqui. Um ano depois, saíram daqui e tiveram seus corpos esquartejados porque ousaram lutar por igualdade, fraternidade e liberdade", continuou Sílvio.
É preciso que a esquerda se una em torno dessa dignidade da população
"A gente comemora agora 200 anos da Independência da Bahia, mas a gente precisa de outro 200. Quando houve a primeira independência, em 1823, a abolição só chegou 65 anos depois. A gente participa, é chegada a hora. É preciso que a esquerda se una em torno dessa dignidade da população, e eu acho que essa dignidade passa por equidade racial", completou o parlamentar.