Depois de quase oito anos de gestão como governador da Bahia, Rui afirmou que que o objetivo, desde sempre, era 'cuidar de gente'. Nesta entrevista exclusiva ao Grupo A TARDE, o governador fala sobre as áreas de saúde, educação e infraestrutura, além da atração de investimentos privados. E do que espera com o presidente Lula assumindo o cargo e os desafios de Jerônimo.
Confira:
Ao longo do seu governo o senhor falou algumas vezes sobre Modelo Bahia de Gestão. Poderia nos explicar mais sobre o que é e como esse modelo funciona?
Desde que assumi o governo, tinha em mente que nosso objetivo maior era cuidar de gente, mas sabíamos que para isso ser possível dependia também de muito esforço de gestão. O Modelo Bahia de Gestão foi concebido em 2015 para assegurar a plena operacionalização do serviço público estadual e sua capacidade de maximizar os recursos disponíveis para a atuação do Estado. É um trabalho focado na solidez das contas públicas, no equilíbrio fiscal e nos investimentos, que resultam em mais qualidade de vida, mais emprego e renda e mais recursos em circulação para combater, na Bahia, os efeitos da persistente crise econômica brasileira. Essas medidas permitiram à Bahia destinar mais recursos diretamente ao atendimento das demandas da sociedade, isso significa qualificação do gasto público.
O governo conseguiu, de fato, economizar com a adoção dessas estratégias de gestão financeira?
A Bahia contabilizou economia real de R$ 9 bilhões, de 2015 até agora, nas despesas de custeio da máquina. Isso permitiu ao Programa de Qualidade do Gasto Público destinar mais recursos para ações que beneficiam diretamente o povo. Para mim, o melhor modelo administrativo é aquele que prioriza as pessoas.
E qual foi o destino, então, desses recursos que foram economizados?
Esse resultado tem se traduzido em novos investimentos, na garantia do pagamento em dia da folha de pessoal e de todos os compromissos do Estado. Entre janeiro de 2015 e agosto de 2022, nosso governo somou investimento próprio de R$ 22,7 bilhões. Somos o segundo maior estado do país em volume de investimentos, atrás apenas de São Paulo.
Como o senhor avalia a distribuição destes investimentos diretos do Estado, foi equilibrado? Quais ações destacaria?
A maior parte do investimento público foi direcionada às áreas sociais, que são a Educação, a Saúde e a Segurança Pública. Em seguida, vêm Urbanismo, Transporte, Saneamento e Agricultura. Um caso emblemático é o da saúde. Fizemos um grande investimento em infraestrutura e equipamentos de saúde, regionalizando o atendimento. Construímos 22 hospitais e 25 policlínicas regionais, que chegarão a 26 ainda este ano. Hoje, a Bahia conta com 2.209 leitos públicos de UTI. Ao longo das fases mais difíceis da pandemia, conseguimos evitar o colapso de nosso sistema de saúde, o que reflete também este expressivo investimento público na área. A saúde é um grande exemplo, mas também em outras áreas como educação, mobilidade urbana, fortalecimento da infraestrutura e da segurança pública são inegáveis os avanços que a Bahia alcançou.
Mas não dá para concentrar as ações em um só setor, por mais importante que seja, como a saúde. De que forma os investimentos chegaram para outras áreas, como Educação e Infraestrutura, por exemplo?
Estas são duas áreas fundamentais para o desenvolvimento do povo e da economia de nosso estado. Somente na capital, estamos implantando oito novas escolas de grande porte, totalmente preparadas para o ensino em tempo integral. Já foram entregues as escolas de Paripe, Imbuí, Vila Canária, São Cristóvão e Cabula. Em breve, serão inauguradas escolas de tempo integral nos bairros de Sussuarana, Lobato e Jardim Cajazeiras. O investimento total, somente nestas unidades, é de mais de R$ 200 milhões, tudo isso em Salvador. Também estamos levando esse modelo para o interior do estado, de forma que alcance toda a rede pública estadual de ensino. Ao todo, serão cerca de 600 escolas construídas ou modernizadas. Os investimentos na área da Educação somam R$ 7 bilhões.
As conquistas na área da mobilidade urbana podem ser percebidas em toda Salvador, com a criação dos grandes corredores rodoviários e a expansão do metrô de Salvador e Lauro de Freitas. Já as obras de construção e recuperação de rodovias estão presentes em todos os pontos do estado, são mais de 11 mil quilômetros de estradas recuperadas e construídas. Temos desde as grandes intervenções, como a duplicação da rodovia Ilhéus/Itabuna, a médios e pequenos trechos que são fundamentais para garantir o deslocamento da população que mora mais distante das sedes municipais e dos principais centros regionais. Para o reforço da infraestrutura, vale destacar também a construção das pontes do Pontal, em Ilhéus, uma antiga demanda da população do sul do estado, e a que liga os municípios de Barra e Xique-Xique, sobre o rio São Francisco.
Somente os recursos próprios do Estado podem não ser suficientes para grandes transformações. Seu governo conseguiu atrair investimentos privados?
Com certeza, apesar do cenário de insegurança econômica que tem afetado muito o Brasil nos últimos anos, na Bahia temos conseguido mostrar aos empresários que seguimos como um destino de grande potencial para investimentos. Já são 418 empreendimentos privados implantados na Bahia desde 2015, somando investimento de cerca de R$ 45 bilhões e quase 64 mil empregos gerados. Todos estes investimentos contam com incentivos garantidos pelo Estado.
Além do que já está implantado, há novos investimentos privados em vista?
Sim, a lista é grande. Temos ainda mais de 300 empreendimentos em implantação, com investimento total previsto de quase R$ 108 bilhões e a estimativa de criação de mais 26 mil empregos.
A capacidade de investimento dos estados depende diretamente da arrecadação. O que foi e tem sido feito na Bahia para ter melhor desempenho nesse quesito?
Esse é um tema de grande importância. Tão importante quando saber cuidar da arrecadação é dar a direção correta para os recursos, fazer com que o Estado tenha mais fôlego para investir em ações e obras para o povo. Junto com essa modernização das ferramentas, a parceria entre as instituições do Estado tem sido fundamental. Com a união de esforços entre secretarias e órgãos do Estado e outras instituições foram recuperados cerca de R$ 325 milhões para os cofres públicos baianos. Ações como essa nos dão mais oportunidades de fazer por quem mais precisa.
Nos últimos anos o Estado realizou muitas PPPs (Parceria Público-Privadas). Foi uma medida acertada? Que tipo de benefício isso traz para a gestão e para a população baiana?
A Bahia mantém-se ainda entre os líderes nacionais e é referência em Parcerias Público-Privadas, importante ferramenta que articula investimentos do setor público e do segmento empresarial. Temos uma série de parcerias de sucesso nesse modelo. As PPPs em saúde incluem o Hospital do Subúrbio, premiado internacionalmente, e o Instituto Couto Maia, um símbolo do combate à pandemia. Ainda entre as PPPs, o Metrô de Salvador e Lauro de Freitas é hoje um dos maiores do país e o mais bem avaliado pelos usuários.
O senhor falou até aqui do trabalho feito ao longo de quase oito anos, mas nem todos os desafios foram vencidos. O que o Estado deve enfrentar para crescer e assegurar a qualidade de vida população?
Tanto no primeiro mandato como neste que estamos perto de encerrar sabemos que fizemos a Bahia avançar muito. Mas esse estado é gigante, não só em território como em potencial de crescimento. Com certeza, o maior desafio do próximo governador, Jerônimo, é fazer a Bahia avançar ainda mais em todos os setores. Além de ele ter capacidade para isso, vai poder contar com a forte parceria do governo federal, que terá à frente o presidente Lula.
Diante da atual conjuntura brasileira e mundial, sabemos que temos grandes desafios pela frente, mas contamos com a continuidade do projeto de governo, com a eleição de Jerônimo aqui na Bahia e de Lula, no nível federal. De minha parte, pretendo continuar contribuindo da forma que me for apresentada para superar esses desafios.