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Política Social - 03/05/2023, 13:59 - Vinicius Rebouças

Programa Brasil-EUA de combate ao racismo é lançado em Salvador

Ministra Anielle Franco apresenta nova ação afirmativa para comunidades quilombolas e carentes do país

Da esquerda para direta: embaixadora Linda Thomas-Greenfield, ministra Anielle Franco e Desirée Cormier Smith, representante da Equidade Racial dos Estados Unidos
Da esquerda para direta: embaixadora Linda Thomas-Greenfield, ministra Anielle Franco e Desirée Cormier Smith, representante da Equidade Racial dos Estados Unidos |  Foto: Vinicius Rebouças

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, e a embaixadora Linda Thomas-Greenfield, representante do governo Biden na Organização das Nações Unidas (ONU), anunciaram a retomada do Plano de Ação Conjunta Brasil-Estados Unidos para Eliminar a Discriminação Racial e Étnica e Promover a Igualdade (JAPER), hoje (3), na Casa do Carnaval, Centro Histórico de Salvador.

"Japer tem eixos centrais e dentro desses eixos vamos buscar combater o racismo. Vamos fazer isso de forma multilateral, evolvendo não só o Ministério da Igualdade, como outros ministérios, a ONU e o parceiro internacional, dando passos concretos para que a sociedade tenha um letramento racial", explicou Anielle.

A ministra disse ainda que esta pode ser uma ferramenta resposta para a onda conservadora que envolveu Brasil e Estados Unidos nos últimos anos. "E esperamos que venham outras (ferramentas). Mesmo entendendo que não é uma missão fácil, vamos continuar lutando para eliminar de uma vez o racismo no Brasil".

O Japer teve a primeira versão assinada entre Brasil e EUA em 2008, porém as ações foram descontinuadas em 2011. O programa prevê intercâmbios e trocas de experiências e boas práticas entre os dois países em diversas áreas como Educação, Saúde e Gestão Pública.

Um compromisso que, segundo a embaixadora Linda Thomas-Greenfield, é renovado em momento e lugar perfeitos. "Nos Estados Unidos dizemos não me matem, matem o racismo. Há 15 anos Condoleezza Rice assinou aqui na Bahia um documento que promovia um plano conjunto que prioriza o fim da violência étnica e a promoção da cultura e preservação da memória afrobrasileira, afroamericana e indígena. E estamos aqui para fazer acontecer novamente. É tudo o que nós podemos fazer para tornar nossa vida mais equitativa".

Entre as ações do parceria estão o apoio a talentos afro-brasileiros e afro-americanos, conectando faculdades e universidades historcamente negras sediadas nos dois países. "Serão oferecidos orientações e treinamento profissional para mulheres afrodescendentes na mídia e no jornalismo comunitário, promovendo a iniciativa 'Power Black Stras Rising', que orienta e financia startups e tecnologia", descreveu a embaixadora americana.

O programa terá ainda um financiamento de meio milhão de dólares para eliminar barreiras à inclusão de comunidades marginalizadas por meio da capacitação de lideranças da sociedade civil, além de criar redes comunitárias no Brasil.

Também será ofertado um curso de podcast para comunidades quilombolas, bolsas de estudos de inglês e subsídios para preservar línguas indígenas e tradições orais no Brasil.

Por que Salvador?

A escolha da capital baiana para o lançamento da retomada de Jasper tem significados especiais e convergentes para a ministra Anielle e a embaixadora Linda.

A norte-americana relembrou que a América possui a maior diaspora africana do mundo e o Brasil tem a maior entre esses países. "Assim como nos Estados Unidos, aqui há uma cultura enraizada de racismo. E por isso estou em Salvador, porque esta cidade representa um dos maiores erros do racismo na história. Foi o maior porto de comércio escravagista do mundo. E hoje temos arte, dança, culinária e muita cultura de raíz negra. Não por acaso. É uma mostra da evolução dos tempos".

Já a ministra, que completou hoje 39 anos, se mostrou contente em vir à capital baiana tanto pelo aniversário quanto pelo resgate à memória da irmã, a vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco, cujo assassinato segue sem solução. "O Carnaval daqui foi o último que passei com ela e essa memória é muito especial", revelou.

"Acho que é muito histórico o que fazemos hoje. Eu sou fruto de ações afirmativas. Morei nos Estados Unidos, jogando vôlei, estudando, e hoje retorno ao meu país para participar de uma nova ação que irá ajudar outras pessoas como me ajudou. Algo que só será possível pela mudança de governo", pontuou.

A decisão de reafirmar o compromisso entre os presidentes Joen Biden e Luiz Inácio Lula da Silva para promover a equidade para as comunidades raciais e étnicas marginalizadas veio após o Fórum Permanente da ONU sobre Questões Indígenas, realizado em abril.

Agenda da Ministra

Em fevereiro deste ano, Anielle Franco esteve nos Estados Unidos em comitiva presidencial. Na viagem, teve oportunidade de conversar com a representante especial do país para Equidade Racial e Justiça, Desirée Cormier Smith, onde ficou acordada esta visita da representação do país norte-americano ao Brasil.

Assim como Desirée esteve presente no lançamento do Japer aqui em Salvador, Anielle voltará à terra do Tio Sam em breve. "No próximo dia 30 estaremos no fórum nos Estados Unidos pautando e trazendo ao Brasil mais políticas de ações afirmativas", anunciou.

Agenda será o Fórum Permanente da ONU sobre Povos Afordescendentes entre os dias 30 de maio e 3 de junho.

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