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Mulheres no poder! - 04/01/2023, 21:16 - Cássio Moreira

Olha elas! Deputadas 'hablam muito' sobre espaço feminino na política

Apesar dos avanços, Lídice (PSB), Olívia Santana (PCdoB) e Ivoneide (PT) apontam desafios das mulheres na política local e nacional

Deputadas falam tudo sobre participação das mulheres na política
Deputadas falam tudo sobre participação das mulheres na política |  Foto: Reprodução/Instagram/Marcos Oliveira/Agência Senado/Divulgação/Alba

Embora a mulher tenha conquistado espaço na cena política nos últimos anos, a representação ainda é desproporcional e reflete a desigualdade de gênero que domina a sociedade.

Dos 39 presidentes da República, a única mulher a ocupar o cargo foi Dilma Rousseff (PT), alvo de um processo de impeachment, entre 2011 e 2016. No recorte local, Salvador teve apenas uma mulher prefeita. Lídice da Mata (PSB), que governou a capital baiana entre 1993 e 1996, também é a primeira e única mulher eleita para o Senado na Bahia, posto em que ficou de 2011 a 2018.

Em entrevista ao Portal Massa!, Lídice, hoje deputada federal, apontou os desafios da mulher para obter o tão desejado e necessário protagonismo político. Ela é uma das cinco mulheres eleitas para a Câmara Federal no estado nas eleições de outubro, das 39 cadeiras que a Bahia possui em Brasília. Além dela, foram coroadas Ivoneide Caetano (PT), Rogéria Santos (Republicanos), Alice Portugal (PCdoB) e Roberta Roma (PL).

“São muitos os desafios que as mulheres encontram na sua participação política. O próprio reconhecimento dos partidos, por isso que existe uma lei voltada especificamente para garantir fundos, um terço do fundo para as mulheres. Existe uma legislação que garante um terço do tempo de televisão, justamente para compensar aquilo que se impõe, que é a desigualdade e invisibilidade da mulher na sua participação política”, explicou a deputada federal, que ainda lamentou o fato de, 30 anos depois da sua vitória nas urnas, nenhuma outra mulher ter conseguido repetir o feito em Salvador.

“Como ex-prefeita de Salvador, eu lamento que tantos anos depois nós não tenhamos tido uma mulher eleita prefeita de Salvador, embora já tenhamos avançado em ter tido diversas candidatas mulheres, como foi o caso da última eleição, em 2020, quando tivemos Olívia e Denice candidatas”, disse Lídice, que continuou.

“Imagino que em breve nós possamos alcançar isso, mas as diferenças, os atrasos, as desigualdades para oportunidades de disputa política eleitoral, que vai desde o afastamento da mulher dos principais cargos de destaque, cargos de governo, nos sindicatos, nas estruturas das empresas particulares, ou seja, a mulher está na pirâmide social no Brasil, e isso impacta negativamente nas conquistas de espaços de poder que ela venha a conquistar. A Bahia elegeu cinco mulheres deputadas federais, foi a primeira vez que a gente tem cinco, o que revela que ainda é muito pequeno e vagaroso o nosso crescimento. Somos 39, cinco é muito pouco para significar representação das mulheres baianas, que tem uma participação política muito destacada. É preciso que os partidos possam estimular essa presença da mulher. Não apenas os partidos, mas todas as estruturas da sociedade possam se abrir para a participação da mulher, especialmente no mercado de trabalho, na produção, para que tenha condições salariais iguais, tenha condição de poder de renda assemelhado, para que tenha condição de se colocar como liderança no processo social”, finalizou a deputada.

Primeira mulher preta eleita deputada estadual na Bahia, Olívia Santana (PCdoB), atualmente no seu segundo mandato na Assembleia Legislativa (Alba), destaca a redução no número de cadeiras ocupadas por mulheres na Casa. A queda de dez para oito parlamentares do gênero feminino na Alba, contrasta com o que foi apresentado nas urnas, quando Ivana Bastos foi a candidata mais votada no estado, com 118.417 votos.

Olívia reconhece o avanço no debate sobre a participação da mulher nos lugares de poder, mas ressalta que menos de um terço da Casa será ocupado por mulheres (oito eleitas, mas dez que ocuparão espaços na legislatura 2023-2026).

“Na verdade, a gente teve avanço no debate mais amplo, para além da bolha do movimento feminista. Então, hoje a questão da mulher é um tema que está na ordem do dia. A violência contra as mulheres e a pauta do empoderamento. A gente tem um entendimento de que esse é um tema que cresce no debate da sociedade, mas a gente ainda tem resultados muito tímidos em relação ao progresso da nossa presença, por exemplo, nos espaços de poder. Aqui na Assembleia (Alba), nessa legislatura foram dez mulheres e 53 homens. A próxima legislatura diminuiu mais ainda, e a gente está vivendo uma contradição. A candidatura mais votada foi de uma mulher, que foi Ivana Bastos, nenhum homem conseguiu ter a votação que uma mulher teve. Eu fui a mais votada de toda a esquerda, mas infelizmente nós reduzimos o número de mulheres na Assembleia, embora a gente tenha crescido o voto nominal”, disse a deputada.

“É uma questão que nós vamos precisar continuar enfrentando. Ampliar a bancada feminina na Alba e na Câmara dos Deputados. Na Câmara eram três, agora são cinco. Crescer duas apenas é muito pouco, a gente precisa de muito mais. Então, a conclusão que chego é que é preciso persistir nessa agenda de empoderamento das mulheres, porque nós não vamos vencer o feminicídio, a violência contra a mulher sem garantirmos o fortalecimento político, de representação política institucional das mulheres. Essa é a agenda número um. Na medida que a gente consiga avançar, fazer as mulheres avançarem nos postos de representação política, nos cargos públicos e eletivos, a gente também vai ter uma situação mais próximas dos objetivos do milênio, que é chegar em 2030 com a igualdade de gênero nos espaços de representação. É um desafio grandioso, portanto não podemos dizer ‘não adianta, as mulheres não querem, a sociedade não vota em mulher’ não pode haver esse tipo de discurso. A gente conquistou as cotas de gênero, o financiamento, mas a gente precisa elevar a consciência dos dirigentes partidários e da população em geral de que é preciso votar em mulheres, promover mulheres, e em especial mulheres pretas, porque é sobre essas mulheres que o machismo incide de maneira mais violenta”, disse a parlamentar.

Além de Olívia, a Alba contará com Maria Del Carmen (PT), Soane Galvão (PSB), Fátima Nunes (PT), Fabíola Mansur (PSB), Neusa Cadore (PT), Ivana Bastos (PSD), Kátia Oliveira (União Brasil), Cláudia Oliveira (PSD) e Ludmilla Fiscina (PV).

Prestes a estrear na Câmara dos Deputados, Ivoneide Caetano, única deputada federal do PT baiano na próxima legislatura, enxerga o cenário como esperançoso e desafiador, e defendeu que as mulheres estão entendendo a importância da representação feminina nos espaços de poder. A deputada eleita ainda destacou o número expressivo de mulheres, 11 ao todo, nos ministérios do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Esperançoso e desafiador. As mulheres têm entendido e defendido a importância da representação feminina nos espaços políticos, prova disso foi o número histórico de mulheres nomeadas ministras pelo presidente Lula e a expressiva quantidade de mulheres Secretarias de Estado na Bahia; além das votações significativas que as mulheres tiveram nessa eleição, embora nem todas tenham conseguido o resultado esperado”, disse Ivoneide.

A petista ainda afirmou que o próximo desafio é trabalhar para incentivar a participação de mais mulheres nos espaços, começando pelas associações comunitárias. Em 2020, quando foi candidata a prefeita de Camaçari, Ivoneide obteve 52.569 votos (40,52%), ficando na segunda colocação.

“Agora o desafio é trabalhar para incentivar e apoiar mais mulheres a ocupar os espaços, a começar pelas associações de bairros e de categorias. Costumo dizer que quando uma mulher ocupa um espaço de decisão ela leva com ela outras mulheres e meu desafio é esse: apoiar e motivar mais mulheres a participarem da política, eleger vereadoras, vice-prefeitas e prefeitas pela Bahia, porque entendo que nós podemos estar onde quisermos. O desafio é grande, mas com diálogo e união podemos fazer com que as mulheres tenham cada vez mais voz na política”, pontuou Ivoneide.

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