No mês em que é celebrado o Dia da Consciência Negra, a falta de representatividade em cargos públicos em Salvador é motivo de críticas por parte da classe política.
De acordo com os dados do censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado em dezembro do ano passado, 49,1% da população soteropolitana se considera preta. A capital com maior proporção de pessoas negras no Brasil.
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Para o vereador Sílvio Humberto (PSB), o contexto histórico do país ainda reflete nos dias atuais.
“Se nós chegamos ao século XXI e essa pergunta [falta espaço para os pretos] se mantém, eu posso dizer que a saída do século XIX do chamado dia seguinte à abolição não trouxe igualdade de oportunidades”,
afirmou Sílvio em entrevista exclusiva ao Portal Massa!.
Mesmo com algumas pessoas negras ocupando cargos na política em Salvador, o edil não considera que seja uma vitória da classe. “Se você olha a cidade de Salvador, você é a maioria e não consegue chegar coletivamente, porque o fato de chegar um ou outro, é um problema quando a maioria não chega”, iniciou.
“Então se você ainda é uma exceção de que você deveria ser a regra, tem uma coisa que vai para além das condições obrigativas, como me disse, é o fato do racismo que estruturasse as relações sociais”, completou o vereador.
Racismo na política
Sílvio também considera que o grande ponto para que Salvador ainda tenha tido um prefeito negro é a forma que o ‘sistema’ se estrutura para chegar ao poder.
“Então o fato de até o momento a gente não ter um prefeito, uma prefeita negra nessa cidade, de uma forma muito resumida é como o racismo se estrutura nessas relações sociais e as relações do poder”, destacou.
Ele também ressaltou que as demandas precisam ser atendidas com mais qualidade para a maior parte dos soteropolitanos
“Quando você olha, por exemplo, para trazer as condições habilitárias, os serviços públicos que são oferecidos à população negra são aquém das suas necessidades”, lamentou Sílvio Humberto.