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Tão virados na zorra - 08/11/2022, 07:21 - Amanda Souza

Moradores 'pegam ar' com manifestação na Mouraria

manifestantes não aceitam resultado das eleições

Manifestantes se concentram em frente ao quartel da Mouraria
Manifestantes se concentram em frente ao quartel da Mouraria |  Foto: Olga Leiria/ Ag A Tarde

Após o final das eleições no último domingo (30), que definiu o candidato Luís Inácio Lula da Silva (PT) como o presidente eleito do Brasil, manifestações eclodiram em todo o Brasil por parte de eleitores que não aceitaram o resultado. Em Salvador, desde a última terça-feira (1), um grupo de pessoas está reunido em frente a Companhia de Comando da 6a Região Militar, na Mouraria, em protesto.

Essa iniciativa, no entanto, tem incomodado alguns dos moradores da região, que reclamam do barulho e do grande movimento provocado pelo tráfego intenso de carros e de pessoas que circulam pela região que, normalmente, é tranquila.

Um morador, que preferiu não se identificar, conta que tem pensado em se mudar do local em busca de paz. “É uma falta de respeito com os moradores do bairro. A gente não consegue assistir uma televisão, chega cansado do trabalho simplesmente não tem paz porque é um barulho ensurdecedor lá embaixo. Tem um mini trio com pessoas gritando ‘SOS Forças Armadas’", descreve o morador.

Ele ainda pontua o comportamento de alguns dos manifestantes. “Eles falam que são pacíficos, mas quem quiser que vá filmar lá embaixo pra ver se não vão tentar tirar, agredir verbalmente até. A gente tá sem paz, eu tô no meu limite emocional. Já conversei com o dono do prédio que provavelmente eu vou sair porque eu não quero viver isso, não sei por quanto tempo eles vão ficar aqui".

Ainda de acordo com esse morador, a rotina do bairro foi alterada pela presença dos manifestantes. “Simplesmente a gente perdeu nossas vidas, não temos paz que tínhamos antes de passear com os cachorros ali na praça. Eu não abro mais a minha janela e nem deixo o meu cachorro ficar na janela porque tenho medo de jogarem alguma coisa”, diz. “Você não consegue assistir, não consegue passear com o seu cachorro, ter privacidade ou estacionar um carro”.

A poluição sonora a qual o reclamante se refere são os discursos e orações entoadas pelo grupo com a força de um microfone um líder. “A noite por volta das 20h tem trio ligado, discursos, hinos”, diz. “São vários vizinhos reclamando das mesmas coisas: barulho, fedor de xixi e falta de vagas”, aponta.

Manifestação pede intervenção das forças armadas por discordância dos resultados das eleições

Apesar de incômodas para alguns dos moradores, o direito à livre manifestação é garantido pelo artigo 5o inciso XVI da Constituição Federal de 1988, que diz que “todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente”.

Apesar disso, as manifestações têm sido vistas como atos antidemocráticos já que ferem a própria constituição ao pedir por uma intervenção militar, atacando o Estado Democrático de Direito.

As manifestações estão acontecendo em todo o país e se concentram em frente a quartéis. Os presentes questionam a legitimidade do processo eleitoral, acusam fraude nas urnas e questionam a derrota do atual presidente, Jair Bolsonaro (PL).

Eles estão, em sua imensa maioria, trajados de verde e amarelo, carregam bandeiras, possuem rostos pintados e exaltam o patriotismo, dizendo estarem reunidos em defesa do Brasil, da liberdade e da família.

Equipe do Massa! é hostilizada por manifestantes na Mouraria

Após reclamações de moradores da região da Mouraria sobre os transtornos que a manifestação estaria causando no local, nossa equipe foi realizar a apuração in loco na tarde desta segunda-feira (7).

Para além do barulho e de certo caos provocado no trânsito local, a ação parecia civilizada e organizada, com um grupo de pessoas ocupando a praça em frente ao quartel. No entanto, a repórter e a fotógrafa do Massa! foram impedidas de dar seguimento à apuração após serem constrangidas e ofendidas por manifestantes que não permitiram a sua permanência no local.

A equipe foi agredida verbalmente e intimidada por alguns dos presentes, que questionavam a legitimidade e credibilidade do Grupo A TARDE na apuração e publicação de informações.

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