Nomeada como nova ministra dos Direitos Humanos na última semana, depois da demissão de Silvio Almeida, acusado de assédio, Macaé Evaristo comentou o caso em uma entrevista ao Poder360. Ela disse que as denúncias de importunação contra o ex-ministro só foram possíveis por que uma "mudança na cultural" facilitou que as pessoas tornassem os casos públicos.
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"Essa mudança está ligada ao conjunto da sociedade brasileira. O machismo, o patriarcalismo, não conseguir conviver com mulheres ocupando lugares de poder, repetindo condutas e comportamentos que, durante muitos anos no país, foram naturalizados. Era quase um pecado se a mulher falasse. Ao mesmo tempo que a gente lamenta esses episódios, eu também vejo como um movimento de que a gente não está admitindo mais esse tipo de prática", disse a ministra.
Do outro lado da moeda, Macaé defendeu o direito de defesa e sigilo dos acusados, mas ressaltando a necessidade de responsabilizar culpados após o processo jurídico. "Porque essas situações são muito humilhantes muitas vezes. Então, é importante que elas tenham esse direito à privacidade e ao sigilo. Mas também é importante que haja responsabilização. A gente não pode abrir mão disso", explicou.
Além das questões relacionadas ao caso de abuso psicológico e sexual, Macaé Evaristo ressaltou a importância do enfrentamento ao trabalho infantil, à violência sexual contra crianças e adolescentes. Além da segurança das crianças durante a crise climática.
"Talvez, um Plano Nacional de Direitos Humanos ou uma política que dê coesão às ações, porque, muitas vezes, elas ficam fragmentadas, e isso não encorpa a agenda. Minha preocupação no momento é essa", finalizou.