Lula lança Lei Paulo Gustavo em Salvador e promete revolução cultural

Orçamento da lei é o maior da história para a cultura no Brasil

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Lei Paulo Gustavo - 11/05/2023, 21:52 - Cássio Moreira

A Concha Acústica do Teatro Castro Alves (TCA), em Salvador, se tornou palco do lançamento da Lei Paulo Gustavo, que terá o R$ 3,8 bilhões de orçamento (o maior da história para o setor). O evento, que contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), aconteceu na noite desta quinta-feira (11).

Além de Lula, da ministra da Cultura, Margareth Menezes, e da presidente da Fundação Nacional de Artes (Funarte), Maria Marighella (PT), o momento contou com a presença do governador Jerônimo Rodrigues (PT), dos ministros Rui Costa (PT) e Simone Tebet (MDB), da primeira-dama Janja da Silva, e de importantes nomes da classe artística nacional. Ao todo, a Bahia terá um aporte cultural de R$ 286 milhões com a lei aprovada.

Parceria com Lula

O governador Jerônimo Rodrigues garantiu, em seu breve discurso, a reforma do TCA. Jero ainda aproveitou a ocasião para celebrar a parceria com Lula, e reafirmar o compromisso com sua origem para continuar com o modelo político adotado pelo grupo petista na Bahia.

“O Lula vai fazer o papel dele, elegemos ele para isso. Nós vamos, em cada canto do Brasil, em cada canto da Bahia, fortalecer, trazer de volta a cultura. Pode acreditar, Lula, estaremos juntos com você [...] O Wagner abriu as portas, iniciou uma Bahia nossa, o Rui deu continuidade, e vocês podem confiar, não vou abrir mão da minha origem indígena, do povo brasileiro”, disse Jerônimo.

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O Wagner abriu as portas, iniciou uma Bahia nossa, o Rui deu continuidade, e vocês podem confiar, não vou abrir mão da minha origem indígena, do povo brasileiro

Governador Jerônimo Rodrigues

Discurso de Lula

Lula, que mais cedo participou da discussão do Plano Plurianual Participativo (PPA), não falou apenas sobre cultura durante o seu discurso, e tratou os quatro anos de governo do seu antecessor no Planalto, Jair Bolsonaro (PL), como “uma praga de gafanhoto”. Ainda sobre o ex-presidente, Lula disse que a volta do país ao mapa da fome e o desmonte de setores como a educação e ciência, lhe motivaram para tentar um terceiro mandato nas eleições de outubro do ano passado.

Presidente e ministra Margareth Menezes sacramentam Lei Paulo Gustavo
Presidente e ministra Margareth Menezes sacramentam Lei Paulo Gustavo | Foto: Raphael Müller/AG. A TARDE

“Esse país tinha feito a maior revolução educacional, de investimento em ciência e tecnologia, universidades, ensino fundamental e escola técnica. Esse país chegou a ser a sexta economia do mundo. Mas parece que o destino nos jogou uma praga de gafanhoto, que em apenas quatro anos destruíram tudo que nós fizemos. Esse país gerou mulheres como essa que está desesperada (uma mulher se jogou aos pés de Lula em um pedido de socorro), e são 33 milhões de pessoas que voltaram a passar fome [...] Essa foi a razão pela qual eu voltei a me candidatar e voltei a ser presidente”, afirmou o presidente, que continuou.

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Parece que o destino nos jogou uma praga de gafanhoto, que em apenas quatro anos destruíram tudo que nós fizemos

Lula

“Voltei para a gente fazer mais e melhor. Voltei para a gente mostrar ao mundo que esse país não nasceu para ter uma parte da sua população analfabeta, que esse país não pode ver criança morrer de subnutrição [...] Esse país não pode assistir uma mulher no açougue, na fila do osso, porque não tem dinheiro para comprar 100 gramas de carne. Esse país vai mudar, e por isso que estou aqui. A gente precisa entender que o assassinato que essa gente fez com a cultura, é porque a cultura ajudava o povo a fazer a revolução que precisa fazer nesse país”, disparou.

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Voltei para a gente mostrar ao mundo que esse país não nasceu para ter uma parte da sua população analfabeta, que esse país não pode ver criança morrer de subnutrição

Lula

“Os ignorantes desse país precisam aprender que cultura não é pornografia, não é uma coisa menor. Cultura é o jeito da gente falar, comer, dançar, andar, cantar, pintar, é o jeito da gente fazer aquilo que a gente sabe fazer. Cultura significa emprego, milhões de oportunidade para gente que precisa comer, tomar café, almoçar e jantar. Portanto, os ignorantes fiquem sabendo que a cultura voltou nas mãos de uma mulher guerreira da Bahia para fazer a revolução cultural necessária”, completou o presidente.

Eletrobras e Bolsonaro

Lula ainda falou, durante o seu discurso, sobre a tentativa do governo federal de reverter a participação do Estado na Eletrobras, que teve sua privatização judicializada por determinação do ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa (PT). Mesmo sendo detentora de 43% das ações na empresa, o governo federal só 8% dos votos. O presidente ainda afirmou que o contrato de venda tem uma cláusula ‘pegadinha’, que prevê que para comprar novamente a antiga estatal, seria necessário desembolsar três vezes mais do que foi pago pelos compradores do setor privado.

Imagem ilustrativa da imagem Lula lança Lei Paulo Gustavo em Salvador e promete revolução cultural
Foto: Raphael Müller/AG. A TARDE

“Nós entramos na Justiça, por orientação do Rui Costa, entramos para readquirir o direito de termos importância política na administração da Eletrobras. A Eletrobras foi privatizada, mas o governo brasileiro tem 43% das ações. Nós temos direito de um voto com 43%. Ou seja: estamos brigando para que o governo brasileiro tenha a representação dos 43%. Na privatização foi feita uma bandidagem, que deve ser crime de lesa pátria. Eles venderam e lá no contrato está dizendo: se o governo brasileiro tentar tomar de volta a Eletrobras, a gente tem que pagar três vezes o preço que o privado ofereceu [...] O próprio governo fez uma lei prejudicando o governo, e nós vamos apurar, abrir processo, e vamos tentar provar a corrupção que houve nesse país para que o povo brasileiro saiba quem praticou”, afirmou Lula.

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Eles venderam e lá no contrato está dizendo: se o governo brasileiro tentar tomar de volta a Eletrobras, a gente tem que pagar três vezes o preço que o privado ofereceu

Lula

O presidente ainda voltou a citar Jair Bolsonaro (PL), e acusou o seu antecessor de corrupção ao falar da descoberta da casa no valor de U$ 8 milhões (dólares) de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-chefão do Planalto.

“Agora mesmo acabaram de descobrir uma casa de R$ 8 milhões do ajudante de ordens do Bolsonaro. Uma casa de U$ 8 milhões não é para o ajudante de ordens, é para o paladino da discórdia, da ignorância e do negacionismo. Por isso que a gente vai reconstruir esse país”, disparo o presidente.

Lula ainda fez um afago ao governador Jerônimo Rodrigues (PT), e prometeu um ‘pacotão’ para a Bahia, com a construção da ponte Salvador-Itaparica, e a chegada de uma montadora para ocupar o espaço deixado pela Ford em Camaçari.

“Já falei para o companheiro Jerônimo. Se prepare que nós vamos fazer essa ponte Salvador-Itaparica”, completou Lula.

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