O presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) avalia que a relação do governo Lula com o Parlamento não é tão boa assim, mas que promete trabalhar a favor das propostas econômicas apresentadas pelo Planalto. As declarações vem às vésperas de importantes votações de projetos no Congresso. De acordo com Lira, terá uma "guerra de narrativas" na CPMI dos Ataques Golpistas e projeta que outros políticos de direita não errarão tanto quanto Jair Bolsonaro (PL).
Em entrevista ao Globo, Lira também afirma que o ex-presida é melhor cabo eleitoral do que candidato. O deputado também critica a articulação política do atual governo e garante que não vai ‘sacanear’ o Planalto.
“Trabalho para dar tranquilidade ao Brasil. Poderia ter sido eleito presidente da Câmara sem o PT, mas aceitei o apoio e não vou sacanear o governo. Não vou trabalhar contra nem atuar deliberadamente para prejudicar. Mas o presidente da Câmara não é um agregado, ele é um parceiro. Então, vamos ajudar nas pautas, como no projeto do arcabouço fiscal. Tudo o que pudermos fazer para que o ambiente de negócios fique melhor, com menos juros e inflação, faremos. Depois teremos a reforma tributária. Essas são as metas até julho. Agora, em determinados temas não dá para retroceder. O Congresso foi eleito num viés totalmente diferente do Executivo. Existem as questões do governo como, por exemplo, as alterações no Marco do Saneamento por meio de decretos. O Congresso não aceita que uma lei seja alterada assim”, afirma.
Lira também avaliou a criação da CPMI, que antes tinha a resistência de criação por parte da base governista, mas acabou sendo aprovado.
“O governo tentou derrubar, mas se tornou inevitável depois do vídeo do Gonçalves Dias (ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional). A minha pergunta é o porquê deste vídeo não ter aparecido antes. Quem segurou as imagens e decretou sigilo? Como foi parar na mídia? Quem tinha acesso? Se foi o Gonçalves Dias, ele é o homem de confiança do Lula. Se foi o GSI, isto também precisará ser explicado. O governo também quer apurar quem estava por trás dos movimentos nos quartéis, quem financiou e o que era a minuta do golpe. Será uma guerra de narrativas. Mas garanto uma coisa: a pauta do plenário continuará sendo tocada normalmente.”, disse.
Questionado sobre o nome de Renan Calheiro para relator com o apoio do governo, Lira finalizou dizendo que “não tenho informação de ele querer nem sei dessa vontade do governo. Mas o senador Renan, caso queira ser presidente da CPMI, precisará de votos. Para ser relator, precisará construir um acordo. Não depende do governo”.