Ainda repercute, nesta quarta-feira (22), a cena em que um grupo de foliões do bloco 'As Muquiranas' encurrala uma mulher durante o desfile, no circuito Osmar, no Campo Grande, no início da noite da terça-feira (21). A vereadora de Salvador, Laina Crisóstomo (Psol), botou a boca no trombone e detonou o comportamento do bonde, em entrevista ao Portal MASSA!.
"Existe um processo cultural, histórico e estrutural do machismo e do patriarcado. Muitas pessoas vão dizer que eles se vestem de mulheres para homenagear mulheres. Não! Isso é também misoginia", afirmou Laina.
A vereadora também disse que não há homenagem às mulheres quando elas são alvos da violência e assédio dos foliões. "Não existe homenagem quando se veste de mulher e, ao mesmo tempo, agride mulheres. Existe ódio, proliferação de ódio. O mais surreal do vídeo e das situações que a gente vivencia, existe um componente muito forte eles nunca andam sozinhos, normalmente atacam de bonde. Isso faz com que as mulheres se sintam coagidas e desesperadas pra sair daquilo", disparou a vereadora.
Por fim, Laina, que já foi vítima de algo parecido dentro do bloco, fez um relato do episódio, além de cobrar ao poder público que as mulheres tenham maior segurança durante a folia momesca, sem repetição de momentos como o da terça. A vereadora ainda disse que tem pedido a saída do bloco das ruas.
"A postagem que a gente fez chegou a 20 mil visualizações, e se você olhar os comentários, eles são surreais. Mulheres que rejeitaram beijo e foram encurraladas na parede até que eles tocassem em partes íntimas. A gente está falando de todas as mulheres no Carnaval de Salvador, ou fogem do circuito que as Muquiranas passam para não sofrer com o machismo e assédio, mas também as mulheres que passam algum relato de violência, assédio, jato água. Eu já passei por isso, eles jogaram jato de água na minha bunda, e quando minha companheira foi questionar, arremessaram na cara dela até ela calar a boca", continuou.
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"Violência de ódio às mulheres. Desde 2018 a gente tem pedido um Carnaval sem Muquiranas, e esse é o debate que a gente fez. A procuradoria parlamentar da mulher e a Tamo Juntas estão com uma pesquisa aberta para fazer o debate sobre o assédio. Que o poder público entenda que é papel do governo e prefeitura garantir segurança para todas as pessoas que queiram sair na rua no Carnaval. O Carnaval não é só das Muquiranas", fechou a vereadora.
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