A denúncia da suposta extorsão praticada pelo senador Sérgio Moro (União Brasil) e pelo deputado federal Deltan Dallangnol (Podemos) citada pelo advogado Tacla Duran em depoimento está dando o que falar. O juiz Eduardo Appio, da 13ª Vara Federal de Curitiba e responsável pelos processos da Lava Jato, mandou ofício para que a Polícia Federal do Paraná instaure "urgente" um inquérito para apurar se realmente houve a prática.
Em audiência nesta segunda-feira (27), o réu por lavagem de dinheiro para a Odebrecht, Tacla duran, largou o doce ao falar sobre os parlamentares.
Segundo o advogado, Moro lhe pediu U$ 5 milhões (aproximadamente R$ 15 milhões) para que não fosse preso. Todas as acusações seriam referentes ao ano de 2016, quando a Lava Jato deflagrou a 48ª fase da operação.
Ele afirma ter pago cerca de U$ 613 mil (aproximadamente R$ 2,4 milhões) ao advogado Carlos Zucolotto Junior, ex-sócio de Rosângela Moro (União Brasil-SP) e amigo próximo de Moro.
Os pagamentos foram para obter facilidades durante a Operação Lava Jato. Ainda de acordo com Duran, todo esquema teria o aval do deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR), ex-coordenador da força-tarefa da operação.
Em outro trecho do depoimento, Duran disse que se recusou a pagar o restante do valor e, por isso, ele teria sido preso por Moro em novembro de 2016, em Madrid, na Espanha.
Moro e Dallagnol negaram as ações citadas. O senador disse que "não teme qualquer investigação" e afirmou que Tacla Duran fez "falsas acusações". O deputado afirmou, pelo Twitter, que o caso "é uma história falsa".
Devido ao foro privilegiado, Appio repassou a acusação para o Supremo Tribunal Federal (STF).
No ofício enviado ao superintendente regional da PF no Paraná, Rivaldo Venâncio, Appio diz:
"Encaminho cópia da referida audiência (notícia crime) para fins de instauração urgente de inquérito policial visando a apuração da prática, em tese, de crime de extorsão (alegadamente agentes políticos federais)".
Em resposta colocada no processo perto das 18h, Venâncio orienta que o magistrado repasse o caso "para análise de eventual acompanhamento ao STF".
O juiz, no mesmo ofício, cita o encaminhamento do pedido ao ministro da Justiça, Flávio Dino, da inclusão de Tacla Duran no programa federal de testemunhas.
De acordo com Appio, "a urgência da medida se dá em face de potencial risco de vida da testemunha a ser protegida, ante grande poderio econômico e político dos denunciados por Rodrigo Tacla Duran".