Em meio ao aumento desenfreado da violência no estado, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) descartou a possibilidade de uma intervenção federal na Bahia para conter o avanço das facções no estado. Em entrevista à imprensa, nesta segunda-feira (4), o gestor frisou que o governo "dá conta do recado".
"De forma nenhuma. Nós sempre trabalhamos com a perspectiva de dar conta do nosso recado. A prova disso é o que nós hoje fizemos na coletiva no COI, apresentando já resultados das investigações a respeito da morte da mãe Bernadete", iniciou Jerônimo, durante abertura da 9ª edição do Congresso Norte Nordeste de Secretarias Municipais de Saúde, que acontece no Centro de Convenções, em Salvador.
Na oportunidade, o chefe do Executivo baiano também enfatizou as apreensões realizadas pela Polícia Militar como um bom exemplo da atuação do Estado na guerra contra as facções. Nesta manhã, os moradores dos bairros de Alto das Pombas e do Calabar presenciaram um confronto entre os traficantes rivais.
"Nós hoje também demonstramos ao meio-dia o quanto foi forte a nossa apresentação, prendendo as pessoas responsáveis por aquele movimento pela manhã, mas também libertando os reféns e prendendo muito armamento", complementou.
A guerra entre traficantes rivais que iniciou na noite de domingo, 3, e perdurou a manhã desta segunda-feira, 4, ocasionou um intenso tiroteio entre policiais criminosos no bairro da Federação. Além disso, uma criança de 11 anos e um adolescente de 15 foram feitos de reféns no início desta tarde. Devido ao conflito, a Universidade Federal da Bahia (UFBA) paralisou as atividades nos campi de Ondina, Canela, São Lázaro e Federação.
Caso Mãe Bernadete
Durante entrevista à imprensa, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) ainda comentou sobre o caso de Mãe Bernadete, líder quilombola assassinada na noite do último 17 de agosto, dentro do próprio Quilombo Pitanga dos Palmares, em Simões Filho. Nesta segunda, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) anunciou a prisão de três suspeitos no envolvimento da morte da ialorixá.
"A primeira resposta é que nós, em 20 dias, já estamos representando resultados concretos. A gente, dentro em breve, com certeza, teremos novas respostas", resumiu.
Entre os presos estão o homem que foi responsável direto por assassinar a líder quilombola, o que guardava armas que teriam sido utilizadas no crime e outro que estava em posse do celular da vítima.
Após a morte da líder quilombola, o governo da Bahia determinou uma investigação rigorosa. Conforme detalhado pela Polícia Civil, foram realizadas 64 oitivas e cumpridas 19 medidas cautelares. Além dos três presos, a operação também terminou com duas armas apreendidas, uma calibre 9mm e outra 765. As armas apreendidas compatíveis aos projéteis encontrados no local do crime.
O governador também comentou a respeito do assassinato do filho de Mãe Bernadete, Binho, em 2017. Em conversa com o Portal A TARDE, ele afirmou que está tentando firmar uma parceria com a Polícia Federal (PF) para encontrar saídas a fim de poder ajudar na elucidação do caso. "Nós não estamos jogando responsabilidade para o governo federal. A gente quer continuar contribuindo para encontrar a saída e as respostas para o caso de Binho", salientou.
*Com informações de Bernardo Rêgo