Funcionários do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) em Feira de Santana ameaçam entrar em greve, após reclamações sobre as más condições de trabalho. Problemas vão desde ambulâncias quebradas, a falta de materiais básicos e até falta dos benefícios.
“A gente está sem condições de trabalho. Hoje falta insumos, que são os materiais de uso básico para o atendimento. A gente pode provar isso com o nosso checklist que a gente preenche todos os dias. Nós hoje temos déficit de todos os materiais, colar cervical, prancha, protetor lateral, que são materiais que mantêm a vida do paciente de uma forma regular, porque um paciente que tem um acidente e ele não tem a imobilização adequada por falta de material, ele pode ter um dano e esse dano pode vim a perdurar pelo resto da vida dele. Outra coisa, os desfibriladores externos que são utilizados na unidade básica, a maioria não estão funcionando, os que funcionam estão com as pás antigas que já não aderem ao tórax do paciente e no momento que é indicado o choque não é feito”, revelou a técnica em enfermagem, Monallisa de 39 anos em entrevista ao Portal Massa!, nesta terça-feira (19), na Câmara dos Vereadores.
Outro grande problemão que acontece na sede do Samu, é a falta de estrutura adequada, mesmo após um grande incêndio que destruiu os alojamentos, ainda não houve um reparo correto dos grandes danos causados. Sobrou até para as ambulâncias, que segundo informações apenas 4 estão em bom estado.
“Em janeiro do ano passado a base pegou fogo, ontem abriu um dos confortos, porém a base no geral continua em precariedade, paredes e o telhado só falta cair na cabeça da gente, as ambulâncias como já foram postadas alguns vídeos aí por populares, sem porta a abrir, sem extintor de oxigênio, e assim, antes de ser profissional a gente está pedindo como população, porque além da gente atender pessoas que a gente não conhece, a gente também atende nossos colegas, a gente atende as pessoas que estão no parlamento e a gente atende toda a população e a gente está literalmente sem condições de trabalho”.
As denúncias não param por aí, outra bronca dos profissionais, é a falta dos benefícios a qual eles tem direito, apesar do contato com a prefeitura a mais de dois anos, a situação segue sem uma definição. Pior para os condutores das ambulâncias que além de ter que lutar contra a precariedade dos automóveis, não são sequer reconhecidos na profissão em que atuam.
“Foi cortado um benefício desde a pandemia que a maioria das instituições deu um benefício aos profissionais da área de saúde e o nosso foi retirado. A gente tentou com a coordenação, a gente tentou com o prefeito, disseram que iam rever e até hoje, já vão quase dois anos e meio, a gente sem conseguir rever esse benefício. E tem também a questão dos condutores, que eles não têm a categoria deles reconhecida. Eles são contratados como motorista, fazem o serviço de condutores de emergência, porém não têm o reconhecimento da profissão”, disparou a enfermeira técnica.
A previsão dos profissionais é de que caso não tenham uma definição até o dia 28 de março, haverá uma greve geral em busca dos seus direitos, algo que pode impactar totalmente a vida de milhares de cidadãos de Feira de Santana.
Em nota, a prefeitura de Feira de Santana negou as acusações, alegando que as denúncias não procedem e que são feitas por apenas alguns funcionários e não se referem ao todo. Também negaram qualquer possibilidade de greve no sistema.
Confira nota na íntegra:
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) informa que não haverá descontinuidade na prestação do suporte especializado oferecido à população de Feira de Santana. Além de ser uma referência no segmento com a média de 90 assistências diárias, o SAMU é um serviço essencial que não pode ser paralisado.
A prestação de atendimento feita pelo SAMU é indispensável para salvar vidas. Sendo assim, é válido ressaltar que a fala de alguns funcionários não representa o todo. Somente neste ano, mais de 6.500 ocorrências foram atendidas. Na cidade, o serviço é disponibilizado 24h, por meio do número 192.
As ambulâncias do SAMU possuem respirador (ventilador mecânico), desfibrilador, cateteres e soros. Não há falta de materiais para realização das ações do serviço. Já o abastecimento de materiais do SAMU é feito regularmente, e caso haja necessidade, é efetuado um reabastecimento extra.
Em 2023, o SAMU obteve diversos investimentos como a aquisição de cinco novas ambulâncias, descentralização das bases e realização de processo seletivo para preenchimento de 238 vagas com quadro de reserva.
Em fevereiro, o serviço instalou uma nova base no Shopping Popular para garantir uma resposta mais ágil às demandas de emergência, considerando a concentração de pessoas e atividades na região comercial. Para este ano, também está previsto a aquisição de quatro novas ambulâncias, sendo uma de Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Vale destacar que a coordenação do SAMU sempre esteve à disposição para o diálogo com os profissionais.