As eleições de Salvador trouxeram um fator interessante para o pleito municipal: a presença de pelo menos uma mulher em todas as principais chapas. Embora isso seja, de fato, um avanço, o Brasil ainda precisa evoluir muito mais quando se trata de candidaturas femininas.
Ana Paula Matos (PDT) é a vice de Bruno Reis (União), Fabia Reys (PT) está na chapa de Geraldo Jr. (MDB), e Dona Myra (PSOL) forma candidatura ao lado de Kleber Rosa (PSOL).
Forma de atrair o eleitorado
Segundo o censo do IBGE realizado em 2022, 54,4% dos moradores de Salvador são mulheres, o que pode explicar a escolha por vices do gênero feminino como uma forma de atrair esse grande eleitorado.
Leia mais:
Toró na área! Domingo de eleições será de chuva em Salvador
Justiça proíbe SMT de fazer blitzes no dia da eleição em Feira
O candidato a prefeito de São Paulo, Pablo Marçal (PRTB), também seguiu essa linha de raciocínio ao escolher uma mulher como sua vice. No entanto, Antônia de Jesus tem sido pouco vista ao lado de Marçal e não recebe muito espaço para apresentar suas ideias. Na maioria das vezes, Antônia só aparece quando Marçal busca se promover ou angariar votos femininos, ao destacar que é o único candidato com uma mulher como vice na capital paulista.
Uso de recursos
Apesar do aspecto positivo do aumento da presença feminina nas eleições, outra motivação dos partidos para escolher mulheres como vices é o acesso a recursos como o Fundo Especial de Financiamento de Campanha e o Fundo Partidário, destinados a candidaturas femininas e de pessoas negras. Isso perpetua o homem como protagonista da candidatura.
Em Salvador, por exemplo, Eslane Paixão (UP) é a única candidata a prefeita, o que demonstra a ainda limitada presença de mulheres em candidaturas majoritárias, mesmo em uma cidade onde há mais mulheres do que homens.
Salvador elegeu apenas uma vez uma mulher como prefeita, Lídice da Mata, que governou de 1992 a 1996. Em 2020, Major Denice (PT) tentou, mas foi derrotada no primeiro turno pelo atual prefeito Bruno Reis (União).
Cota descumprida
Apesar da legislação garantir pelo menos 30% de candidaturas femininas, um levantamento da Câmara dos Deputados aponta que essa determinação foi descumprida em pelo menos 700 municípios este ano. Embora o número ainda seja alto, houve uma melhora em relação a 2020, quando 1.304 cidades não cumpriram o que é previsto por lei.