
Na última terça-feira (5), deputados e senadores da oposição aderiram a um protesto nos plenários do Senado e da Câmara, pedindo o impeachment do ministro Alexandre de Moraes e a inclusão na pauta do projeto de anistia para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023. Além disso, o chamado “pacote da paz” também inclui a proposta de emenda constitucional (PEC) que prevê o fim do foro privilegiado.
Leia Também:
Para entender um pouco mais sobre o que está rolando em Brasília, o Portal Massa! conversou com o deputado federal e vice-líder da oposição na Câmara, Capitão Alden (PL). O parlamentar garantiu que o protesto surtiu efeito e surpreendeu a base governista.
“Houve um grande movimento da bancada de oposição, que envolve não apenas o PL e o Partido Novo, mas também outros partidos. Isso fez com que o movimento ganhasse muita força. Eles não esperavam essa coalizão tão ampla, e nós fizemos algo histórico. Nos últimos anos, o Congresso nunca teve uma oposição, mesmo pequena, tão forte e tão barulhenta”, relatou Alden, que também explicou como foi a mobilização.
“Não se votou nada no plenário, não houve nenhuma comissão em funcionamento, a não ser aquelas em que tínhamos a presidência ou interesse direto para que funcionassem”, acrescentou.

O protesto não vai parar
Alden afirmou que a oposição prepara novas ofensivas a partir da próxima semana, com foco especial na aprovação do projeto de anistia. Os parlamentares pretendem, inclusive, convocar autoridades, por meio de comissões como a CREDN, para que expliquem a conduta do ministro Alexandre de Moraes durante os processos de condenação dos envolvidos no 8 de janeiro.
“Todos eles estão extremamente preocupados. Não querem, inclusive, serem atingidos com eventual retaliação dos Estados Unidos, especialmente com a Lei Magnitsky. Então, estão dispostos a colaborar, denunciar, apresentar provas do modus operandi de como Alexandre de Moraes atuava para, entre aspas, encontrar provas baseadas nas narrativas que apresentavam”, revelou.
O deputado bolsonarista também afirmou que muitas das ações de Moraes ocorreram sem o devido processo legal, com pessoas condenadas mesmo sem participação direta nos atos.
“Não houve participação do Ministério Público, não houve o devido processo legal, os advogados não tiveram acesso às informações e isso tudo, ao que parece, determinou quem seria processado ou não. Basearam-se em postagens de redes sociais, inclusive com uso de fotos e conteúdos antigos, de 2018, 2019, que nada tinham a ver com o 8 de janeiro”, enfatizou.
Parasitas no bolsonarismo?
Para Capitão Alden, esse momento de protestos também serviu para expor o ‘joio do trigo’ entre os próprios bolsonaristas. Sem citar nomes, ele apontou que alguns deputados se aproveitaram da situação apenas para gerar conteúdo e ganhar visibilidade com seus eleitores.
“Enquanto a gente estava de madrugada ali ocupando o plenário da Câmara, você via alguns deputados que se dizem bolsonaristas chegando de manhã cedo. Depois que a gente passou a madrugada toda acampado, eles iam lá só pra gravar vídeo, dizendo que estavam lá desde o início, lutando. E os próprios colegas comentavam: ‘vocês vêm aqui só pra gravar vídeo dizendo que passou a madrugada com a gente, sendo que acabou de chegar?'”, desabafou Alden.
Decepção com Hugo Motta?
O parlamentar lembrou ainda que ele e outros deputados correram risco de ter o mandato suspenso por até seis meses, segundo alerta do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).
Capitão Alden também se disse decepcionado com Motta, que, segundo ele, assumiu prometendo diálogo com a oposição, mas agiu para conter o protesto.
“Isso gerou um movimento de desconfiança muito grande em relação ao Hugo Motta. Ele fala o tempo todo em diálogo e respeito às estratégias da oposição, como a obstrução, mas, ao mesmo tempo, tentou burlar esse processo. Isso gerou revolta entre muitos deputados”, finalizou.