Em um dia de depoimentos à Polícia Federal (PF) sobre as supostas articulações golpistas no final de 2022, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, optaram por colaborar com as investigações e responderam às perguntas dos agentes. Já o ex-presidente Jair Bolsonaro e quatro oficiais-generais permaneceram em silêncio.
Valdemar Costa Neto, que chegou à PF por volta das 10h30, deixou a sede da instituição por volta das 17h15. Segundo sua defesa, ele "respondeu todas as perguntas que lhe foram feitas", mas não quis fornecer detalhes sobre o conteúdo do depoimento.
Anderson Torres, que chegou à PF por volta das 11h, ainda prestava esclarecimentos aos investigadores no final da tarde. A defesa do ex-ministro já havia anunciado que ele não se silenciaria diante da PF.
Bolsonaro e generais em silêncio
Jair Bolsonaro, os generais Braga Netto, Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Almir Garnier optaram por não responder às perguntas da PF. As defesas alegaram não ter acesso à íntegra dos documentos apreendidos, como os anexos da delação do tenente-coronel Mauro Cid.
A defesa de Bolsonaro tentou adiar a data da oitiva por três vezes, mas os pedidos foram negados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O advogado de Bolsonaro, Paulo Bueno, disse que a defesa não teve acesso a todos os elementos das imputações contra o ex-presidente, o que motivou a opção pelo silêncio. Ele também negou que Bolsonaro tenha simpatia por movimentos golpistas.
Investigações
A PF investiga as tratativas por um golpe de Estado desde que encontrou na casa de Anderson Torres uma minuta de decreto para Bolsonaro instaurar estado de defesa na sede do TSE. A PF também investiga se Bolsonaro teve acesso a outras versões da minuta e se chegou a apresentar a proposta aos chefes militares.
Ex-ministros, ex-assessores, militares e aliados também foram intimados a prestar esclarecimentos à PF nesta quinta-feira. No total, 23 pessoas foram chamadas, sendo 13 em Brasília.