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Denúncia - 04/10/2024, 21:12 - Da Redação

Anielle Franco detalha importunações que sofreu de Silvio Almeida

Denúncias foram revelados em setembro, pelo portal Metrópoles

Ministra da Igualdade Racial prestou depoimento à Polícia Federal nesta quarta (2)
Ministra da Igualdade Racial prestou depoimento à Polícia Federal nesta quarta (2) |  Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, falou pela primeira vez após depor à polícia sobre os assédios e importunações que sofreu de Silvio Almeida, ex-ministro dos Direitos Humanos.

Em entrevista à Veja, Anielle detalhou os quase dois anos em que foi submetida a comentários sexistas e convites impertinentes, além de gestos grosseiros e toques indesejados e não consentidos.

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Durante seu desabafo, Anielle Franco reconheceu que ficou com “medo do descrédito, dos julgamentos, como se o que aconteceu fosse culpa nossa” e, por esse motivo, não denunciou o colega antes.

A chefe da pasta de Igualdade Racial revelou que o ponto mais alto das investidas de Almeida aconteceu durante uma reunião, quando ele tentou um contato físico mais íntimo e a indignou.

Na ocasião, Anielle o teria chamado para conversar e revelar seu incômodo, ouvindo dele que a prática não se repetiria, além de um pedido de desculpas. Porém, ao se despedir, Silvio sussurrou uma frase chula no ouvido dela.

“A gente está falando de um conjunto de atos inadequados e violentos, sem consentimento e reciprocidade, que, infelizmente, mulheres do mundo inteiro vivenciam diariamente”, disse Anielle, deixando claro que foi vítima de importunação sexual.

A ministra afirmou ainda que “é muito difícil falar sobre isso” e “ninguém se sente à vontade para relatar uma violência”.

“Apesar da dor, da violência e da decepção, falei todo o necessário nas instâncias devidas, conforme me comprometi a fazer. Publicamente não quero entrar em detalhes, para preservar as investigações em curso e também porque não quero repetir, repetir e repetir a violência. Traumas não são entretenimento”, falou.

Violências e denúncias
Anielle Franco relatou que conhecia Silvio Almeida apenas pela trajetória profissional do advogado e professor e não tinha nenhuma relação profissional com ele até a transição do governo, em dezembro de 2022. Segundo a ministra, as atitudes inconvenientes iniciaram justamente nessa época.

“Por um tempo, quis acreditar que estava enganada, que não era real, até entender e cair a ficha sobre o que estava acontecendo. Fiquei sem dormir várias noites. Eu só queria trabalhar, focar na missão, no propósito e em toda a responsabilidade que se tem quando se assume um cargo como o meu. Mas não conseguia”, contou.

“Fico me perguntando o tempo todo por que não reagi na hora, por que não denunciei imediatamente, por que fiquei paralisada. Me culpei muito pela falta de reação imediata, e essas dúvidas ficaram me assombrando”, disse Anielle Franco, revelando que, apesar dessa sensação, não tem arrependimentos.

Vulnerabilidade
Durante a entrevista, a titular da pasta de Igualdade Racial revelou que se sentiu vulnerável por se sentir questionada e pressionada, principalmente quando as denúncias se tornaram públicas. Ela compartilhou que ficou em silêncio “porque tudo aquilo era muito violento”.

“Sei que vivemos nesse mundo de internet, em que tudo é muito rápido e todo mundo quer saber de tudo, mas nenhuma vítima, de qualquer tipo de violência que seja, tem a obrigação de se expor, falar quando as pessoas querem que ela fale”, se abriu.

“As vítimas têm de falar na hora em que elas se sentirem confortáveis. Vou repetir isso quantas vezes for necessário: vítima é vítima. Você fala quando se sente apta e acolhida a falar”, finalizou.

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