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Atentado a faca - 28/10/2022, 18:00 - Rafael tiago

ACM Neto despertou ira dos baianos ao se dar 91% de reajuste salarial

Eleito deputado em 2006, Neto votou a favor de super reajuste e acabou levando facada de pensionista desesperada vinda de Ipiaú

A pensionista Rita de Cássia ficou revoltada com atitudes de ACM Neto
A pensionista Rita de Cássia ficou revoltada com atitudes de ACM Neto |  Foto: Montagem Reprodução

Lembrar de ‘bate-pronto’ o que aconteceu há 16 anos não é das missões mais fáceis. Mas se tem alguém que provavelmente não vai titubear ao ser perguntado sobre o que vem primeiramente à mente ao pensar no ano de 2006 é ACM Neto. No citado ano, o agora candidato a governador da Bahia foi eleito deputado federal, mas levou duros golpes e, inclusive sentiu na pele a ira dos baianos. Além de ver seus aliados serem derrotados nas disputas para o governo do estado e para o Senado, ainda votou a favor do reajuste de 91% para os parlamentares e foi esfaqueado por uma trabalhadora revoltada com a situação.

No dia 18 de dezembro de 2006, Rita de Cássia Sampaio de Souza, de 45 anos, utilizou uma peixeira de 40 centímetros para esfaquear o então deputado ACM Neto, que estava acompanhado do seu assessor parlamentar, Bruno Reis, atualmente prefeito de Salvador. Neto foi levado para o Hospital da Bahia e precisou levar três pontos.

Ao ser presa, Rita contou indignada o motivo da agressão. "O deputado não fez nada para liberar o meu dinheiro, mas apoia o aumento para os parlamentares, esta vergonha em um país de tantas vergonhas", disse a pensionista na época.

Ao votar a favor e ajudar a aprovar o reajuste de 91% para os parlamentares, Neto causou a revolta de dona Rita e de muitas outras pessoas.

Moradora de Ipiaú (a 355 km de Salvador), Rita de Cássia estava na capital baiana desde a sexta-feira da semana da facada, hospedada na casa de uma amiga. No dia do atentado, de acordo com o delegado Wilson Gomes, da 16ª DP, ela chegou às 9h ao prédio onde fica o escritório do deputado e ficou à espera dele.

"Aparentemente, ela premeditou tudo. Esperou o deputado descer do escritório e o atacou com uma peixeira", disse o delegado Gomes, que completou: "Ela parecia surtada".

O delegado Wilson Gomes disse que Rita de Cássia apresentou "desequilíbrio emocional" em seu depoimento. "Mas quando ela falou sobre o aumento dos deputados apresentou muita convicção e segurança", avaliou.

Imagem ilustrativa da imagem ACM Neto despertou ira dos baianos ao se dar 91% de reajuste salarial
Foto: Montagem Reprodução

Derrota do Carlismo na Bahia

Quase 16 anos depois, essa data e os fatos que ocorreram nas eleições daquele ano estão ligadas ao pleito de 2022, mais até do que as pessoas podem imaginar.

Candidato ao governo da Bahia, ACM Neto pode sofrer um enorme baque no próximo domingo (30). Mas, se engana quem pensa que é a primeira vez: em 2006, o ex-prefeito de Salvador teve um 'ano de cão', que nem alfazema ou banho de pipoca resolveria.

Nas eleições daquele ano, Neto foi o deputado federal mais votado na Bahia, com mais de 400 mil votos. Filiado ao finado PFL, que virou DEM e agora se chama União Brasil - ufa, quantas mudanças, parece até que quer deixar algo no passado - esse talvez tenha sido um dos poucos motivos para o "Carlismo" comemorar naquele ano.

Naquele pleito, Paulo Souto, que era o atual governador do estado, tentava o terceiro mandato no cargo, o segundo seguido. Seu adversário na época foi o petista Jaques Wagner, que trazia com ele a força do então presidente Lula, que também buscava se reeleger.

As pesquisas apontavam Souto como favorito no pleito, entretanto, de forma surpreendente, Wagner não só venceu o candidato apoiado por Neto, como fez isso no primeiro turno, com 52% dos votos. Eu sei, você está com a sensação de que esse filme se repetiu nos últimos anos e pode se repetir agora.

Mas nem só de governador se vive uma eleição, não é mesmo? E a turma de Neto poderia lançar um 'tanto faz, quem sabe não ganhamos no Senado'. É, não ganhou. Seu candidato ao Senado também ficou pelo caminho. Rodolpho Tourinho (PFL) foi derrotado por João Durval (PDT) que teve apoio indireto do PT na época.

Em 2022, a história parece estar percorrendo caminho bem parecido. A maioria das pesquisas apontavam Neto como amplo favorito, nadando a braçadas para conquistar o reino da Bahia, como o candidato afirma ter se preparado a vida toda para comandar.

Porém, o favoritismo acabou mesmo se perdendo em algum lugar e Jerônimo Rodrigues, do PT, acabou surpreendendo, ou nem tanto, e vencendo no primeiro turno, se mantendo na liderança das pesquisas nesse segundo turno.

No Senado, não deu nem para competir. Otto levou com folga, aí sim, confirmando o favoritismo.

Anos depois, a 'facada' para Neto pode vir no domingo (30), se a previsão se manter e ele for derrotado nas urnas, fazendo com que 16 anos depois o político tenha mais um 'ano de cão'.

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