Já imaginou ter uma carreira na natação colocada em risco por conta de uma doença respiratória? Este foi o drama que o nadador baiano Breno Correia, de 25 anos, viveu. Mas isso não o impediu de seguir nas águas e o atleta, que acumula vários títulos, já está indo para sua segunda Olimpíada na carreira.
A saúde uniu ao esporte
A história de Breno Correia com a natação se iniciou ainda quando ele era criança. Dentre várias crises de rinite, sinusite e bronquite, o garoto ficava doente com muita frequência, e por recomendação médica, praticar algum esporte o ajudaria a garantir uma melhor imunidade.
“Cheguei a praticar futebol, judô, e também como um bom baiano, pratiquei capoeira. Por fim, a natação. Mas bom, não deu muito certo nos outros esportes, não é atoa que continuei na natação”, brincou o nadador em entrevista ao Portal MASSA!.
Breno foi apresentado às piscinas aos seis anos, quando começou a praticar o esporte no colégio que estudava, e foi assim até os nove anos. Criando paixão pelo esporte, ele deu um passo a mais, e passou a praticar natação na Associação Cultural e Esportiva Braskem (ACEB), antigo clube esportivo localizado em Salvador.
A partir daí, o atleta resolveu se federar para iniciar as competições pela natação. “Era uma coisa bem ‘light’, porque era treino de criança. Mas acabei me federando, falei: “Ah, vou competir”, e justamente a partir daí, passei a gostar da sensação de adrenalina de competição”, revelou, ao MASSA!.
Ainda criança, Breno e sua família precisaram deixar a cidade baiana, por conta do emprego do pai e, então, seguiram rumo a Vitória do Espírito Santo, onde passaram alguns meses, antes de se mudarem para o Rio de Janeiro.
Na cidade maravilhosa, o atleta treinou por clubes como Clube dos Aliados, federado junto ao Vasco da Gama, Tijuca Tênis Clube, e também pelo Flamengo, onde se tornou, pela primeira vez, em 2014, campeão brasileiro de natação.
Deixar a natação quase foi uma opção
Com 15 anos de idade, o atleta sofreu uma recaída nas doenças respiratórias, que interferiu diretamente no rendimento dele nas águas. Vivendo à base de antibióticos, Breno encarou de perto a possibilidade de deixar a natação, por conta de sua saúde.
“Meus pais queriam que eu parasse de nadar, porque viram o filho dele doente direto, e obviamente isso machuca os pais. Então falaram: ‘o Breno precisa parar de nadar, ele tá ficando doente direto, tá sendo muito desgastante pra ele tomar antibióticos, é pesado para o intestino, pro organismo. Nisso, eles conversaram com o Flamengo, e o clube não concordou em me deixar parar de nadar, e nos indicou uma médica, a doutora Yara Fiks”, detalhou o jovem nadador.
O veredito da doutora foi essencial, para fazer com que os pais do atleta, Zigomar e Cássia, mudassem de ideia. “A doutora ficou indignada com isso, e falou que tinha tratamento para meu diagnóstico. Então, descobri que tinha broncoespasmo induzido por exercícios, que justamente ataca quando se faz esforço físico. Desde o diagnóstico, eu passei a fazer o uso da medicação, através da ‘bombinha’ de asma”, revelou.
Desde aquele dia do diagnóstico, Breno precisou aprender a lidar com os cuidados com a doença respiratória, e as medicações que são administradas antes dos treinos e competições têm ajudado o atleta a ter bons resultados nas águas. “A medicação continuo até hoje, mas é bem tranquilo administrar, é algo totalmente controlável. Mas quando iniciei com a medicação, foi uma diferença tremenda ao nadar com o uso da bombinha”, esclareceu.
O que muda entre uma Olimpíada e outra?
Atualmente atleta do Esporte Clube Pinheiros, em São Paulo, ao longo dos mais de dez anos de carreira, Breno conquistou grandes títulos, representando muito bem o Brasil e a Bahia. A próxima competição é o sonho de qualquer atleta e o baiano já está marcando presença pela segunda vez: os Jogos Olímpicos.
A emoção de competir pela primeira vez em uma Olimpíada é única, e toda vivência adquirida, se torna experiência para a próxima. “Meu último ciclo olímpico era um ciclo que era promissor e eu consegui justamente corresponder às expectativas dos profissionais, das pessoas que torceram e também, e cheguei no time olímpico. Agora eu tô bem mais cascudo [forte], bem mais vivido, bem mais inteligente”, revelou.
Fazendo um retrospecto de títulos e competições, Breno esclareceu que já cumpriu muitos dos seus objetivos, um dos principais, era se tornar atleta olímpico. “Já consegui cumprir muito dos meus objetivos de me tornar um atleta olímpico, ganhar medalha mundial, ganhar medalha do Pan-Americano. Me tornei o maior medalhista brasileiro masculino no Pan de 2019, cheguei em final olímpica em Tóquio”, lembrou.
Mesmo com a bagagem cheia de títulos e experiências, Breno vai para sua segunda edição de Jogos Olímpicos com os pés no chão, em busca de se tornar medalhista olímpico pela primeira vez.
“As expectativas, com certeza, são sempre as melhores, né? Então, estando aí de qualquer forma, mesmo sendo uma prova só, o objetivo é estar justamente em uma final, a gente sabe que é um revezamento hoje, no papel, a gente briga ali por final. Então, pode ser que fique em sétimo, oitavo lugar, pegue e entre na final. A gente sabe que em condições normais a gente briga por final, cada um está fazendo o seu trabalho do melhor jeito possível, cada um está fazendo a sua parte e esperamos aí com certeza buscar um resultado bem legal pro Brasil”, projetou.