Ao menos 820 pessoas morreram devido a um forte terremoto que atingiu o centro de Marrocos nesta sexta-feira (8) à noite, com epicentro próximo à cidade turística de Marrakech, informou o Ministério do Interior.
"Segundo um balanço preliminar, este terremoto causou a morte de 820 pessoas nas províncias e municípios de Al Haouz, Marrakech, Ouarzazate, Azilal, Chichaoua e Taroudant", informou o ministério em comunicado.
Outras 672 pessoas ficaram feridas e estão hospitalizadas, de acordo com a mesma fonte.
Vídeos publicados nas redes sociais e relatos de sobreviventes descrevem danos em Marrakech, 320 km ao sul de Rabat, e cenas de pânico, com moradores saindo de suas casas em busca de segurança ao ar livre.
O Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) informou que o terremoto teve magnitude 6,8 e ocorreu a uma profundidade de 18,5 km, com epicentro 71 km a sudoeste de Marrakech.
Os veículos de imprensa marroquinos relatam que este é o terremoto mais forte já registrado no reino no norte da África.
"Por volta das 23h00, sentimos uma sacudida muito forte, percebi que era um terremoto. Via os prédios se movendo. Não temos reflexos para esse tipo de situação. Depois, saí e havia muita gente do lado de fora", explicou Abdelhak el Amrani, um morador de 33 anos de Marrakech, em entrevista à AFP por telefone.
"As pessoas estavam em choque e pânico. As crianças choravam, os pais estavam desamparados", disse Amrani, que relatou uma queda na eletricidade e na conexão telefônica por cerca de 10 minutos.
De acordo com fontes médicas citadas pelo site de notícias Médias24, houve uma "afluência maciça" de feridos nos hospitais de Marrakech.
Em uma cidade na província de Al Hauz, uma família ficou presa sob os escombros após o desabamento de sua casa, conforme os relatos.
O tremor também foi sentido em cidades costeiras como a capital Rabat, Casablanca e Essaouira.
Vídeos gravados em Marrakech mostram moradores correndo para fora dos edifícios durante o terremoto, escombros caindo em vielas estreitas e carros cobertos de pedras.
Um minarete desabou sobre a famosa praça Jamaa el Fna, o coração de Marrakech, causando dois feridos.
"Gritos e choros"
Fayssal Badour, de 58 anos, estava voltando para casa quando o terremoto aconteceu. "Eu parei e percebi a catástrofe. Era muito sério (...) Os gritos e os choros eram insuportáveis", relatou.
"Não há muitos danos, mais pânico", disse um morador de Essaouira, a cerca de 200 km de Marrakech, em entrevista à AFP por telefone. "As pessoas estão nas praças, nos cafés, preferem dormir ao ar livre", acrescentou.
O terremoto também foi sentido em várias províncias do oeste da Argélia, o país vizinho, mas o departamento de defesa civil argelino descartou danos ou vítimas.
Marrocos está localizado em uma região propensa a terremotos devido à sua posição entre as placas tectônicas africana e euroasiática.
Em 2004, pelo menos 628 pessoas morreram e 926 ficaram feridas quando um terremoto atingiu Al Hoceima, no nordeste do país.
Em 1980, o terremoto em El Asnam, na vizinha Argélia, com magnitude 7,3, foi um dos terremotos mais destrutivos da história contemporânea. Deixou 2.500 mortos e pelo menos 300.000 pessoas desabrigadas.