O último mês de julho bateu a marca de mais quente já registrado na Terra, com 0,33 grau Celsius acima do recorde anterior. A informação foi anunciada nesta terça-feira (8), pelo observatório europeu Copernicus.
O mês passado também ficou marcado por ondas de calor e incêndios ao redor do mundo, com temperaturas médias na atmosfera 0,72ºC mais elevadas que as médias registradas para julho entre 1991 e 2020.
Segundo o secretário-geral da ONU, António Guterres, a humanidade saiu da era do aquecimento global e agora entrou na era da "ebulição global".
"Acabamos de testemunhar as temperaturas globais do ar e as temperaturas globais da superfície dos oceanos estabelecendo novos recordes históricos. Os recordes têm consequências terríveis para as pessoas e para o planeta, que estão expostos a eventos extremos cada vez mais frequentes e intensos", afirmou Samantha Burgess, vice-diretora do serviço europeu Copernicus sobre Mudanças Climáticas (C3S).
Os sinais do aquecimento global provocado pela influência humana - principalmente pelo uso de combustíveis fósseis (carvão, petróleo, gás) - foram registrados simultaneamente em todo o planeta.
A Grécia sofreu grandes incêndios, assim como o Canadá, que também teve inundações. As ondas de calor sucessivas no sul da Europa, norte da África, sul dos Estados Unidos e alguns lugares da China também provocaram vários danos.
Os oceanos também são afetados pelo fenômeno preocupante: as temperaturas registradas na superfície do mar estão muito altas desde abril e os níveis registrados em julho não têm precedentes.
O recorde absoluto foi batido em 30 de julho, com 20,96°C. Durante todo o mês, a temperatura na superfície do mar ficou 0,51°C acima da média (1991-2020).
A rede científica 'World Weather Attribution' (WWA) concluiu que as recentes ondas de calor na Europa e nos Estados Unidos teriam sido "praticamente impossíveis" sem o efeito da atividade humana.
O observatório Copernicus também indica que gelo marinho antártico atingiu o menor nível para um mês de julho desde o início das observações por satélite, 15% abaixo da média do mês.
Alerta
"2023 é o terceiro ano mais quente - até o momento, 0,43°C acima da média recente - e uma temperatura média global em julho 1,5°C acima dos níveis pré-industriais", acrescenta Samantha Burgess.
O resultado de 1,5°C é muito simbólico porque pé o limita mais ambicioso estabelecido pelo Acordo de Paris de 2015 para limitar o aquecimento global.
No entanto, o limite a que se refere este acordo internacional envolve médias de muitos anos e não de apenas um mês.
"Embora tudo isto seja apenas temporário, mostra a urgência de esforços ambiciosos para reduzir as emissões globais de gases de efeito estufa, que são a principal causa dos recordes", conclui Samantha Burgess.
E existe a possibilidade de que o ano de 2023 não tenha encerrado sua temporada de recordes.
"Para 2023 esperamos um final de ano relativamente quente com o desenvolvimento do fenômeno do El Niño", recorda o Copernicus. O fenômeno climático cíclico sobre o Pacífico é, de fato, sinônimo de aquecimento global adicional.