Para resgatar um pouco dos 32 anos da história da Fenagro, a reportagem foi ao Centro de Documentação e Memória (Cedoc) do Grupo A TARDE, que dispõe de vasta documentação sobre o evento. De 1988 a 1999, foram cinco os governadores responsáveis, entre outras autoridades, pela abertura da feira: Waldir Pires (1926- 2018); Antonio Carlos Magalhães (1927-2007); Antônio Imbassahy; César Borges; e Paulo Souto.
Em todos os anos, a feira agropecuária contou com ampla cobertura de A TARDE. Em 27 de novembro de 1988, um domingo, o jornal publicou, com direito a chamada na capa: "Governador abre hoje Festa da Agropecuária". Além de Waldir Pires, participaram do ato o então presidente da Associação Baiana de Criadores (Abac), Nivaldo Almeida, e o ministro da Agricultura, Íris Rezende. A solenidade contou com espetáculo de paraquedismo, a cargo de brigada da Força Aérea Brasileira, e apresentação do Balé Popular de Recife, além do desfile de animais
A festa seguiu até 4 de dezembro, simultaneamente com a V Exposição Nacional de Animais, a XXXVII Exposição Estadual de Animais e Produtos Derivados, a VII Exposição Nacional de Caprinos, II Exposição Nacional de Caprinos e a I Feira de Máquinas e Equipamentos Agroindustriais.
Na ocasião, o governador exaltou a posição de destaque da Bahia na pecuária bovina, detentora do sétimo maior rebanho do País, estimado à época em sete milhões de cabeças, além da criação de caprinos no estado (3,6 milhões) – "ainda mais lisonjeira", registrou ele.
Em todas as edições do Jornal A TARDE em que a Fenagro foi notícia, as imagens publicadas destacaram aspectos importantes e também curiosidade da maior feira agropecuária do Norte-Nordeste.
No dia seguinte, 28 de novembro de 1988, uma segunda-feira, o jornal noticiou que, entre as atrações, os destaques eram os brinquedos, incluindo pista de minibuggies, para o público infantil, e as "barracas de comes e bebes e ala de touro mecânico" para os adultos.
Houve também shows de Chitãozinho & Xororó, Geraldo Azevedo, Banda de Pífanos e de lambada, com a banda São Francisco. A expectativa era de movimentar Cz$ 250 milhões (à época, a moeda era o cruzado). O evento contou com a presença dos presidentes do Banco do Brasil, Banco do Nordeste e Caixa Econômica Federal.
Em 1991, com Antonio Carlos Magalhães à frente do Executivo estadual, a Fenagro foi aberta em 24 de novembro. A novidade foi a presença de 23 criadores norte-americanos, a fim de "conhecer a qualidade dos animais criados no Brasil, especialmente na Bahia, (com) algumas raças inexistentes nos EUA", disse texto publicado em A TARDE, informando que o estado detinha o "terceiro maior rebanho bovino do Brasil".
Em 1994, a primeira matéria sobre o evento informou que a feira contaria com "4,2 mil animais, de 36 raças diferentes", 400 criadores e expectativa de movimentar R$ 5 milhões. Destaque para três bois que, somados, pesavam quase quatro toneladas: a foto de ‘Galileo’ (da raça chianina), com 1.410 kg, de Tatuí, no interior de São Paulo, ilustrou a página. O governador, à época, era Antônio Imbassahy, e o rebanho era estimado em 14 milhões de cabeças (75% de gado nelore ou anelorado), com a Bahia ocupando a quinta posição no ranking nacional.
Naquela edição, a Escola de Medicina Veterinária da Universidade Federal da Bahia (Ufba) teve participação destacada. Treze veterinários acompanhados por pesquisadores comandados pelo diretor da escola, Luciano Figueiredo, deram assistência ao evento, além de realizar uma série de cursos e palestras para tratadores, criadores e interessados. Um dos cursos foi oferecido somente para mulheres, que aprenderam a produzir queijos finos, informou o texto.
Crescimento e superação
No ano seguinte, em 1995, a Fenagro foi destaque com a participação de "4 mil animais de 35 raças". No dia 1º de dezembro de 1996, em matéria intitulada "Fenagro começa hoje com espetáculo inédito", A TARDE anunciou um espetáculo de "rara beleza", que seria realizado pelos Dragões da Independência.
A guarda oficial da Presidência da República faria a apresentação com 54 cavaleiros e 78 integrantes da banda, trajados com o uniforme da Guarda Imperial, ocasião em que fariam dois tipos de desfiles: a "reprise de saltos para cavalos", cujos obstáculos são formados por homens, e o "carrossel militar", uma série de evoluções nas três andaduras do cavalo (passo, trote e galope). A cerimônia foi organizada para homenagear chefes de Estado presentes no evento, aberto pelo então governador Paulo Souto e pelo secretário estadual da Agricultura, Pedro Barbosa.
A expectativa na 11ª edição, em 1998, era gerar negócios de R$ 14 milhões, mas o balanço final indicou movimentação de R$ 20 milhões, informou a reportagem publicada no dia 29 de novembro. A abertura ficou a cargo do governador César Borges, para quem a Fenagro mostrava "ao Brasil a capacidade da Bahia no setor agropecuário". Cerca de seis mil animais de pequeno e grande portes participaram da mostra.
Em 28 de novembro de 1999, uma reportagem assinada pelo jornalista Levi Vasconcelos anunciou que a Fenagro tinha crescido, com a participação de seis mil animais. A feira inaugurou, naquele ano, uma ação beneficente, com ingressos trocados por 1 kg de alimento não perecível. Os itens foram destinados à campanha Natal sem Fome. A Fenagro 99 contou com shows das bandas Paralamas do Sucesso, Titãs e Cheiro de Amor.
A internacionalização também ocorreu, com a participação de animais de criação exóticos, como o camelo, "forte no Egito e norte da África, e a lhama, natural dos países andinos Argentina, Chile, Peru, Bolívia e Venezuela". Um dos destaques da edição foi o Red Angus, na época "o boi da moda", como diziam os produtores.
A partir dos anos 2000, a feira ganhou novos contornos, ampliou a grade de atrações e agregou novos serviços. Passou a contar com pavilhão institucional, no qual público e investidores encontram bancos, universidades, secretarias de governo e outros órgãos ligados à agropecuária, além de área específica para apresentação de projetos, programas, tecnologias e outras ações, inclusive as voltadas para o desenvolvimento rural da Bahia.
A participação de duas secretarias estaduais permitiu o incentivo à atração de crianças e jovens ao evento: a de Educação (SEC), com oferta de ações educativas para grupos escolares; e a de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), com mostras tecnológicas. O envolvimento da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA) possibilitou capacitação, com apoio multidisciplinar ao pequeno e médio produtor.
As parcerias com empresas privadas têm viabilizado, nos anos mais recentes da Fenagro, a oferta de novas atrações, a exemplo da apresentação de réplicas de ambientes produtivos – biocombustíveis, energia alternativa e outros.
Um marco da edição de 2019 foi a comemoração dos dez anos da Feira Baiana da Agricultura Familiar e Economia Solidária (Febafes), que se notabiliza pela riqueza e diversidade dos produtos rurais.