Ansiosos para expor seus produtos pela primeira vez na Feira Nacional de Agropecuária da Bahia (Fenagro), agricultores e produtores familiares enxergam nesta edição, a oportunidade de posicionar os seus produtos pensando no próximo ano. Juntos, eles carregam histórias e uma baita responsabilidade de carregar o legado familiar.
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Rosemary Farias de Miranda é uma dessas figuras marcantes. Aos 52 anos, ela saiu de Caldas do Jorro, a cerca de 3h30 de Salvador, só para expor pela primeira vez na Fenagro. Com suas variedades de chapéus, bolsas e sandálias de couro, que é tradição de família, a empreendedora conta que sua história com os produtos começou quando ainda era pequena, vendo o seu pai produzindo os materiais de couro.
“As sandálias de couro já vem de geração. Meu pai nos criou fazendo sandália de couro e ensinou a profissão pra todos nós. Quando eu nasci, meu pai já produzia. Como na Caldas do Jorro não tem indústria para gente que tá trabalhando, a gente se criou fazendo sandália de couro”, disse a produtora.
Já adulta e no ramo da produção de couro, Rosemary não parou e começou a inovar os seus produtos. Quando soube do retorno da Fenagro, a artesã não perdeu a oportunidade de participar.
“Eu estou com uma expectativa muito grande. Inclusive, já mandei buscar até mais coisas (risos). Comecei a expor no sábado, que foi light. O pessoal vinha, olhava, perguntava. Mas não foi lá muita coisa, porque geralmente o primeiro dia é assim, mas no domingo foi porreta. Pra mim foi maravilhoso aqui. Até dia 8 tem muita coisa pra acontecer”, completou.
Mel diferentão
No mesmo estande, é possível visualizar de longe uma banca com potes que chegam a brilhar no sol. O doce mais querido, que é disputado por humanos e abelhas. Uma coisa, porém, chama a atenção: a variedade dos sabores que Neide Alves de Moraes e João Carlos conseguem dar a esse produto. Juntos, eles são responsáveis pelo Néctar da Caatinga (nectar.dacaatinga) e viajaram cerca de 330 km para também expor na Fenagro.
As opções são muitas e diferentes. É impossível sair apenas com um pote. Os visitantes podem escolher desde mel com pimenta, para usar em carnes até mel com manga, mel com cúrcuma e mel com mostarda para usar em saladas. Tudo produzido pelo casal, desde a criação de abelhas à produção do alimento.
Para fortalecer diversas cadeias produtivas, Neide faz questão de se unir a outras comunidades. Do pote de vidro, usado pensando para evitar contaminações, da colherzinha de pau que acompanha o pote de mel até o cordão retirado cuidadosamente de uma planta.
“Então esse projeto o acompanha nas comunidades onde tem rota da arara tanto o artesanato, quanto o alimento da Caatinga quando usamos a nossa manga. Nosso objetivo é aproveitar o nosso alimento que a gente tem. O alecrim que é da caatinga. Valorizando o nosso bioma tirando de forma consciente como a cúrcuma, também podendo ser usada como xarope medicinal. Não temos nada industrializado, nada de conservante, nada de sabor artificial”, explicou a apicultora.
Artesanato em madeira
Dona Agenilza Lopes exibe com orgulho as peças de artesanato em madeira que ela mesma buscou na mata e produziu. Há seis anos, essa é a sessão terapêutica da artesã, que constrói desde luminárias a chaveiros, com peças de madeira. O diferencial? A vida que dá em suas artes, que são dignas de um Museu do Louvre, em Paris.
“Vou na mata, busco e faço. Algumas coisas eu não consigo achar tão fácil, mas uns tipos de madeira, eu reciclo quando as pessoas jogam fora. Limpo, pinto e faço artes. Dizem que meu avô fazia. Às vezes, a arte já aparece feita da natureza, só faço pouca coisa”, destacou a artista ao exibir uma luminária com patinhas de gato que achou na mata.
Ela também pretende fazer valer a pena a viagem de 2h51 e até o dia 8 de dezembro, quer aumentar as vendas de suas artes. “Quero vender mais, estou adorando a feira, e sempre divulgo minhas artes”, continua a artesã.
Fenagro 2024
A Feira Nacional da Agropecuária (Fenagro) é um dos maiores eventos do agronegócio do Norte-Nordeste e um dos mais importantes do Brasil. A feira reúne produtores, empresas, instituições de pesquisa e desenvolvimento, além de um público de mais de 150 mil pessoas.