Maestro posicionado, cordas, madeiras, metais e percussão alinhadas, é hora da Orquestra Sinfônica da Bahia (Osba) brilhar no palco da Concha Acústica do Teatro Castro Alves (TCA).
Na noite desta sexta-feira (10), não faltaram clássicos no repertório do grupo. Não de nomes aos quais normalmente se associam a ele: Beethoven, Mozart, Bach, Chopin deram lugar a grandes sucessos dos não menos famosos Waldick Soriano, Reginaldo Rossi, João Gomes e Grelo durante o "Osbrega - Concerto do Amor".
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Sob regência do maestro Carlos Prazeres, e com participação dos cantores Almério e Mãeana, o projeto retornou depois de um hiato de dois anos. E o sucesso foi absoluto: a sessão desta sexta, que seria única, precisou ganhar uma data extra, neste sábado (11), após os ingressos esgotarem.
Com um público formado principalmente por pessoas com mais de 50 anos, o concerto lotou a Concha, mesmo debaixo de chuva. Para o regente, o sucesso da iniciativa especial vem da sensação de identificação do público com a própria Osba.
“A orquestra entrega para a sociedade uma missão de trocar com a sociedade e não de civilizar a sociedade. Muita gente entende orquestra com aquela máxima, nós vamos tocar música boa, para escutar aquilo que vocês escutam, para escutar o que nós estamos mostrando a vocês, que é mais evoluído. São coisas completamente diferentes, sabe? Você não vai comparar um quadro atual com os afrescos da capela Sistina em Roma. Não tem nada a ver uma coisa como essa”.
Prazeres disse que foi uma preocupação não estereotipar o brega, e sim homenageá-lo: “Ao fazer o Osbrega, a gente faz uma homenagem aos compositores que se dedicaram a falar de amor para toda a sociedade. E esse amor ele une desde o caminhoneiro até o mais alto CEO da maior empresa, porque todo mundo tem ciúmes, todo mundo já chorou por um amor não correspondido, todo mundo”.
Diversa, a setlist passou por canções românticas icônicas, justificando a alcunha de “Concerto do Amor”, como “Porque Brigamos”e “Porque Homem não Chora". Mas o brega também pode ser divertido e prova disso foi a performance de "Só Fé", que arrancou risadas do público. Também não faltou espaço para o considerado cult, com a ópera "Rusalka", do tcheco Antonín Dvorák.
Música para tocar o coração
E se a proposta era tocar o coração, a orquestra conseguiu. Entre cantos de sofrência e sorrisos, houve até quem chorou - pensando em amores passados talvez. “É para tocar o coração, e digo isso como um recém-divorciado”, brincou o maestro.
Mas pelo menos entre os músicos, o clima foi de descontração e irreverência, revelou a cantora Mãeana: “Foi divertido, um clima de amor total, é lindo de se viver”.
Outro convidado do concerto, o cantor recifense Almério afirmou que é libertador cantar brega em um ambiente de espetáculo. “É um convite também às pessoas que não têm acesso à música erudita a tocarem nesse lugar, a acessarem nesse lugar. E eu acho importante a nossa música romântica e brega, ela é muito importante”, disse.