Por Wiliam Falcão*
A Festa Literária Internacional do Pelourinho, mais conhecida como Flipelô, que está sendo realizada na capital baiana teve início no dia 1º de novembro e finalizará as atrações no próximo domingo (6).
A edição do evento tem como abordagem homenagear o legado do autor baiano Jorge Amado através de personagens que ilustram a Bahia.
Nesta quarta (2), a galera que aproveitou o feriado do Dia dos Finados e desceu 'em peso' para o centro de Salvador pôde presenciar diversas atrações culturais, entre elas o Espaço Infantil Mabel Veloso que foi palco de muita diversão e história para as crianças.
Em conversa com a equipe do MASSA!, a curadora do espaço, Ana Paula Carneiro relevou o real objetivo festival. “O Espaço Infantil da Flipelô é um espaço pensado para trazer escritores que contam as suas histórias. Então nesse espaço a gente tem uma confluência muito grande de várias escritoras e escritores baianos. Todos esses escritores trazem seus livros para comercializar e também estão ali no espaço fazendo a contação de história. A gente tem também a participação de alguns integrantes das bibliotecas comunitárias de Salvador.”, explicou.
Ela também aproveitou a oportunidade para deixar um recado aos responsáveis pelos jovens soteropolitanos. “A gente precisa garantir a democratização do acesso à leitura e estar o tempo todo oferecendo os livros para as crianças.”, concluiu.
No palco, várias histórias eram contadas para os pequeninos que estavam atentos a cada detalhe narrado. Dentre as tantas narrativas, uma chamou bastante atenção e emocionou a todos que estavam ao redor do palanque. A escritora Jaqueline Santos conta a história dos seus dois filhos por meio do livro “Ted e Tuly – A rotina de dois irmãos autistas”. Ela descobriu os sintomas recentemente durante a pandemia e a partir daí, resolveu inspirar outras famílias.
“Foi criado a partir da história dos meus dois filhos: Wesley e Walisson. Todos dois são crianças autistas e por amarmos literatura, amarmos histórias e conviver em bibliotecas percebemos que não tinha uma história contada sobre a nossa família. Sobre as crianças que são autistas e da periferia de Salvador. Então criar o livro foi trazer essa visibilidade tanto para a criança negra da periferia, mas uma criança que é autista, que tem uma deficiência e precisa ser falada, trabalhada, conversada nos diversos ambientes e espaço”, afirmou Jaqueline.
Para quem quiser ir até a região, a organização do espetáculo disponibiliza transporte gratuito na ação “Vá de Metrô para a Flipelô” todos os dias das 18h às 22h na estação Campo da Pólvora e também no Centro Histórico, na rua Padre Augustino Gomes. Os veículos saem do ponto de partida a cada 30 minutos.
Evento fortalece a cultura e o comércio na região
Os atrativos do Flipelô tem grande importância cultural e novos talentos são descobertos, como é o caso da oficina de reciclagem que foi realizada na Casa Kaê Erê, em parceria com a biblioteca comunitária do bairro de Valéria. “Nós fizemos uma ação em comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente, então nós pensamos o que iriamos fazer e convidamos dona Claudete, que é uma artesã da comunidade para fazer uma ação que abordasse sobre o tema.”, revelou José Antônio
Nascimento, coordenador da biblioteca de Valéria. Na oportunidade, o evento foi considerado um sucesso pelos organizadores que resolveram levar a oficina para a programação Flipelô.
Quem também comemora a festividade são os comerciantes do Pelourinho, que aproveitam o fluxo maior de pessoas pela calçada para aumentarem suas vendas. O comerciante Ricardo Mirando, que também é artista plástico na rota das artes da Festa Literária, vibra com a possibilidade de faturar um pouco mais. “Incorpora mais no pessoal o estilo literário, estimula as crianças, jovens e adultos para olhar as artes e movimenta todo o comércio aqui do Pelourinho”, avaliou.
*Sob a supervisão do editor Léo Santana