Os amantes de arte, cultura e artesanato já têm um compromisso marcado com a FENABA, que acontece na Arena Fonte Nova até este domingo (12). Durante o período, Salvador se tornará o berço da cultura popular baiana com a realização da 2ª edição do Festival Nacional de Artesanato da Bahia (FENABA). Sob o tema “Letras e Ritmos: A Sinfonia do Artesanato da Bahia”, o evento promete uma imersão completa na arte e na diversidade do Nordeste, reunindo mais de 500 artesãos de 17 estados brasileiros, além de grandes nomes da música como Geraldo Azevedo, Olodum, Mestrinho, Sued Nunes e Filhos de Jorge.
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A abertura para o público ocorreu nesta sexta-feira (9), às 15h, e foi marcada por grande movimento e pela palestra “Artesanato e Mercado: Construção de uma Marca”, ministrada pelo CEO Marco Aurélio Pucheiro. O momento reuniu diversos artesãos, que discutiram a importância de uma identidade de marca bem estruturada para fortalecer o trabalho artesanal. Paralelamente, aconteceram oficinas de tecelagem manual, arte criativa e sustentável, além de apresentações de capoeira e outras atividades que marcaram o início da programação do festival.
A solenidade oficial de abertura foi realizada à noite e contou com a presença do vice-governador Geraldo Júnior (MDB), da deputada federal Alice Portugal (PCdoB) e da deputada estadual Olívia Santana (PCdoB).
Gratuito e de cunho social, o festival convida o público a levar 1kg de alimento não perecível como ingresso solidário. A expectativa é de que milhares de visitantes passem pela Arena durante os quatro dias de programação, que inclui oficinas, painéis, homenagens e atividades voltadas ao público infantil e aos professores.
O evento é uma realização do Governo do Estado da Bahia, por meio da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre), e da Coordenação de Fomento ao Artesanato da Bahia (CFA). Segundo o secretário da Setre, Augusto Vasconcelos, o crescimento do festival, que dobrou de tamanho em relação à edição anterior, reflete o fortalecimento das políticas públicas voltadas para o setor.
“A nossa política pública de fomento ao artesanato tem se fortalecido em diálogo com os artesãos e artesãs. Construímos as rotas do artesanato, levando em consideração as características regionais de cada produção, e ampliamos investimentos em qualificação, assistência técnica e apoio à comercialização. Colocamos o artesanato da Bahia em locais antes inalcançáveis, como a São Paulo Fashion Week e a Lavage de Madeleine, em Paris”, afirmou Vasconcelos.
Para ele, o FENABA simboliza mais do que uma feira: representa o reconhecimento da criatividade e ancestralidade do povo baiano. “Cada peça do artesanato não é apenas um objeto. É parte da nossa cultura e da história que queremos continuar contando”, completou o secretário.
“A Bahia tem algo que ninguém tem”
O coordenador de Fomento ao Artesanato, Weslen Moreira, destacou o impacto econômico e cultural do festival, que movimentou cerca de R$ 2 milhões em vendas na edição anterior. “Este é um espaço de grande visibilidade para o artesanato do nosso estado. Temos aqui as 21 rotas do artesanato da Bahia, com representantes dos 27 territórios de identidade. A força e a pujança da cultura popular baiana são únicas”, ressaltou.
Moreira destacou que o artesanato baiano tem conquistado novos espaços, inclusive no design e na moda nacional. “Nosso desafio é mostrar que o lugar do artesanato não é apenas a feirinha, ele está no festival, na Casa Cor, na São Paulo Fashion Week. Queremos que o mundo veja a Bahia com os olhos da arte, da beleza e da sustentabilidade”, afirmou.
O coordenador também mencionou a importância da modernização do setor, com o incentivo ao uso de redes sociais e plataformas digitais para ampliar as vendas. “Em tempos de inteligência artificial, tudo é canal de renda. Estamos qualificando os artesãos para que usem o WhatsApp e o Instagram como ferramentas de negócio”, completou.
A organização preparou um espaço exclusivo para a exposição dos povos originários: o Caminho Ancestral, que reúne toda a arte e o conhecimento do Brasil “Pindorama” nome dado pelos povos Tupi-Guarani ao território que hoje corresponde ao país, antes da chegada dos colonizadores europeus. Entre os expositores, o festival conta com representantes de comunidades indígenas, quilombolas e rurais, que trazem suas expressões culturais e produtos sustentáveis. O líder do povo Tupinambá de Olivença, Jacarandá, destacou o papel do artesanato como forma de resistência cultural e ecológica.
“O artesanato fala da nossa luta, do cuidado com a Mata Atlântica e com a natureza. Cada colar, cada peça tem uma história. As sementes que usamos vêm da mata, e nós cuidamos para que ela continue viva”, afirmou o líder indígena.
Outro destaque é o artesão Sandro Sal da Terra, natural de Salvador, que transforma madeira de demolição em arte sustentável. “O público vai encontrar encantamento, porque essas obras são feitas com madeira do século XVIII, XIX e XX, de forma artesanal, não só por mim, mas por toda a minha equipe que vibra e sonha através da arte. Meu objetivo é mostrar que nada é lixo, tudo é luxo, e que sempre existem possibilidades de encantar através da sustentabilidade”, declarou. As obras de Sandro podem ser encontradas no perfil do Instagram @Saldaterrasalvador.
Da região de Feira de Santana, o agente socio-produtivo Breno Mota, do Centro Público de Economia Solidária, representa mais de 100 empreendimentos que apostam na produção coletiva. “Estamos comercializando produtos como banana chips, sequinhos, ambrosias e sabonetes artesanais, levando a identidade e o nome dos grupos para todo o Brasil. É muito satisfatório estar aqui mostrando o potencial da economia solidária”, afirmou. Interessados de toda a Bahia podem procurar os produtos através do perfil @cesolportalsisal.
O FENABA também pensou em atividades para toda a família. No Dia das Crianças (12 de outubro), haverá programação especial com Tio Paulinho, oficinas lúdicas e recreação. Professores também serão homenageados em reconhecimento à sua contribuição para a preservação cultural.
A feira conta com estrutura acessível, estacionamento e elevadores para pessoas com deficiência. “Queremos que o público venha com calma, aproveite, conheça, compre e valorize o trabalho feito à mão. Cada produto é único, feito com tempo e história”, convidou Weslen Moreira.
Além das exposições e oficinas, o público poderá curtir shows de grandes artistas da música brasileira, como Mestrinho, Olodum, Sued Nunes, Geraldo Azevedo, Filhos de Jorge, Pedro Pondé, Sertanília, Laiô e Graça
As apresentações musicais acontecem ao longo dos quatro dias do evento, mesclando ritmos que representam a essência da Bahia, do forró ao samba-reggae, passando pela MPB e pela música afro-baiana. Toda a programação e mais informações podem ser obtidas no Instagram oficial do evento @fenabahia.
*Sob supervisão do editor Anderson Orrico
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