
Entre 18 e 26 de julho, Salvador será palco de um dos principais eventos da Bahia que celebram o protagonismo feminino e negro nas artes. O ÌYÁ’S – Festival de Arte de Mulheres Negras (@festivaliyas.) chega a sua 5ª edição reunindo 20 atrações artísticas, entre espetáculos, shows, dança, arte visual e literatura e 14 atividades formativas que envolvem oficinas, mesas temáticas e bate-papo.
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O festival ocupará importantes espaços culturais da capital baiana, como o Teatro Gregório de Mattos, Espaço Cultural da Barroquinha, Espaço Xisto Bahia, Café-Teatro Nilda Spencer e escolas públicas estaduais. Os espetáculos e shows estão disponíveis no Sympla com ingressos no valor de R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia). As demais atividades e apresentações são gratuitas.
Com o tema “O alçar voo do ventre de quem sabe que veio dos caminhos matricêntricos”, o ÌYÁ’S reafirma seu papel como território de resistência, imaginação e liberdade. O festival que nasceu com o objetivo de evidenciar artistas da arte cênica (teatro, dança, circo, perfomances), em 2025 amplia sua programação e inclui outras linguagens artísticas. O foco é na produção baiana, mas o projeto abriu seleção para espetáculos de todo o Brasil. Nesta edição contará com 7 espetáculos de artes cênicas de Salvador e 3 de outros estados: Rio de Janeiro, São Paulo e Maranhão, e o interior do estado é representado pelas atrações musicais.
“Nesta edição celebramos a criatividade e a força produtiva desses ventres que produzem, reverberam, compartilham e se unem na construção desse festival. O público pode esperar uma série de ações e espetáculos que falam de identidade, memória, criação feminina, além de uma programação que está extremamente diversa, múltipla, assim como é o fazer de toda artista negra, que naturalmente transita em várias dimensões”, destaca Juliana Monique, atriz e produtora executiva do festival.
Formação e Troca de Saberes: Compromisso com a ancestralidade e o futuro

Gestado por artistas baianas, o ÌYÁ’S nasce da urgência de valorizar e difundir a produção artística e intelectual de mulheres negras, celebrando suas poéticas, estéticas, narrativas diversas e militância. Mais que representatividade, o festival fortalece lugares de fala, escuta e aquilombamento, sendo realizado no mês de julho, quando se celebra o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e o Dia da Mulher Africana.
Nesta edição, o ÌYÁ’S expande o diálogo com a educação básica, e sua ação formativa com dez oficinas gratuitas, todas conduzidas pelas próprias atrizes dos espetáculos selecionados e convidados, e acontecerão em cinco escolas estaduais de Itapuã, Cajazeiras, Nazaré, Ribeira e Cabula, alcançando estudantes do ensino fundamental e médio. Além de vivenciar técnicas de dança, teatro e performance, as turmas irão dialogar diretamente com o processo criativo das artistas, num percurso de mediação cultural que busca culminar na ida da comunidade escolar aos espetáculos. Assim, o festival rompe os limites dos equipamentos culturais e fortalece a troca de saberes nas periferias e bairros estratégicos de Salvador.
Complementando a programação, três mesas temáticas reúnem as atrizes‑criadoras para discutir suas poéticas, estéticas e articulações políticas. Mediadas por pesquisadoras e artistas negras, as conversas percorrem temas como teatro de guerrilha, insurgência feminina negra e os caminhos matricêntricos que sustentam suas obras. O público poderá acompanhar reflexões sobre como cada espetáculo se constitui enquanto ato de resistência e imaginação coletiva, refinando o diálogo entre cena, pensamento crítico e ancestralidade.
Este projeto foi contemplado nos Editais da Política Nacional Aldir Blanc Bahia e tem apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia, por meio da Secretaria de Cultura do Estado via PNAB, direcionada pelo Ministério da Cultura - Governo Federal.

Conheça os espetáculos:
Monocontos – Elas fantasiam o tempo, do Coletivo Meio Tempo, conduz o espectador por histórias reais e ficcionais de personalidades femininas negras, como Rainha Nzinga e Tereza de Benguela. A metáfora das fiandeiras que tecem destinos e memórias exalta a força e a sabedoria do feminino coletivo. Acompanhe em: @coletivomeiotempo
Mulheres do Lar - Mortes Anunciadas, de Lucimélia Romão mergulha na realidade da violência doméstica ao retratar, de forma poética e contundente, o cotidiano de mulheres marcadas por agressões e silenciamentos. O espetáculo expõe as cicatrizes deixadas pelo feminicídio e provoca reflexão sobre o silêncio social diante dessas violências. Acompanhe em: @lucimeliaromao
Carta à mãe, de Milena Pitombo, narra a viagem emocional de uma filha que decide revelar um segredo à mãe. O espetáculo aborda com sensibilidade temas como aceitação, amor materno e o direito de ser quem se é, convidando o público a participar ativamente da construção da cena. Acompanhe em: @ciabuffadeteatro e @milenapitombo
O Leque de Oxum, da Cia de Dança Robson Correia, propõe um mergulho no universo da orixá Oxum, deusa da fertilidade e do ouro. Por meio de coreografias, o espetáculo evoca sensualidade, empoderamento feminino e resistência à intolerância religiosa, celebrando os saberes da cultura afrodiaspórica. Acompanhe em: @cia.robsoncorreia Orúkọ, de Hilda Maretta (Duque de Caxias - Rio de Janeiro), costura relatos cotidianos e tradições da Congada para questionar a importância dos nomes e a perda de identidade dos negros no Brasil. O espetáculo mistura drama, comédia e música para resgatar memórias apagadas pela história oficial.
Acompanhe em: @hil.maretta e @orukoespetaculo Mukunã - do fio à raiz, de Vika Mennezes, propõe uma jornada sensível pelas vivências afro-diaspóricas, utilizando o cabelo crespo/cacheado como símbolo de identidade, resistência e ancestralidade. A obra inspira o público a celebrar suas raízes e desafiar padrões de beleza impostos. Acompanhe em: @vikamennezes e @mukuna.espetaculo
Golpes no Ventre, de Jane Santa Cruz, narra a trajetória visceral de Bárbara, uma mulher negra que, ainda no útero, confronta as experiências de violência e superação vividas por sua mãe e ancestrais. A obra promove uma reflexão potente sobre resiliência, pertencimento e herança feminina. Acompanhe em: @janesantacruz.br / @sinuosaciadeteatro / @espetaculo.golpesnoventre
ABAYOMI: a resposta está na ancestralidade (São Luís - Maranhão), de Rebeca Carneiro e Odu Companhia de Dança, une dança contemporânea e tradições do Bumba Meu Boi para exaltar a espiritualidade, a força das caboclas e a fusão de identidades negras e indígenas, promovendo um encontro entre ancestralidade e pertencimento.
Acompanhe em: @odudanca / @arebecacarneiro
Amarelo Ouro Mi Maió, da Cia da Mata, reverência Oxum e traduz, em movimentos pulsantes e poéticos, a resistência e a complexidade de ser mulher negra. O espetáculo atravessa dores e delícias do existir feminino afro-brasileiro, reescrevendo histórias e reafirmando identidades.
@ciadamata
Eu, Atlântica, com Aline Oliveira, apresenta um monólogo poético inspirado em Beatriz Nascimento, situado numa ilha pós-vida. A personagem busca reconstruir sua identidade e memória, celebrando o legado da historiadora e convidando o público a refletir sobre pertencimento e ancestralidade. Acompanhe em: @alineodblack / @ojuojucoletivo