A 7ª edição do Festival Afrofuturismo teve sua abertura oficial na manhã desta sexta (5), no Centro Histórico de Salvador, marcando mais um capítulo de um dos eventos mais importantes da América Latina sobre futurismo, tecnologia, moda e economia criativa a partir de perspectivas afrocentradas. Realizado pela Vale do Dendê, o festival segue até este sábado (6), em formato gratuito, reunindo empreendedores, artistas, pesquisadoras e lideranças do Brasil e de países africanos.
Leia Também:
Idealizador do evento e cofundador da Vale do Dendê, Paulo Rogério Nunes, destaca o significado desta edição e a trajetória do festival desde 2017, quando surgiu como uma ocupação cultural na Estação da Lapa. Para ele, o crescimento do evento reflete o fortalecimento das tecnologias e narrativas negras no país.
“Essa é a sétima edição do festival, que começou em 2017, com uma ocupação lá na Estação da Lapa, e se transformou em um festival. Esse ano, o tema é Ancestrais do Futuro, que fala sobre ancestralidade, legado e futuro. A gente reúne pessoas do mundo todo e está recebendo delegações internacionais, como de Gana e Cabo Verde. O festival é uma grande movimentação que ocupa o Centro Histórico num momento importante, que é a abertura do verão. Nosso objetivo é dar visibilidade ao que a Bahia tem de melhor: criatividade e inovação”, afirmou.
Nunes também ressaltou novidades da edição, como o hackathon em parceria com o UNICEF, envolvendo estudantes da rede pública na criação de soluções para mudanças climáticas, e a Feira de Empreendedores que amplia a visibilidade de negócios do território do Cabula. Além disso, startups baianas, especialmente lideradas por profissionais negros, passaram a integrar a programação. “É um divisor de águas para o ecossistema de inovação de Salvador”, acrescentou.
Entre os empreendedores presentes, a jovem estilista Yasmin Andrade Santos, que participa da Feira de Empreendedorismo, destacou o propósito de representar identidades negras na moda. “Minha missão é fortalecer a identidade afro-brasileira através da contação de histórias e da nossa ancestralidade, entendendo que a gente é semente porque tem raiz. Trouxe materiais com mais escala e a estampa Eu Sou a Solução dos Meus Ancestrais, que traduz muito do que acredito. Quero vender bastante, claro, mas também apresentar a ideia da marca. A venda de hoje é importante, mas a de amanhã depende dessa conexão”, disse.
Outro destaque da feira é a empreendedora Shirley Souza, criadora da Shyu Conceito, que trabalha com peças combinadas para adultos, crianças e pets.
“Para mim, estar aqui é um divisor de águas. Aprendi muita coisa na aceleração da Vale do Dendê e estou colocando tudo em prática, desde gestão financeira até marketing. Minha aposta é o diferencial da marca com a linha Mãe, Filho e Pet, que tem tudo para ser um sucesso agora no pré-carnaval”, afirmou.
Representando o Instituto Yolodê, a empreendedora Giovana Barreto reforçou o impacto social do projeto, que oferece cursos e produtos pensados especialmente para mulheres negras.
“Nossos serviços ajudam mulheres a terem autodependência e renda, especialmente mulheres solo ou em situação de vulnerabilidade. Trabalhamos com capacitação, com cuidados de cabelo crespo, penteados africanos e produtos específicos. É um trabalho que transforma realidades”, explicou.
Na programação artística e de conhecimento, o festival reúne nomes como Mônica Anjos, Isa Silva, Nina Silva, Cinara Santos, Monique Evelle, Meire Oliveira e Everton Machado. Delegações africanas também marcam presença, entre elas o fundador da TVA Africana, Saulo Montrond, e o CEO da AfricanDev, Marcos Jamir, que discutem mídia, inovação e panafricanismo.
O festival acontece em formato pocket, ocupando quatro espaços principais no Pelourinho, e aproxima Salvador de referências globais como SXSW (Austin), Web Summit (Lisboa) e Essence Festival (Nova Orleans), consolidando a capital baiana como polo de inovação afro.
*Sob supervisão do editor Anderson Orrico
leia também