
Sonho, representatividade e identidade de afirmação. Tudo isso e muito mais pode ser visto na Senzala do Barro Preto, no bairro do Curuzu, em Salvador, nesta terça-feira (9), onde é realizada a pré-seleção para o Concurso da Deusa do Ébano 2026.
Com o desejo de se tornar a próxima deusa do Mais Belo dos Belos, 130 mulheres negras, de diversos estados, se inscreveram no concurso. Até o fechamento desta matéria, cerca de 50 delas já estavam na sede do Bloco Afro Ilê Aiyê para se apresentarem para um banca avaliadora. Do total, 15 serão selecionadas para a 45ª Noite da Beleza Negra, que vai coroar a mais nova realeza no dia 17 de janeiro.
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A diretora do bloco, Arani Santana, destacou a importância do concurso na vida dessas meninas. "Para mim, a Beleza Negra é uma política de ação afirmativa, empreendida, implementada por uma organização não governamental, mais importante que existiu, que existe nesse país. Não existe nenhuma política pública que se compare à Noite da Beleza Negra. Esse concurso começou há 45 anos, mais ou menos", iniciou.
"Desde o segundo ano do Ilê Aiyê já tinha uma rainha. Tenho 74 anos de idade. Eu sou de uma geração que mulher não podia ser rainha. Está aí a historiografia oficial, estão aí os livros de literatura, livros de histórias infantis, que as rainhas eram aquelas figuras lindas, alvíssimas, brancas, loiras. E ser rainha [negra] foi uma grande ousadia que o Ilê Aiyê teve de colocar logo nos primeiros anos, há mais de 48 anos", ressaltou a diretora.
