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Superação total - 10/03/2025, 15:32 - Pedro Carreiro*

Vitória faz jus ao seu nome e mostra que não há fronteiras no esporte

Após acidente, Vitória Souto reencontra forças para viver na canoagem

Vitória Souto fazendo o que mais ama
Vitória Souto fazendo o que mais ama |  Foto: Divulgação

A paratleta Vitória Souto carrega no nome a força que precisou para transformar uma tragédia em recomeço por meio de uma jornada no mundo dos esportes. Nascida em 1996 e criada em Salvador, por Maria e Gerluis, os primeiros de suas famílias a conquistarem diplomas universitários, cresceu em meio à ascensão social-financeira da família e tendo oportunidades que seus pais não tiveram.

Sempre incentivada a estudar, entendeu desde cedo que o conhecimento seria sua principal ferramenta de crescimento. Mas, além do ensino convencional, também foi iniciada em vários esportes como capoeira, patinação, ciclismo, e não demorou a entender a importância das atividades físicas para uma rotina saudável.

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“Sem parentes no interior, fui uma menina urbana, criada de forma liberal e encorajada a enfrentar e abraçar o mundo sem negar minha própria essência. Por conta própria, descobri a força da minha conexão com a natureza e a importância de estar em movimento. Já adulta, era extremamente ativa. Malhava, corria e andava de skate, tendo também uma vida social das mais agitadas”, contou Vitória ao MASSA!.

Aos 20 anos, porém, a vida de Vitória mudou drasticamente. Em 2016, um acidente de carro resultou em uma lesão medular, que paralisou seus membros inferiores. No entanto, diferente do que muitos possam imaginar, a paralisia não a fez parar. Fazendo valer o seu nome de batismo, iniciou uma história de resiliência e superação.

“A fisioterapia se tornou minha aliada desde o começo e, quando percebi, já estava treinando novamente, me arriscando em trilhas de mais fácil acesso e até experimentando novos esportes como stand-up e boxe. Porém, foi na canoagem, oito anos após o ocorrido, que finalmente me encontrei como atleta”, destacou.

Desde o acidente, ir à praia se tornou um grande desafio, exigindo uma “verdadeira força-tarefa”, segundo ela. Mas, em 2024, um amigo a apresentou à Praia da Preguiça e, graças à boa acessibilidade do local, Vitória pôde se reconectar com o mar. Em pouco tempo, durante uma remada experimental, chamou a atenção do projeto social Remo sem Fronteiras, sendo convidada a participar. A canoagem passou então a fazer parte do seu dia a dia, transformando sua vida completamente.

“As dificuldades ainda existem, os acessos têm muito a melhorar, mas, se viver é uma arte, adaptar-se faz parte. No projeto, aprendi que, dentro de um coletivo, a demanda de um é a demanda de todos, que a união faz a força e que a força facilita. Também reconheço o quanto expandi minha visão sobre a pessoa com deficiência, já que o projeto é direcionado às mais diversas realidades”, ressaltou.

Disputas sempre são leves e felizes
Disputas sempre são leves e felizes | Foto: Divulgação

Competições são os próximos objetivos

Vitória ainda não é uma paratleta profissional, mas tem como pretensão levar a canoagem cada vez mais a sério e, em breve, começar a competir. Buscando essa ascensão na carreira, tem como referência várias estrelas do meio olímpico e paralímpico, mas se inspira mesmo é nos colegas do dia-dia.

"Minha principal inspiração vem daqueles que dividem a canoa comigo através do projeto. Entre limitações físicas, auditivas, visuais ou até mesmo etárias, eles me comprovam que, para cada aparente deficiência, há uma sorte de eficiências que se desenvolvem em torno disso. Dentro das particularidades de cada um, sempre se pode ser uma colaboração, e a troca genuína é rica e possível", ressaltou.

Paratleta é exemplo para todos
Paratleta é exemplo para todos | Foto: Divulgação

Conselho de quem entende do assunto

A soteropolitana sabe que a jornada de um paratleta é cheia de obstáculos, mas para as pessoas com deficiência que têm vontade de praticar um esporte e sentem receio, ela deixa um conselho: “Primeiramente, acredite que é possível e assim busque a rede de apoio certa para fazer acontecer. Muitos projetos já ocorrem nesse sentido, só não contam com a divulgação adequada, então pesquisem, experienciem, permitam-se errar até acertar. Abracem as adaptações necessárias e conectem-se com a potência que vocês já são”.

*Sob a supervisão do editor Léo Santana

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