
Passando maus bocados nesta temporada, diversos times brasileiros receberam aquela ‘encurralação’ de suas torcidas organizadas na última semana, causando pânico dentro dos clubes, entre jogadores, comissão técnica e até funcionários, além de trazer um clima de insegurança total para os profissionais.
Dentre essas visitas inesperadas em seus CTs estiveram Sport, Vasco, São Paulo, Atlético-MG e Corinthians, representantes da Série A do Brasileirão, onde rolaram papos de cobrança amistosos e até jogador recebendo puxão pela camisa para que recebesse o ‘papo reto’.
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“Esse movimento do torcedor é a cereja do bolo não a origem do problema. É mais uma pressão que atrapalha e acaba ‘gatilhando’ várias questões do consciente e inconsciente. Mas importante é avaliar a origem para não se tornar cíclico deixando de ser paliativo”, explica a neuropsicanalista do esporte, Cibele Carvalho, com 12 anos de experiência no ramo e que criou uma Metodologia Mental Atleta para trabalhar a performance mental dos jogadores.
“Saúde mental é importante para qualquer indivíduo e em qualquer fase da vida. Sempre digo que antes do atleta existe o indivíduo com sua base e história. Para que possamos entender o atleta precisamos entender a base que esse indivíduo foi formado. A partir daí ressignificamos traumas e gatilhos que possam surgir muitas vezes de forma inconsciente. Se esse indivíduo não está com a base bem construída não mantém tal positividade”, completa a profissional.
Os casos na dupla Ba-Vi
Desta vez, a dupla Ba-Vi ficou livre de invasões ou cobranças nos seus locais de treinamentos, mas em um passado recente, a ação também já aconteceu por aqui, isso sem citar casos antigos, onde até mesmo torcedores e jogadores chegaram às vias de fato.
Em novembro de 2024, uma organizada do Bahia foi à Cidade Tricolor, onde chegou a pedir a saída do técnico Rogério Ceni. Cobranças em redes sociais são comuns e feitas a cada derrota da equipe. “Mais uma vez, somos obrigados a manifestar nosso repúdio e profunda indignação diante de uma eliminação precoce, vexatória e covarde de uma competição internacional”, esbravejou a Torcida Organizada Bamor na última semana, após a eliminação na Sul-Ameircana.

Já no lado rubro-negro, em abril de 2025, também rolou o 'tet a tet' dos torcedores com o elenco e o presidente Fábio Mota. “Em uma conversa franca, colocamos nossas insatisfações e, principalmente, deixamos claro o que esperamos deles a partir de agora. Os jogadores também tiveram a oportunidade de expor suas razões para o desempenho que, até aqui, tem desagradado a torcida”, detonou a diretoria da Torcida Uniformizada Os Imbatíveis na ocasião.
Fortalecimento da saúde mental

A neuropsicanalista do esporte, Cibele Carvalho, também pontuou a pressão psicológica vivida pelos atletas apenas por serem um indivíduo, antes de tudo. “Vivenciar a pressão na vida fora dos CT ou estádios já acontece por originar no próprio indivíduo”, explicou.
Quando questionada sobre o que pode ser feito para fortalecer a saúde mental dos esportistas, a profissional destacou o seu método:
Autoconhecimento: entender a si mesmo para agir com inteligência emocional;
Regulação: desenvolver foco, equilíbrio e domínio da mente em momentos de pressão;
Estratégia Mental: pensar e agir com inteligência, visão de jogo e preparação psicológica.