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Golpe certeiro - 04/05/2023, 07:00 - Silvânia Nascimento- Atualizado em 04/05/2023, 09:27

Todos por Holyfield: Lenda do boxe baiano está nas mãos do povo

Reginaldo da Silva de Andrade ou Holyfield conta sua trajetória de superação ao MASSA!

As cicatrizes espalhadas pelas pernas e os calos nas mãos revelam a longa trajetória de lutas enfrentadas pelo pugilista Reginaldo da Silva de Andrade, popularmente conhecido como Holyfield. Lendário, referência, astro, memorável e célebre, essas qualidades, além de tantas outras, podem ser atribuídas ao ex-atleta que, por muito tempo, foi o principal nome do boxe da Bahia.

Os combates na vida de Holyfield começaram muito antes dele subir nos ringues profissionais. Quando ainda tinha 12 anos, o pugilista, cria da Cidade Baixa, usou o primeiro salário para comprar um saco de boxe. Foi a partir dali que, com muita persistência, dom e qualidades técnicas nasceu essa lenda viva que continua sendo uma das maiores referências da modalidade esportiva.

Em uma entrevista exclusiva ao MASSA!, Holyfield abriu as portas da sua casa e detalhou o caminho marcado por muito foco, dureza e, claro, superação. “O esporte tem uma trajetória grande na minha vida. Foram mais de 40 lutas profissionais. Com 12 anos, eu comecei a me dedicar correndo. Quando eu passava, algumas pessoas falavam: olha o maluco, olha o doido correndo”, lembrou emocionado e com os olhos cheios d’agua.

Mas, com o espírito de um futuro atleta que já o habitava, ele se defendeu como pôde e seguiu firme no combate às críticas. “Com essas corridas eu fui ficando forte, criando resistência, comecei a treinar sozinho, depois com um amigo que conseguiu uma academia bacaninha, no Bonfim. O dono da academia foi com minha cara e aí começou a fazer eventos comigo. Nas lutas, eu jogava todos no chão. Todos”, completou.

Holyfield e sua filha Viviane Andrade, com quem compartilha seus dias
Holyfield e sua filha Viviane Andrade, com quem compartilha seus dias | Foto: Uendel Galte / Ag. A TARDE

Durante a sua carreira como profissional, o Miseravão, como também era conhecido, trouxe para a Bahia seis títulos brasileiros, quatro sul-americanos, seis latinos e dois mundiais pela Federação Mundial de Boxe (FMB). Marcou gerações que, até hoje, o têm como ídolo esportivo.

Há mais de sete anos sem saber o que é pisar num ringue, o ícone do boxe baiano vem enfrentando uma série de problemas financeiros e de saúde. Um incêndio ocorrido em 2011, na casa da mãe de Holyfield, no bairro de Massaranduba, veio como um golpe baixo. Em uma atitude de heroísmo, o boxeador entrou na residência em chamas para salvar dois sobrinhos que, graças à nobre conduta de Holy, saíram vivos do acidente.

Já o pugilista teve 40% do corpo queimado e, até hoje, convive com as cicatrizes e sequelas das queimaduras. O afastamento do atleta nas disputas foi inicialmente ocasionado por isso. Segundo a filha mais velha, Viviane Andrade, depois do ocorrido, a saúde do baiano ficou mais delicada.

“Os braços e pernas foram os mais afetados. Ainda no dia do acidente, ele foi pegar um balde com água para tentar apagar as chamas, escorregou e bateu com a cabeça e desmaiou. Depois disso, ele perdeu mais o equilíbrio do corpo”, revelou ao MASSA!.

Apesar de atualmente viver um momento crítico, nem mesmo quando estava no auge da fama, o Holyfield baiano quis abandonar suas raízes do bairro de Massaranduba. E é lá que ele vive até hoje. “É história, né? Minha favela, meu guetho, minha comunidade. Ela me fez, ela me criou, e me ajudou porque graças a ela o Brasil todo me conheceu”, detalhou o pugilista sobre a relação com a Cidade Baixa.

Evento beneficente em prol de ex-pugilista será realizado em Salvador
Evento beneficente em prol de ex-pugilista será realizado em Salvador | Foto: Uendel Galte / Ag. A TARDE

Evento mais que beneficente

Depois de proporcionar muita alegria ao povo baiano, chegou a hora da Bahia retribuir tudo que Holyfield fez em prol do esporte do estado. Enfrentando problemas com saúde e até com falta de recursos para comprar alimentação e medicamentos, atletas baianos do boxe se uniram à Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia (Sudesb) em uma campanha que leva o nome ‘Todos por Holyfield’. O evento será realizado neste sábado (6), no Centro de Treinamentos de Boxe e Artes Marciais Waldemar Santana, a partir das 15h, localizado no Largo de Roma, em Salvador. Serão disputadas 20 lutas nas categorias infantil, cadete, juvenil e elite. O acesso ao evento será mediante o pagamento de R$ 15, mais 1 kg de alimento.

“Esse evento é de uma importância tão grande porque tem a questão da solidariedade. Holyfield fez tanto pelo povo baiano e agora ele está precisando. Vai ser uma contrapartida por tudo que ele fez pelo esporte baiano e brasileiro”, explicou Afonso Nunes, presidente da Federação de Boxe Olímpico e Profissional do Estado da Bahia.

Todo Duro jamais será esquecido

Impossível falar sobre Holyfield e não lembrar da rivalidade com o pernambucano Todo Duro. A dupla de pugilistas, que se enfrentou em sete lutas quentes, protagonizou a maior rivalidade da história do boxe nordestino, quiçá brasileiro. Nestes embates, o baiano derrubou o adversário quatro vezes.

Passadas as polêmicas entre os dois, hoje, afastado do esporte, Holy lembra dos confrontos entre risos e diz que o pernambucano foi, sem dúvidas, o adversário mais provocativo da sua carreira. “Todo Duro (risos). Esse cara era um problema e muito conversador. Me dava um trabalho. Era gaiato, ousado, falava um monte de bagaceira. A gente tinha muita briga cara a cara porque às vezes ele me dava uns tapas quando estava desprevenido. Na minha vida, nunca tive um cara tão polêmico como Todo Duro. Mas também já dei muita porrada no queixo. E hoje se ele estivesse aqui na minha frente ia receber um nocaute e parar no chão”, prometeu Holyfield entre risos.

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