Fundado em 2015, no Subúrbio Ferroviário de Salvador, o Centro de Treinamento Talent nasceu do sonho da treinadora Eliana Dantas de transformar a ginástica em um esporte mais acessível. A ex-atleta teve que abandonar a modalidade por falta de recursos financeiros e preconceito, mas decidiu reverter essa situação para outras crianças ao criar, junto ao marido Adison Lopes, quando tinha 19 anos, um espaço de treino para comunidade, que atualmente opera no Colégio Assunção, nos Barris. “Recebi minha maior decepção aos 10 anos, quando fui reprovada em um teste só pelo meu tipo físico. Decidi ali que minha escola seria diferente e acolheria todos”, indicou ao MASSA!.
Apesar das limitações de espaço e recursos, o Talent coleciona grandes resultados, incluindo a histórica convocação de quatro atletas para a seleção brasileira em 2023. Bruna Sacramento, de apenas 9 anos, é um dos maiores destaques da equipe, tornando-se a segunda baiana a integrar a seleção de ginástica rítmica. Já na ginástica aeróbica, Maria Clara das Neves, Ellen Vitória e Kerem Santos também são destaques, já tendo representado a Bahia em competições nacionais e internacionais.
“Sonho com o dia em que teremos um galpão próprio e patrocinadores que ajudem nossas meninas a irem mais longe”, projetou Eliana Dantas.
O desafio da vez é arrecadar fundos para que as atletas possam disputar o Pan-Americano de ginástica aeróbica, que será no Panamá no próximo dia 11, e o Sul-Americano de ginástica rítmica, que ocorrerá em Aracaju, em dezembro.
Somando os custos totais para a participação nas duas competições, elas precisam de cerca de R$ 40 mil. No entanto, até o momento, apenas pouco mais de R$ 7 mil foi arrecadado. Para não deixar o sonho das jovens atletas morrer, foram criadas duas vaquinhas online, no site Vakinha.com.br, com os seguintes códigos de identificação: 5146104 (para ajudar Maria, Ellen e Kerem a irem ao Pan-Americano) e 5142483 (para ajudar Bruninha a ir aos Sul-Americano). “Estamos confiantes de que, com a ajuda da comunidade, conseguiremos realizar esse sonho de representar a Bahia e o Brasil”, indicou Eliana.
Maria Clara
Mesmo com a paixão pelo esporte, Maria Clara, de 13 anos, enfrenta desafios, desde mensalidades, até custo com transporte. “Minha família é humilde e nós não temos muito dinheiro, então sempre foi difícil fazer ginástica”, comentou.
Maria é 4ª melhor atleta de ginástica aeróbica da América do Sul e se inspirando em grandes nomes do esporte brasileiro, tem claro onde quer chegar. “Meu maior sonho é ganhar medalhas e ajudar minha família a ter uma vida melhor”, projetou a jovem ginasta.
Ellen Vitória
Ellen Vitória, de 18 anos, é a mais velha das quatro e também construiu sua trajetória na ginástica aeróbica com muita superação. Ela enfrenta desafios relacionados a transporte, alimentação e os altos custos das competições, mas, apesar de tudo, nunca abaixou a cabeça, chegando bem longe na curta carreira. “A minha maior conquista foi alcançar a seleção brasileira sendo periférica diante da sociedade em que vivemos”, realçou.
Kerem Santos
Apesar de ter apenas 11 anos, Kerem Santos já enfrentou grandes desafios, principalmente relacionados a custos e falta de transporte nas competições de ginástica. “Há dois anos eu tive que ficar na casa de uma amiga para conseguir treinar”, lembrou a garota.
Inspirada na campeã olímpica Rebeca Andrade, Kerem tem um sonho: representar o Brasil no cenário internacional. O Campeonato Pan-Americano no Panamá será a oportunidade ideal para isso, mas as dificuldades financeiras podem ser um empecilho. “Desde pequena esse é meu sonho, mas talvez ele não se realize por falta de custos financeiros”, desabafou.
Bruna Siqueira
A mais jovem do grupo e a única que está se preparando para competir na ginástica rítmica é Bruna Siqueira, de apenas 9 anos. Apesar da pouca idade, a pequena ginasta já empilha grandes feitos, como ser campeã brasileira, com a ajuda da professora Eliana “Ela acreditou em mim, e com seus ensinamentos, apoio, conselhos e gritos, cresci como ginasta”, destacou. O grande sonho de Bruna é poder competir em alto nível sem que seus pais precisem sacrificar seus próprios sonhos para viabilizar o dela.
*Sob a supervisão do editor Léo Santana