Dono da SAF do Botafogo, John Textor levou suas acusações para a CPI do Senado e virou a primeira testemunha que depôs sobre a apuração da suposta manipulação que aconteceria dentro do futebol brasileiro. O empresário bate firme que a prática é uma realidade e destacou a importância da inteligência artificial pode ajudar a identificar os casos de manipulação no futebol.
"Eu vou financiar câmeras melhores em todos os estádios e com 1.100 dólares você pode ter 11 câmeras em torno do estádio para filmar tudo e eles podem produzir uma imagem volumétrica que pode ser capaz de identificar cada detalhe milimétrico que cada jogador pode produzir. E você pode ter VAR automático e você pode ter detecção automática de manipulação de resultados e isso por menos de 30 mil dólares. Com a tecnologia, além de perceber quem que fez o erro e identificar e investigar os candidatos, podemos corrigir isso, identificar isso e cada milissegundo ao longo de centenas desses jogos", disse.
À Comissão Parlamentar de Inquérito, Textor entregou um relatório de 180 páginas com o que ele diz serem provas que comprovariam fraudes em jogos do Campeonato Brasileiro da Série A. O presidente da CPI, Jorge Kajuru (PSB-GO), descreveu o conteúdo como "indícios importantíssimos".
"Nós chegamos a uma conclusão simples e objetiva. Tivemos conhecimento a diversos indícios, não queremos falar em provas. Foram indícios importantíssimos. Não quero dizer que participamos de uma conversa de uma hora, teve muito conteúdo", explicou Kajuru.
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Já o senador Carlos Portinho (PL-RJ) procurou entender o motivo da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) não ter investigado o documento que foi apresentado por Textor. Ele, no entanto, diz que "podem não ser evidências claras".
"O que Textor trouxe podem não ser evidências claras, já com pedidos de prisões, mas são fundamentais para preservação da integridade e para quem pense em fraudar, que desista. (...) O que você nos traz aqui é, no mínimo, um alerta que o governo e as federações precisam se preparar rápido. Há casos de má preparação e edição do VAR, mudança do que se assiste na TV", indicou.
A CPI terá o prazo de 180 dias para finalizar os trabalhos, tendo a possibilidade de prorrogar por 90 dias. Depois disso, será elaborado um relatório de conclusões do colegiado. Esse documento pode ser enviado ao Ministério Público ou à Advocacia-Geral da União. A próxima sessão foi marcada para esta quarta-feira (24).