Certamente os torcedores da Seleção Brasileira não guardarão com carinho as lembranças de 2023. Do futebol masculino ao feminino, o Brasil colecionou atuações ruins, fracassos e quebrou recordes negativos. Tudo isso somado a uma má administração da CBF resultaram em um ano catastrófico para o futebol brasileiro.
No quesito aproveitamento, a Seleção masculina teve seu pior ano desde 1940. Em 2023, o Brasil disputou nove partidas, venceu três, empatou uma e perdeu cinco vezes, totalizando 55,5% de derrotas, pior marca em mais de 80 anos. Alguns destes resultados negativos foram contra adversários que nunca antes haviam vencido o país, como o Marrocos, que ganhou por 2 a 1, em março.
Nas Eliminatórias Sul-Americanas para Copa do Mundo a história não foi diferente. A Seleção teve seu pior início na história da competição. Após seis rodadas disputadas, venceu apenas dois jogos, empatou um e perdeu três. Com isso, a Amarelinha está na 6ª colocação apenas dois pontos à frente do Chile, primeira equipe fora da zona de classificação pro Mundial.
Neste começo de Eliminatórias, o Brasil também alcançou várias marcas negativas. Ao perder por 2 a 0 para o Uruguai e por 2 a 1 para a Colômbia, nas 4ª e 5ª rodadas, respectivamente, a Seleção emendou uma sequência de duas derrotas seguidas pela primeira vez na história da competição. Já na 6ª rodada, esse retrospecto piorou depois de perder por 1 a 0 da Argentina. A derrota para os hermanos, em pleno Maracanã, também significou o primeiro revés do Brasil como mandante na história das Eliminatórias.
Pra piorar a situação, a Seleção feminina também teve um ano ruim do começo ao fim. Em fevereiro, o Brasil perdeu dois dos três jogos que fez na She Belives Cup. Depois, em abril, foi derrotado pela Inglaterra na ‘Finalíssima’, jogo entre os atuais campeões da Copa América e da Eurocopa, que vale taça. Somando todas as competições e amistosos, a equipe fez 14 jogos em 2023, com sete vitórias, um empate e cinco derrotas.
Mas a Canarinho alcançou mesmo o fundo do poço em agosto, com a eliminação precoce na fase de grupos da Copa do Mundo feminina, na Austrália e Nova Zelândia. No Grupo F, o Brasil estreou vencendo o Panamá por 4 a 1, depois perdeu para a França por 2 a 1 e na última rodada empatou em 0 a 0 com a Jamaica. Foi a primeira vez que a Seleção caiu na etapa inicial do Mundial, justamente na sétima e última Copa da Rainha Marta.
Diniz assume, mas nem tanto
Após a saída de Tite, a Seleção masculina começou o ano sem técnico e Ramon Menezes assumiu interinamente. Porém, após um começo ruim, foi mandado de volta para a Seleção sub-20. Para o começo das Eliminatórias, a CBF foi atrás de outro interino, Fernando Diniz, mas ao longo de todo ano, tentou assinar um pré-contrato com o treinador Carlo Ancelotti, que faz pouco caso do interesse.
Times ‘subs’ vão mal em Mundiais
Sob o comando de Ramon Menezes, a Seleção sub-20 foi campeã invicta do Sul-Americano, na Colômbia, mas foi muito mal no Mundial, disputado na Argentina, sendo eliminada nas quartas de final para Israel. Na categoria sub-17, o Brasil teve um ano idêntico. Foi campeão do Sul-Americano invicto, no Equador. Já no Mundial, na Indonésia, caiu de forma humilhante após perder de 3 a 0 para a Argentina.
‘Presida’ baiano está afastado
Alvo de várias críticas ao longo do ano por sua gestão, o baiano Ednaldo Rodrigues foi destituído da presidência da CBF pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro no último dia 7. O TJ-RJ escolheu o presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), José Perdiz, para assumir a presidência da instituição de forma interina. Ele vai convocar novas eleições para a entidade já no início de janeiro.
Copa feminina gera mudança
Depois do péssimo desempenho da Seleção feminina na Copa do Mundo, a treinadora Pia Sundhage, que estava à frente da equipe desde 2019, foi demitida. Para substituí-la, a CBF contratou o treinador multicampeão com o time feminino do Corinthians, Arthur Elias. Desde que assumiu o Brasil, o técnico comandou a equipe em cinco amistosos, conquistando três derrotas e perdendo os outros dois duelos.
Mexidas na base das mulheres
O ano das categorias de base feminina do Brasil foi marcado por mudanças. Em setembro, a ex-jogadora da Seleção e assistente técnica de Arthur Elias, Rosana Augusto, assumiu o comando técnico da categoria sub-20, substituindo Jonas Urias. Já sob o comando da treinadora da categoria sub-17, Simone Jatobá, o Brasil conquistou a CONMEBOL Liga de Desenvolvimento sub-19, no Uruguai.
Combate ao racismo salva
Uma das poucas coisas que a CBF fez bem em 2023 foi combater preconceitos dentro e fora dos gramados. A Instituição criou o Grupo de Trabalho (GT) de Combate ao Racismo e à Violência no Futebol. Ao longo do ano, o projeto realizou oito reuniões para discutir formas de promover inclusão de minorias e lutar contra a discriminação racial dentro do futebol brasileiro, já alcançando grandes feitos.