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Sem luta não há vitória - 29/04/2024, 07:00 - Silvânia Nascimento

Projeto X é superação total no jiu-jitsu e luta para realizar sonhos

Iniciativa com aulas de jiu-jitsu em Cosme de Farias modifica vida de crianças e adolescentes

Trabalho social muda vida da comunidade e adjacências
Trabalho social muda vida da comunidade e adjacências |  Foto: Olga Leiria / Ag. A TARDE

Implantado no bairro de Cosme de Farias desde 2018, em Salvador, o Projeto X nasceu a partir de um treino voluntário de jiu-jitsu na varanda da residência do casal Débora de Almeida e Heron Xavier - idealizadores da iniciativa -, e ganhou uma proporção gigantesca. Atualmente, mais de 70 crianças e adolescentes carentes da localidade e bairros vizinhos como Brotas, Engenho Velho e outros, encontram momentos de lazer, interação e, sobretudo, acolhimento.

“Na época, algumas crianças viram meu marido treinando na varanda. Elas se aproximaram e perguntaram se podiam treinar também. Então ele ensinou alguns movimentos. Quando acabou a aula as crianças perguntaram: amanhã tem de novo? Como ele estava de férias, respondeu que sim. Nessa brincadeira foi o mês inteiro de atividades e, de lá até aqui, não paramos mais”, contou Débora ao MASSA!.

Depois de muitos dos seus atletas conquistarem medalhas em competições estaduais, chegou a hora do Projeto X embarcar rumo a mais uma nova conquista: trazer para a Bahia medalhas do Campeonato Brasileiro de Jiu-Jitsu, que acontecerá em junho, em São Paulo. Seis alunos da iniciativa passaram na seletiva para participar da competição e estão prestes a alcançar esse tão desejado sonho.

Mas, para que isso aconteça, é necessário que consigam arcar com os custos de passagens, materiais, hospedagem, lanches, transporte local e outras demandas que exigem investimento financeiro. No entanto, a vontade de representar o Projeto X é tão grande que os selecionados Amanda Ramos, 10 anos, Carlos Augusto, 9, Sávio Alberto, 9, Gustavo Benício, 13, Natanael Neri 13, e Maria Eduarda Andrade,14, têm se virado como podem. Com muita humildade e determinação, eles estão comercializando picolés, sorvetes, brigadeiros e ferro velho para arrecadar essa grana.

“O Brasileiro, na verdade, é como se fosse a Copa do Mundo. É o campeonato mais importante, e eles estão indo representar a Bahia, que até hoje não teve nenhuma criança campeã nessa modalidade, e a gente tem preparado eles para isso”, declarou a engajada Débora.

Os interessados em contribuir com a realização desse sonho podem deixar mensagem no Instagram por meio do @projetox, e informar de que forma será a ajuda. Há também a possibilidade da doação financeira ser via PIX por meio da chave celular 71 98617-9609 (Heron Xavier).

Heron Xavier e Débora de Almeida são os idealizadores
Heron Xavier e Débora de Almeida são os idealizadores | Foto: Olga Leiria / Ag. A TARDE

Ajuda além do esporte

Após o término dos treinos e antes de irem para as suas casas, as crianças do Projeto X recebem lanches ou um café da noite. A ideia de fornecer alimentação para elas surgiu depois de Débora e Xavier perceberem que muitas não tinham o que comer em casa. “Notamos, em alguns casos, que alguns alunos não estavam rendendo no treino. Depois descobrimos que eles vinham com fome. A partir disso, passamos a oferecer lanches como suco com biscoitos. Na época da pandemia fazíamos muitas quentinhas para elas e para a família. Foi uma forma que encontramos de não perdermos o vínculo com eles, já que teve o período da quarentena”, lembrou a idealizadora.

Diante dessa realidade, a iniciativa também aceita doações de alimentos não perecíveis para os alunos mais carentes.

Gustavo, Natanael, Amanda, Maria, Sávio e Carlos foram convocados para disputar o Brasileiro
Gustavo, Natanael, Amanda, Maria, Sávio e Carlos foram convocados para disputar o Brasileiro | Foto: Olga Leiria / Ag. A TARDE

Ensinar é mais que uma arte

Entre a rotina de trabalho e as demandas da vida pessoal, Xavier, que é servidor público, passou a viver em prol do projeto. Para ele, os horários das aulas nas quais ensina para a garotada, tornaram-se compromissos fixos na sua agenda.

“Com o surgimento de demandas como a questão da restrição alimentar e problemas emocionais que alguns deles passam, entendemos que a gente precisava oferecer muito mais do que arte marcial. Quando eu tive a compreensão de que meu propósito é muito mais além do que ensinar o esporte, eu entendi que meu jiu-jitsu não é convencional, ele é sacerdócio porque promovo a integração e a união, tanto dos atletas como da família. Eu não posso nunca mais pensar em deixar de fazer isso aqui”, discursou o professor.

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