Cerca de 100 crianças e adolescentes moradores do Bairro da Paz em Salvador têm tido a rotina e a vida transformadas positivamente graças ao projeto Boxe Olímpico Força Bruta, idealizado e coordenado pelo professor Edson Boaventura. Mesmo diante de diversas dificuldades como a carência por materiais básicos como luvas, protetores bucais e de cabeça, saco de pancadas e, principalmente, um espaço próprio para realizar os treinamentos, o grupo tem passado por cima dos obstáculos e mirado no que mais importa: o amor pelo boxe e o poder transformador que encontram nessa modalidade esportiva.
O projeto existe há 10 anos, mas como não possui Centro de Treinamento (CT), eles utilizam há cerca de um ano uma das salas da Base Comunitária de Segurança (BCS) da Polícia Militar, localizada no final de linha do Bairro da Paz. “Para mim, o principal objetivo de fazer eles estarem aqui, é fazer com que fiquem longe das ruas, da criminalidade e de todos os riscos que o mundo lá fora pode oferecer. Então, eles estando aqui comigo sei que estarão seguros e aprendendo uma coisa boa porque o esporte transforma. Todos eles sonham tanto em mudar e ajudar a família através do esporte. Estão cheios de expectativas, de sonhos, e eu estou aqui para tentar ajudar cada um deles. Eu consegui bater laje na minha casa recentemente e meus planos é, um dia, construir o nosso CT em cima”, projetou Edson em entrevista ao MASSA!.
Todos os alunos do projeto ainda são menores de idade, dos 5 aos 16 anos e recebem a devida atenção, mas com atividades diferentes. “Para os pequenos é um treino diferenciado, mais recreativo onde trabalhamos muito a disciplina, o respeito. Já os adolescentes treinam as técnicas do boxe, até porque, alguns deles já competem”, explicou o orgulhoso professor.
Entre os golpes baixos da vida e a vontade de nocautear os desafios, o treinador, além de trabalhar com seus alunos as habilidades técnicas, também precisa motivá-los. Uma das estratégias usadas por Edson é sempre que no momento oportuno, usar como exemplos pugilistas baianos que conseguiram se tornar profissionais e estão fazendo histórias no boxe como Robson Conceição, atual campeão mundial, Popó, Hebert Conceição, Bárbara Santos, Beatriz Ferreira, Tatiana Chagas, Keno Marley e outros.
“Peço pra eles lembrarem o quanto Robson perdeu para chegar onde está. Lembro a eles que é possível, sim, chegarem onde esses atletas estão. Não é fácil, são muitas as dificuldades, mas é possível”, pontuou o técnico.
Incentivo total
No projeto Boxe Olímpico Força Bruta, de aproximadamente 100 alunos, apenas 10 são mulheres. Este cenário é a realidade de forma geral quando se trata de boxe feminino. Por isso, uma das principais missões da iniciativa é ajudar a promover o boxe entre as garotas na modalidade.
“No nosso estado, a Bahia está carente de boxe do público feminino. Essas meninas que hoje estão no projeto vieram após eu convidá-las. Com um tempo, elas foram pegando amor pelos treinos, pelo boxe, engrenaram e hoje estão aqui, se preparando para competir”, lembrou Edson.
Competir é foco
Tiffany Amorim e Robson Nogueira, ambos de 17 anos e alunos do projeto, já começaram a fazer parte de competições. A garota foi vice-campeã brasileira e campeã nos Jogos Abertos em São Paulo, além de outros torneios. Atualmente, ela está nos preparativos para disputar o Campeonato Baiano de Boxe. “Estou me preparando com treino todos os dias, dedicação e disciplina para chegar ao pódio”, projetou a garota.
Robson também acumula vitórias na sua trajetória que só está começando. Ele já foi campeão e vice no Estadual, e agora está focado em trazer para o projeto mais uma medalha. “Vamos buscar mais um pódio. Eu sou grato ao boxe porque foi ele que me ajudou a melhorar o físico, meu mental. Ganhei disciplina, minha saúde está melhor e, tudo isso, graças a esse esporte”, destacou o jovem.
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