
Os esportes mudam vidas, realidades, famílias e trazem o crescimento físico e mental. Foi pensando nisso que o CT Fight Club Brotas, em parceria com o ISEN (Instituto de Saúde e Educação do Nordeste) e o Instituto Igor Nogueira, montaram um projeto social para crianças de famílias com baixa renda aprenderem a lutar jiu-jitsu de maneira gratuita. A iniciativa atende jovens de 11 até 18 anos, com todos matriculados em alguma escola, e teve início no mês passado.
“Eu sempre tive vontade de fazer um projeto social, de fazer pelo outro. Ajudar as pessoas através das artes marciais é o meu propósito de vida”, destacou o sensei Marcelo ‘T-Rex’, fundador do local, ao MASSA!.
Para além do aumento de força física, velocidade e outros atributos, o jiu-jitsu traz consigo ensinamentos para a formação de pessoas. “No tatame, todo mundo é igual. A única diferença entre as pessoas é a cor da faixa. Além disso, a gente trabalha valores como o combate à vaidade e ao ego, a humildade de reconhecer a vitória do adversário, autocontrole, autoconfiança e outras formas que possam moldar um ser humano para além da luta”, completou um dos idealizadores.

Esta união de ideias foi responsável por trazer o apoio do ISEN. “O esporte une saúde e educação, tudo a ver com o que a gente faz. Num país de exclusão, o esporte é um dos braços da educação. O esporte inclui, não só formando atletas, mas formando cidadãos”, descreveu Jubrã Ferreira, presidente do instituto.
Atualmente, o projeto atende 32 jovens, tanto homens quanto mulheres. As inscrições contam com o apoio do ISEN e podem ser feitas presencialmente no CT, na Rua Comendador Pereira da Silva, no bairro de Brotas, em Salvador.

Esporte que transforma
Nas aulas, que duram uma hora, os alunos aprendem as técnicas de maneira teórica, assistem ao professor as realizando e partem para o “rola”, em que a turma é dividida em duplas que lutam entre si, colocando em prática os aprendizados. “Quero ir longe com o projeto. Era algo que eu já queria fazer e hoje eu foco em ir o mais longe possível com ele”, projetou Valto ‘Cyclop’, professor de jiu-jitsu da iniciativa ao MASSA!.
Um exemplo de como o esporte é capaz de mudar e melhorar vidas vem do próprio Marcelo ‘T-Rex’. “Quando perdi minha filha, faltando 15 dias para nascer, a única coisa que eu consegui fazer, depois de dar suporte para minha esposa, era treinar jiu-jitsu. A partir dali eu consegui criar forças para seguir em frente e ajudar minha família. O esporte me fortaleceu muito mentalmente, me deu segurança para resolver problemas que acho que nada me daria. Ele é meu alicerce”, desabafou.

Mudanças e gratidão total
Dentro do projeto, além dos professores, Cesar Serapião auxilia na condução das aulas, mesmo sendo faixa roxa, duas abaixo da preta. “Eu estava sem fazer nada, nem estudava e nem trabalhava, há 9 anos e passei a fazer coisas erradas. Minha mãe encontrou um amigo que dá aula aqui e falou pra que ele me levasse para cá e eu saí amarradão. Além desse amigo, ‘T-Rex’ mudou a minha vida. Me deu uma profissão e me moldou como homem”, descreveu o jovem.
Sobre dar aula para pessoas que vêm de uma realidade similar a dele, Cesar demonstrou ainda mais gratidão e satisfação naquilo que faz. “O jiu-jitsu hoje é a minha vida e eu vivo dando aula. Eu me vejo como eles. Antigamente eu chegava bem cedo, limpava a academia e vinha treinar. Hoje eu me espelho nos grandes nomes e vejo muito do Cesar de 17 anos nesses meninos”, completou o aluno.
*Sob a supervisão do editor Léo Santana