A missão de estender as mãos aos mais esquecidos precisa ser cumprida por alguns predestinados aqui no planeta Terra, e o projeto Escologia é um destes escolhidos. Localizada dentro do Parque de Pituaçu, em Salvador, a iniciativa há 40 anos desenvolve atividades esportivas, culturais e ambientais para centenas de crianças e jovens da localidade. Ao longo dessas quatro décadas, muitos desafios foram enfrentados e vencidos, mas as dificuldades ainda continuam presentes no dia a dia do projeto.
Recentemente, no mês de março, parte do telhado do espaço onde acontecem as aulas foi atingido por uma forte chuva. Devido a essa turbulência, as atividades precisaram ser suspensas por uns dias e os professores voluntários, que atuam na iniciativa, tiveram que buscar doações para amenizar a situação.
Dentre os responsáveis por manter a Escologia de pé está Marcio Soares, 40 anos. Além de ministrar aulas, ele é também coordenador e presidente do projeto. “Cheguei no projeto como aluno quando eu tinha seis anos. Hoje, passo para eles tudo que eu aprendi aqui. Atualmente somos um centro de desenvolvimento com muito incentivo ao meio ambiente, mas também ao esporte, porque entendemos que o esporte é um meio importante de transformação. E eu sou um exemplo disso. Fui aluno de boxe aqui, e hoje sou professor”, detalhou ao MASSA!.
Atualmente, 70 crianças e adolescentes com idades entre 7 e 16 anos são atendidas pela iniciativa. O boxe, o futebol e a capoeira estão entre as atividades preferidas dos alunos. E é no projeto que esse público tem começado a despertar o desejo de um dia, em um futuro bem próximo, se tornar um atleta profissional. Cauã, é um destes exemplos. O garoto de 11 anos já se enxerga como um futuro boxeador. “Eu via meu pai treinando boxe, depois conheci Márcio e cada vez mais penso em ser isso quando eu crescer”, declarou.
No espaço também são promovidas aulas de tecido acrobático, espetáculos de arte e música e reforço escolar e educação ambiental. A demanda de alunos tem crescido, já que o projeto é tido e conhecido na localidade, como uma área educativa e de lazer para os moradores.
“A Escologia nasceu dentro de uma área ecológica com o intuito da preservação do meio ambiente. Mas houve um aumento da procura e, com isso, expandimos as atividades. Hoje temos o reconhecimento da população local que entende e confia no trabalho que realizamos em prol da melhoria dessas crianças”, completou Márcio.
Luta contra obstáculos
Assim como a maioria dos projetos sociais desenvolvidos em Salvador, o Escologia é mais um que sobrevive e resiste às dificuldades sem contar com o apoio de órgãos públicos. A precariedade nas estruturas da sede do projeto é a principal preocupação. A situação extrema aconteceu após as chuvas e ventos danificarem ainda mais as pilastras e barrotes do telhado.
“O grande perigo hoje é a estrutura do nosso espaço que está totalmente precário. Por isso, iniciamos uma vaquinha para tentarmos arrecadar dinheiro e trocarmos o telhado, a parte elétrica e o piso”, explicou Márcio.
Segundo ele, a iniciativa precisa de aproximadamente R$ 100 mil para realizar essas reformas e, finalmente, oferecer um local mais seguro e confortável para os alunos. As ajudas também podem ser através de doações de lanches, luvas, bolas e materiais de construção. Aos que preferem contribuir com dinheiro, podem fazer a transferência pela chave PIX (e-mail) [email protected].
Voluntários dão suporte
Enquanto o suporte de órgãos públicos não chega, o Escologia vai se virando e mantendo-se firme com as poucas possibilidades e ferramentas que têm à disposição. E, muito além de qualquer ajuda financeira ou material, o empenho, dedicação e parceria de pessoas voluntárias têm sido a pilastra central para manter a iniciativa firme.
A produtora cultural Samile Leal, que atua como coordenadora de comunicação do Escologia, ajuda a formar essa pilastra. “Aqui a gente agrega coletivos de esporte, cultura, meio ambiente, então, sempre aparece uma galera de movimentos voluntários que contribuem com doações de alimentos e outros suportes importantes”, destacou.
Além dela, o projeto conta com Daíse Oliveira, coordenadora pedagógica e professora de tecido acrobático, dentre outros voluntários.