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Investigação - 13/05/2023, 07:49 - Alex Torres e Marcos Valença

Penalidade Máxima: casas de apostas se pronunciam sobre regulação

Governo Federal estuda medidas que visam frear a manipulação de resultados no esporte

Esportes da Sorte patrocina o Bahia; Casa de Apostas já patrocinou o Vitória
Esportes da Sorte patrocina o Bahia; Casa de Apostas já patrocinou o Vitória |  Foto: Felipe Oliveira | EC Bahia e Pietro Carpi | EC Vitória

O escândalo revelado pela Operação Penalidade Máxima II no futebol brasileiro trouxe inúmeros questionamentos. Entre os principais, está a presença das casas de apostas no respectivo esporte, chegando a patrocinar, inclusive, grandes clubes e jogadores de relevância nacional.

Com provas que ligam a participação de atletas na manipulação de resultados, medidas passaram a ser estudadas como forma de evitar possíveis fraudes e enriquecimentos ilícitos através das plataformas. Entre as possibilidades, está uma Medida Provisória (MP) de regulamentação, que será editada pelo Governo Federal.

Nesta terça-feira, 16, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Apostas será instalada no Congresso. Relator da ação, o deputado federal Felipe Carreras (PSB-PE) ficará responsável por montar a equipe e dar início aos trabalhos de apuração das fraudes em apostas esportivas.

Promotor do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Rodney da Silva afirmou que as casas de apostas são vítimas dos apostadores envolvidos em esquemas de manipulação de jogos de futebol.

"Em tese, toda aposta direcionada, manipulada, traz prejuízo para a casa de apostas. Tanto é que eles têm um esquema de identificação de apostas fora do padrão. Eles cancelam determinadas apostas. Já aconteceu", disse o promotor.

Em contato com o Portal A TARDE, duas empresas de apostas esportivas se posicionaram acerca do escândalo e se colocaram como favoráveis à regulamentação. Diretor de marketing da Casa de Apostas, Hans Schleier afirmou que a ausência de normas bem definidas contribuiu para a manipulação no esporte.

"Em todos os países que possuem a regulamentação das apostas esportivas, assim como a MP que será apresentada, ela proíbe que profissionais esportivos que estão em atividade tenham conta ou qualquer relação com empresas de apostas esportivas, podendo ser banidos das suas atividades. Se essa regulamentação estivesse em vigor, essa rede de fraudadores teriam dificuldade em capitar esses profissionais", afirmou Schleier.

CEO da Esportes da Sorte, atual patrocinadora do Esporte Clube Bahia, Darwin Filho também defendeu a regulamentação, mas ponderou sobre a forma como a mesma será instituída, sugerindo que fosse realizado um Projeto de Lei (PL), ao invés de uma Medida Provisória (MP).

"A criação de uma agência nacional regulatória das apostas esportivas é extremamente necessária, mas não é constitucional instituir via MP. Dessa forma, seria necessário a aprovação de um projeto de lei", argumentou o CEO.

Segundo Darwin, como a mudança de MP para PL faria com que o processo de regulamentação se tornasse "mais lento", algumas medidas poderiam ser adotadas no período que precede a criação dessa agência reguladora. Ele ainda exemplificou algumas destas providências.

Operação Penalidade Máxima II

Conforme apurado pelo MP, o grupo criminoso atuou mediante cooptação de jogadores profissionais de futebol, com oferta de valores entre R$ 50 mil a R$ 100 mil aos atletas para que eles cometessem eventos determinados nos jogos.

A investigação indica que as manipulações eram diversas e visavam, por exemplo, assegurar a punição a determinado jogador por cartão amarelo, cartão vermelho, cometimento de penalidade máxima, além de assegurar número de escanteios durante a partida e, até mesmo, o placar de derrota de determinado time no intervalo do jogo.

Há indícios de que as condutas previamente solicitadas aos jogadores buscavam possibilitar que os investigados conseguissem grandes lucros em apostas realizadas em sites de casas esportivas, utilizando, ainda, contas cadastradas em nome de terceiros para aumentar os rendimentos.

Clubes tradicionais do futebol brasileiro foram impactados e se manifestaram sobre jogadores envolvidos. O Vitória, que teve o capitão Zeca citado nas investigações, manteve o atleta como titular no triunfo sobre o Ceará. Didi, ex-zagueiro do Bahia e atualmente no Avaí, foi citado na investigação por trocar mensagens com um apostador que teria aliciado Eduardo Bauermann, zagueiro do Santos.

Veja a lista de jogos investigados na Série A de 2022:

Santos 1 x 1 Avaí: um jogador do Santos foi assediado para tomar um cartão amarelo

Red Bull Bragantino 1 x 4 América - MG: um jogador do Bragantino foi procurado para tomar um cartão amarelo

Goiás 1 x 0 Juventude: dois jogadores do Juventude foram procurados para tomar cartões amarelos

Cuiabá 1 x 1 Palmeiras: um jogador do Cuiabá foi procurado para tomar cartão amarelo

Botafogo 3 x 0 Santos: um jogador do Santos foi procurado para tomar cartão vermelho

Palmeiras 2 x 1 Juventude: um jogador do Juventude foi procurado para tomar cartão amarelo

Outros casos suspeitos:

Goiás x Goiânia: derrota do Goiânia no primeiro tempo;

Caxias x São Luiz-RS: jogador do São Luiz cometer pênalti;

Esportivo x Novo Hamburgo: jogador procurado para receber cartão amarelo;

Luverdense x Operário: manipulação no número de escanteios;

Guarani x Portuguesa: atleta receber cartão amarelo.

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