Campeão brasileiro e um dos maiores jogadores da história do Bahia, Zé Carlos conversou exclusivamente com a reportagem do Portal MASSA! O ex-meia lamentou a má campanha do Esquadrão no Campeonato Brasileiro da Série A.
Preocupado com a possibilidade do Bahia ser rebaixado nesta quarta-feira (6), quando encara o Atlético-MG na última rodada do Brasileirão, Zé cobrou mais empenho e dedicação do elenco. Segundo ele, os jogadores não entendem o que o clube representa, e que a torcida quer um algo a mais além de "jogar bonito", fazendo comparações entre clubes que ele acha diferentes, e outros que ele entende serem mais próximos do que é o Tricolor.
"É o que eu sempre falo. Eles deveriam saber, os jogadores, saber bem da história do clube, as pessoas que estão na frente, para entender que jogar no Bahia não é como em qualquer clube do Brasil ou do mundo. Tem algumas diferenças, tem algumas coisas que acontecem dentro do campo que não são iguais. A gente não pode comparar o estilo do São Paulo, o estilo do Fluminense com o Bahia. O Bahia é como o Atlético, como o Corinthians, o Bahia é time de massa, time que não é só o talento, tem algo a mais, tem a vibração, tem a entrega, tem a determinação", iniciou Zé Carlos.
E ainda segundo o ex-meia, os times que enfrentam o Bahia conseguem vencer "andando", ou seja, sem nem se dedicar o máximo que podem.
"Tem clubes que a torcida gosta de ver um espetáculo, gosta de ver o jogo bonito, e o Bahia não é só jogo bonito. É também jogo bonito, mas muito mais empenho, determinação, vontade e muita garra junto. A torcida joga junto o tempo todo e ajuda a equipe, mas a gente não sente isso nos jogadores do Bahia. A gente perde jogos, que é brincadeira, porque os caras ganham do Bahia andando. Então, é difícil entender isso", lamentou.
Grupo City e a adaptação
Para Zé Carlos, um dos principais problemas na temporada foi a maneira "imediata" com a qual o Grupo City tentou implementar sua filosofia. O ídolo tricolor entende que a diferença na "cultura e forma de jogar" é muito grande do Brasil em comparação com a Europa, o que teria trazido dificuldades na adaptação do time e do Bahia como clube.
"Eu sempre falei sobre esta transição, se nesta mudança do Bahia para o City, se realmente as informações que estavam sendo passadas batiam com tudo que o Bahia viveu esses últimos anos, porque os caras não são daqui, eles vieram para o Brasil e precisavam de alguém que entendesse e que soubesse a fundo da questão geral do Bahia para estar podendo passar, para ter esse entendimento. Falei também do projeto, da forma que eles trabalham, é difícil você chegar num clube do Nordeste e que tem uma cultura, que tem uma forma de jogar e de querer implantar de imediato aquilo que eles fazem na Europa. A cultura é diferente, o formato dos jogadores, o entendimento dos jogadores é outro, o profissional que joga na Europa, o que joga aqui, é realmente diferente", detalhou.
Ficar na Série A é possível?
Zé Carlos deixou claro que ainda acredita na permanência do Bahia na Primeira Divisão, apesar das adversidades na tabela de classificação. O Tricolor pode se salvar caso derrote o Atlético, mas precisa torcer para Vasco ou Santos não ganhem. Em caso de empate, só seria possível fugir da degola com uma derrota do time carioca.
"Acredito sempre [na permanência]. A gente só perde quando desiste. A minha vida é pautada em cima disso, de barreiras, de conquistas, de atitude, de determinação, de muita vibração, de muita disposição para vencer. Eu cresci indo para a Fonte Nove vendo isso e coloquei isso na minha meta de vida. Não vejo outra forma de pensar não, enquanto há oportunidade, há chance, nós temos que entregar o melhor", finalizou.
Campeão brasileiro pelo Bahia em 1988, Zé Carlos ainda conquistou o tricampeonato baiano entre 1986 e 1988. Atualmente trabalhando com formação de atletas e como comentarista, ele é considerado um dos principais jogadores da história do Esquadrão.