Considerado o maior talento da nova geração do Rally, o piloto Lucas Moraes, que integra a Seleção Brasileira, esteve em território baiano durante o mês de agosto para participar do 32° Rally dos Sertões, maior competição do esporte da América Latina, e admitiu ser “especial” competir na Bahia. Aos 33 anos, ele se consagrou tricampeão da disputa ao lado do seu navegador Kaíque Bentivoglio e realizou o trecho da cidade de Luís Eduardo Magalhães, no extremo oeste baiano, até Formosa, em Goiás.
E o Rally dos Sertões teve um gostinho ainda mais especial durante a edição de 2024 para Lucas Moraes, que empilha conquistas no automobilismo, como o 3º lugar no Dakar, prova mais longa de rally do mundo. Isso porque, o pai do piloto, Marcos Moraes, também estava participando da prova e ficou em 3° lugar.
Para entender melhor o fenômeno que é Lucas Moraes, o Portal MASSA! bateu um papo com o piloto que detalhou sua trajetória, planos para o futuro e a participação na 32ª edição do Rally dos Sertões. Confira abaixo:
Confira entrevista completa:
De onde surgiu o seu desejo de ser piloto de Rally e como foi o início de tudo?
LM - O Rally entrou na minha vida, desde a infância, quando ganhei a minha motinha de Motocross aos 4 anos, e participei da minha primeira competição logo depois, mas a princípio era como um hobby. Aos 15 anos, quando fui contratado pela Suzuki, virou uma profissão e me tornei piloto e não parei mais.
Com pouco reconhecimento no Brasil, quais as principais dificuldades que você observa em ser um piloto de Rally no país?
LM - Exatamente, como é uma modalidade pouco reconhecida no país, temos poucos eventos, e menos patrocinadores para quem está começando no esporte. Por isso, procuro dar o meu melhor no esporte, vencer também fora do Brasil, para que tenhamos mais visibilidade na modalidade, e meu desejo é ajudar o Rally brasileiro a ter um destaque maior no cenário esportivo nacional.
Quais os seus principais objetivos e sonhos dentro do esporte?
LM - Além de trazer o reconhecimento para o esporte em território nacional, conquistar o título mundial e quem sabe em um Dakar.
Em 2023, você conquistou um pódio inédito para o Brasil ao faturar a 3ª colocação na sua estreia no Dakar. Como foi para você vivenciar esse momento?
LM - Foi a minha estreia no Dakar, com os resultados inéditos para o Brasil, conquistei o melhor “rookie” da história da prova, então, essa conquista significou muito para mim. Pretendo repetir esse feito novamente e cada vez mais dar o meu melhor.
Você é considerado o maior talento da nova geração. Como você leva esse título? Em algum momento da sua carreira você se sentiu pressionado?
LM - Para ser sincero, eu realmente não ligo muito para esses “títulos”, obviamente é muito legal saber que me enxergam dessa forma, mas meu objetivo é focar nas pistas e vencer títulos para o Brasil.
Qual o sentimento em ser tricampeão do Rally dos Sertões? E como foi vivenciar os dias de competição nesta edição de 2024?
LM - Vencer o Sertões três vezes é muito difícil de explicar, mas estou muito feliz, principalmente pela dedicação que eu e o Kaique Bentivoglio, meu navegador, tivemos durante anos e anos. Em 2023 batemos na trave, mas dessa vez executamos a estratégia desde o começo do campeonato, tivemos algumas complicações, com os pneus, que é sempre a parte mais difícil de gerenciar, mas, mesmo assim, nos recuperamos no dia seguinte e conseguimos. Somos tricampeões!
Como você avalia a etapa da Bahia no Rally dos Sertões? Em quais pontos você e Kaíque Bentivoglio encontraram mais dificuldades?
LM - As etapas na Bahia foram bem bacanas, especialmente porque andamos bastante nas áreas agrícolas e de veredas. Então, passamos por todos os tipos de terrenos, às vezes mais rápidos e às vezes mais sinuosos. Foram especiais e muito boas, onde vencemos por duas vezes e abrimos vantagem na liderança da prova.
Você tem alguma ligação com a Bahia? Gosta de competir por aqui?
LM - Competir na Bahia é sempre muito especial, tem de tudo: areia, pedras, veredas, em alguns momentos, trechos mais rápidos, outros nem tanto. Treinamos bastante nossa técnica por lá. Nós passamos pela cidade Luís Eduardo Magalhães, na quinta e sexta etapa e fomos muito bem, gostamos bastante do trajeto.
Como foi dividir o pódio com o seu pai na 32ª edição do Rally dos Sertões?
LM - Foi um momento muito especial, para guardar na memória, principalmente por ter meu pai como companheiro de equipe, andando em um nível altíssimo. Fizemos a final da Super-Prime, que antecede o Sertões juntos, não poderia ter sido melhor, do que ao lado dele. Ter a minha família presente e acompanhando tudo, me emocionou demais.
LM - Quais as expectativas para o Mundial de Rally Raid?
LM - Estou bastante ansioso, a próxima competição será em Marrocos, estou treinando e trabalhando bastante para sempre melhorar, a meta é permanecer no Top-3 do Mundial.
Como você descreveria sua trajetória até aqui no Rally?
LM - A minha trajetória é marcada por muita dedicação, vontade de vencer e, principalmente, resiliência. Meus principais pilares para sempre dar o meu melhor nas competições.