Ser jogador de futebol é o sonho da maioria das crianças. Desde os primeiros passos, quando se conhece a bola, muitas não querem mais soltar. Um gol, um passe, uma defesa, uma resenha, todos têm inúmeras lembranças dos babas, nos campos de grama, nas quadras, nos gramados sintéticos ou na várzea.
Agora, imagina você realizar este sonho, não só de se tornar profissional no esporte, mas de conseguir mudar a vida da sua família, de jogar na Europa, e ainda ser capaz de ajudar outras inúmeras crianças que possuem essa mesma aspiração e desejo. Isso é o que está fazendo o soteropolitano Jair Tavares, volante de 30 anos, que hoje joga profissionalmente no futebol do Irã, mais precisamente no FC Mes Rafsanjan.
De volta às raízes, o baiano vai realizar no dia 31 de maio um jogo festivo, na Rua Campo Belo, no bairro de Plataforma, no mesmo campo de barro onde deu seus primeiros chutes. A entrada do evento será de 1kg de alimento não perecível, destinado a instituições que atendem crianças em situação de vulnerabilidade em Salvador.
“É a emoção de poder realizar um jogo festivo no campo que eu comecei, dei os primeiros passos, os primeiros chutes, e ainda fazer um evento beneficente, poder ajudar as crianças, ver o brilho no olhar delas, em poder inspirá-las. Esse evento pra mim não tem preço. Estar com meus amigos, com meus familiares, com as pessoas de onde eu cresci, no lugar de onde eu saí, é uma emoção muito grande”, detalhou o jogador em entrevista ao MASSA!.
Mas, para poder realizar esse evento, não foi nada fácil, como revelou Jair. “No momento em que eu achei uma proposta para poder viajar, eu era muito novo e não tinha condições, tive que trabalhar de caseiro em uma casa de amigos da minha família, limpando piscina e cuidando de cachorro, para poder arrumar dinheiro e comprar a passagem”, relembrou o volante sobre início da sua carreira na Europa, quando foi atuar em um clube da Finlândia.
Preferência no Ba-Vi?
Questionado sobre a sua preferência no futebol baiano, Jair preferiu despistar. “Quando criança eu tentei fazer testes no Bahia e no Vitória, mas não tive oportunidade. Tenho um carinho muito grande pelos times baianos, torço para que eles se mantenham na elite do futebol brasileiro”, indicou.
Apesar de não ter passado quando jovem, o volante quase fez parte do Esquadrão depois de se profissionalizar. “No ano de 2021 eu ainda estava na Finlândia, e surgiu a possibilidade de poder negociar com o Bahia. Só que as coisas não andaram devido a competição que eu estava pra jogar pelo time da Finlândia, íamos tentar entrar na Liga dos Campeões, então a negociação não andou”, detalhou ao MASSA!.
Curiosidades na Finlândia
No período em que atuou no futebol finlandês, um hábito inusitado chamou a atenção do jogador brasileiro. “A comemoração em si é diferente, porque depois do título vão para a sauna. Os finlandeses têm suas tradições, ficam na sauna, bebem cerveja, e gostam de esquecer o tempo lá fora, vive só para aquele momento, são um povo muito bom. Uma cultura totalmente diferente da brasileira, mas eu consegui me encaixar muito bem”, relatou. Mas tem uma tradição ainda mais específica do país nórdico, que até tem uma similaridade com o Brasil. “Quando chegam jogadores novos na equipe, todos os jogadores vão pra sauna e os novatos precisam entrar na sauna e cantar uma música. Se caso o pessoal que tá na sauna não gostar da música, você tem que sair e entrar de novo e cantar outra música. E se eles baterem palma, você pode sentar na sauna e começar a beber”, relembrou com risadas o atleta sul-americano em exclusiva ao MASSA!.
*Sob a supervisão do editor Léo Santana
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