O Itabuna retornou ao cenário do futebol profissional em 2022, após seis anos de inatividade e 10 anos longe da elite estadual. Com trabalho e planejamento, em 11 meses, a equipe conquistou o título da Série B do Baiano, foi semifinalista na primeira divisão, e garantiu vagas na Copa do Brasil e Série D de 2024.
Em meio aos resultados dentro de campo, o clube se reestruturou administrativamente e se tornou Sociedade Anônima do Futebol (SAF). “Começamos em 2022 a partir de um encontro com Rodrigo Dantas Xavier [presidente do clube]. Nós fomos almoçar e definimos um patrocínio para o Itabuna. O clube já estava com elenco formado e com tudo certinho para disputar a segunda divisão do Baiano”, explicou Leonardo Amoedo, investidor responsável pela SAF do Itabuna, ao Grupo A TARDE.
Diante das dificuldades financeiras durante a Série B, Amoedo sugeriu ao presidente que o clube se tornasse SAF. Rodrigo Xavier aceitou e levou a proposta para o conselho do clube. A partir daí, o planejamento passou a render frutos dentro de campo.
“Ano passado fizemos algumas interferências no clube. Troca de treinador, chegada de novos jogadores, afastamento de alguns. O clube estava em sexto lugar, ficou entre os quatro, depois entre os dois e fomos campeões. É um projeto de cinco anos que aconteceu em 11 meses”, seguiu Amoedo.
Após conquistar os objetivos, ele comemora o calendário cheio na temporada 2024, uma vez que a falta de competições a partir do segundo trimestre dificulta o planejamento da equipe, pois os atletas preferem contratos mais longos.
“A confederação, juntamente com as federações precisam rever o calendário, porque é uma dificuldade terrível. As pessoas não imaginam a dificuldade que nós tivemos para contratar atletas, porque eles sabiam que após o estadual estariam desempregados. Tivemos dificuldade durante a competição, perdemos alguns jogos porque não tínhamos atleta para uma posição”, contou o empresário.
A solução encontrada foi a criatividade. Todas as contratações do clube passam por análises de uma comissão técnica com profissionais que receberam propostas de outros clubes após o trabalho no Dragão do Sul. “Tivemos uma comissão fantástica. Temos diretrizes e metas dentro do Itabuna, o treinador não contrata. Nós temos um comitê do futebol que analisa. Tem que ter pelo menos três confirmações. Outros atletas a gente precisa verificar jogando”, explicou Leonardo. É com esses ideais que o Itabuna já planeja a temporada 2024, com a preparação programada para iniciar no início de novembro.
“Começamos o planejamento de 2024 há dois meses. Nós temos uma surpresa para o futebol baiano já a partir de janeiro. Vão sair alguns contratos novos, vêm alguns gringos, atletas de ponta. Nós estamos investindo pesado”.
Médio e longo prazo
Leonardo Amoedo faz questão de priorizar o profissionalismo da administração da SAF do Itabuna, que tem projeto a médio e longo prazo, com resultados dentro de campo que nem sempre serão positivos. “As pessoas discutem muito cifras com a SAF. Eu falo que a gestão e a governança precisam estar sempre acima da política. Nas primeiras derrotas, queriam que demitíssemos o treinador. Mas Sérgio Araújo participa de um projeto grande. A gente sabe o que quer e, principalmente, o que a gente não quer para o Itabuna. Está sendo construída a SAF em um projeto de médio a longo prazo. O Itabuna tem que existir daqui a 100, 200 anos”, afirmou Amoedo.
A relação social do Itabuna E com a cidade é muito forte, e os torcedores, que votaram a favor da aprovação da SAF, também são parte importante. “São nossos clientes, e precisam ser bem atendidos. Estamos entrando em uma parceria com uma empresa de gestão de programa de sócios do Itabuna. Vai chegar um programa de benefícios que os maiores clubes do Brasil e do mundo têm. Vamos ter de plano de saúde a mega descontos em farmácias. Nós vamos ter o aplicativo do Itabuna, o banco digital do Itabuna. Ou seja, um conjunto de fatores e coisas”.
A relação com a cidade, inclusive, foi um dos motivos que fizeram Leonardo Amoedo optar pelo investimento no Itabuna. Ele se sente agradecido ao município que recebeu seu pai e o ajudou a recomeçar.
“Tem uma questão afetiva com a cidade. Itabuna recebeu meu pai, falecido há três anos, quando ele estava em uma situação financeira ruim. Itabuna abraçou e ele recomeçou a vida de lá. Sempre que ele falava de Itabuna, eu lembrava com muito carinho”, concluiu o investidor.
O clube vive a expectativa da reforma do estádio Luís Viana Filho para mandar os jogos das competições de 2024 na cidade e evitar deslocamentos. Além disso, há planejamento para a construção de um centro de treinamento com alojamento para atletas em terreno na cidade, que está na fase de avaliação.
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