As gêmeas idênticas Larissa e Stella, de apenas 8 anos, que são campeãs baianas de jiu-jitsu, vislumbram a oportunidade de disputar o Campeonato Brasileiro da categoria, que será realizado em São Paulo, no fim de abril. Enquanto elas se preparam para lutar nos tatames, a família das guerreiras mirins está na luta para conseguir recursos que banquem as despesas da viagem das atletas até a capital paulista. A missão é difícil, no entanto, o desejo de realizar este sonho fala mais alto.
Caroline Ferreira, mãe das meninas, superou a timidez para botar a boca no trombone e pedir patrocínio para as filhas. Ela é quem está à frente da ‘vaquinha’, que até agora arrecadou um valor bem abaixo do que precisam. “Estamos fazendo campanha através de arrecadação pelo PIX. Quem puder ajudar, contribuir, pode doar na chave (celular) 71 98516-6958. Qualquer ajuda é muito bem-vinda, a partir dessa ajuda a gente vai tentar pagar o máximo possível de passagens, pois a campanha inicial é para ela, duas amigas, eu e outra mãe. E aí, se possível, a gente vai tentar levar outras crianças também”, afirmou a autônoma, em entrevista ao MASSA!. Além das passagens, o valor arrecadado será para arcar com outras despesas, como estadia e alimentação.
A ‘mãetrocinadora’ faz um apelo para quem não tem condições de ajudar financeiramente, mas que pode contribuir divulgando os perfis @stellaelarissa ou @anandadjjnas, que pertence a Ananda Beatriz, amiga de Larissa e Stella, que também sonha em disputar a competição. “Quem sabe não chega em algum patrocínio, que queiram patrocinar elas. Nosso intuito é esse, conseguir um patrocinador, uma pessoa que sonhe com elas, que acredite como nós, que incentive os jovens mais carentes e acredite na ressocialização. Infelizmente, nosso país não dá o valor merecido aos esportistas”, desabafou.
Larissa e Stella fazem parte do Projeto Social Boa Luta, que é responsável por atender crianças e adolescentes da comunidade da Boca do Rio. “É muito importante não só para mim, mas para outras crianças, que os pais infelizmente não têm condições de estar arcando com os custos de treinamento. Então, eles oferecem treinamento gratuito para mais de 200 crianças de 4 a 16 anos. O trabalho educacional que o professor Yuri presta é belíssimo. Eu gostaria muito que outras pessoas vissem e espalhassem porque é algo muito bonito e infelizmente eles não têm ajuda de custo. Se outras pessoas pudessem ajudar o projeto iria trazer muito mais oportunidades”, pediu Caroline.
O incentivo total da mãe
Os primeiros passos das irmãs nos tatames tiveram total incentivo da mãe, que a princípio enxergou também uma oportunidade delas se protegerem das dificuldades impostas pela vida. “As meninas começaram a fazer jiu-jitsu com 6 anos. Sempre foi uma vontade minha que elas praticassem porque nem sempre vou poder proteger elas e estar com elas. Então eu sempre quis que elas fossem meninas, mulheres bem preparadas para qualquer coisa”, explicou a incentivadora.
O desejo foi ainda maior, depois que ela soube de um fato em específico que aconteceu em 2019, na cidade de Suzano, em São Paulo. Na época, um atentado na Escola Estadual Professor Raul Brasil resultou em oito mortes, mas uma jovem de 15 anos conseguiu evitar algo ainda pior graças a uma técnica que havia aprendido com seu mestre. “Eu assisti uma reportagem de uma menina que através de um golpe de jiu-jitsu conseguiu se livrar de um assassino que ocorreu na escola em Suzano. E aí, me emocionou muito porque o intuito dela não foi lutar para se aparecer, foi altamente de defesa”, lembrou.
Irmãs sonham grande no jiu-jitsu
“Eu estou confiante que eu vou ganhar esse campeonato. Eu estou treinando muito e com fé em Deus eu vou ganhar e trazer essa medalha para a Bahia pelo Campeonato Brasileiro de jiu-jitsu”, almejou a pequena atleta Stella.
Já Larissa imagina a sua carreira no futuro. Mesmo sabendo que a modalidade não faz parte dos Jogos Olímpicos, ela espera que um dia o jiu-jitsu seja inserido na competição. “Minha expectativa no jiu-jitsu é conseguir várias medalhas no Brasileiro, Sul-Americano e conseguir participar de uma Olimpíadas. E quando eu crescer, quero ganhar várias medalhas para conseguir sustentar a minha família com a ajuda do jiu-jitsu”, projetou a guerreira mirim.
*Sob a supervisão do editor Léo Santana