O pontapé inicial do Bahia na Série A está prestes a ser dado. Após embarcar num esquema "bate e volta" na segunda divisão, o tricolor vive momento de reformulação para consolidar a SAF com o grupo City. A missão é manter-se na elite do futebol e alcançar um patamar acima do que esteve nos últimos anos. Para isso, é preciso tempo e trabalho.
O tropeço na Copa do Nordeste e o 50º título estadual na sequência, mostram como o Esquadrão ainda oscila nessa nova fase. Para entender esse momento e os rumos que o time poderá seguir, o Jornal Massa! procurou os ídolos do clube. Craques que entendem do riscado e do peso do manto. Sem papas na língua, relevaram a expectativa deles para esse Brasileirão 2023.
O mais otimista entre os ex-craques é Uéslei. Bicampeão baiano (1998 e 1999), o "Pitbull" é o quarto maior artilheiro da história do clube com 140 gols marcados. "Eu tô aqui na torcida para que o Bahia possa iniciar bem o campeonato, faça uma campanha sólida e que possa conquistar o que está almejando", disse o ex-atacante. Sobre os altos e baixos na temporada, o artilheiro sai pela tangente. "O importante é que daqui para frente o Bahia faça um campeonato sólido".
Quem entra no mérito, com categoria, é o ex-atacante Nadson. Criado no terrão do rival, onde é ídolo, brigou por lá em 2009 e recebeu guarida no tricolor. "Eu acompanho o Bahia também. Sempre acompanhei", carteirou logo. É verdade. Viveu tempos de crise no Fazendão e marcou o gol que livrou o time da terceirona naquela temporada. Na fé da moral que tem com a torcida, largou o doce. "Não foi bem na Copa do Nordeste e chegou às finais do Baiano com muita dificuldade também. Houve erros de arbitragem e foi beneficiado, coisa que jamais deveria acontecer".
A opinião forte converge com a de outro ex-craque: Emerson Ferretti. Para ele, esses problemas fizeram o time comandado por Ricardo Paiva entrar em uma fase mudança. "As derrotas contra Sport e Fortaleza marcaram muito. Serviram de lição tanto para jogadores como para treinadores".
O maior arqueiro a defender o tricolor (266 jogos) acredita que as goleadas sofridas "expuseram a fragilidade" da equipe. A chegada de reforços foi a providência tomada pela diretoria. "O grupo foi reforçado, mas não sabemos se é o suficiente", enfatiza.
Ainda assim para Nadgol o elenco atual do Bahia é "gigante, com uma qualidade muito grande", por isso vê o horizonte tranquilo para o resto do ano. "Vai fazer um grande campeonato brasileiro. Acredito que chega entre os oito primeiros e pode até pegar uma Libertadores, pela qualidade do elenco e pelo investimento que vem tendo". E vai além: "o torcedor merece isso, porque é fiel. Tá sempre ali, independente da fase".
Ferreti mantém os pés no chão nesse quesito. "Eu acho que o Bahia até pode surpreender, mas ficar entre os dez primeiros é uma meta bem ousada". Ele acredita que a primeira metade da tabela é "menos factível", embora não seja pessimista quanto ao desenrolar da competição. "Não vai sofrer tanto quanto tanta gente prega por aí", tranquiliza.
Assim como Uéslei, Marcelo Ramos também prefere deixar os problemas iniciais no passado. O sexto maior artilheiro do Bahia (128 gols) e também bicampeão baiano (1993 e 1994) vê que o momento é de fortalecimento do grupo aliado à ascensão individual dos jogadores. "O Bahia está no caminho certo e a maioria dos jogadores está crescendo de produção".
Entre os destaques, Marcelo vê "Biel e Jacaré mantendo um ritmo crescente desde o início, além de Cauly mostrando qualidade técnica". Dá uma moral também ao centroavante Everaldo. "Um cara que sabe fazer gol e faz uma movimentação diferente. Vai precisar muito dos atacantes de beirada".
Quanto ao resultado que a equipe pode conquistar, para ele "não adianta acelerar, tem que esperar a bola rolar". E chegar longe depende da confiança numa ferramenta especial: "o apoio do torcedor sempre". A fómula do artilheiro "é manter a média atual de torcedores nesses 19 jogos em casa, porque eles jogam junto com o time". Se seguir a cartilha, "o Bahia tem tudo para fazer uma grande competição".
Marcelo sabe que o caminho é difícil, mas não vê grande diferença do Bahia para os outros times. "Tudo bem que tem o Flamengo, com grandes jogadores, mas não vive bom momento. O São Paulo é outro que não está bem. Tem o Palmeiras e o Grêmio que vem crescendo, só que o Bahia tem condições de brigar de igual para igual", enfatiza.