
Dos lugares mais improváveis podem sair os mais espetaculares heróis, como é o caso do jovem baiano Luan Assis, de apenas 15 anos, morador do bairro de Pirajá. Durante os Jogos da Juventude, realizados no mês de setembro, o garoto conquistou um histórico resultado para a Bahia no tiro com arco, chegando em uma inédita quartas de final para o estado na modalidade esportiva, e também batendo até o próprio recorde na Federação Baiana de Arco e Flecha (FBAF), com 508 pontos.
O tiro com arco, no entanto, não é daqueles esportes mais tradicionais. Porém, a história de Luan com a modalidade começou de forma bem natural, como se fosse amor à primeira vista. “Um dia eu e meus pais estávamos passando pelo parque São Bartolomeu e nos deparamos com o treino oficial do Clube Zeferina”, descreveu em entrevista ao MASSA!, lembrando que realmente engatou no esporte em 2024, quando a participação em treinos e campeonatos se tornou mais presente na rotina.
Mas Luan Assis roubou mesmo a cena nos Jogos da Juventude, palco que costuma revelar inúmeros atletas de alcance nacional e mundial no país. “Foi muito emocionante representar a Bahia em um campeonato tão importante como os Jogos da Juventude. Adquiri ótimos conhecimentos, foi uma ótima experiência porque consegui alcançar um ótimo resultado na disputa e consegui levar a Bahia até as quartas de final”, lembrou o jovem atleta.

A treinadora do garoto, Fran Nascimento, é extremamente positiva com seu futuro e o vislumbra na Seleção Brasileira. “Eu vejo o desempenho do Luan como excelente, acho que ele pode chegar muito longe. O Luan tem foco, garra, determinação e disciplina. Eu digo que eu vou ver ele representar o nosso país, um sonho dele e meu como treinadora”, destacou a profissional de tiro com arco.

Esporte em crescimento
A primeira ideia que se tem é de que o tiro com arco é um esporte apenas para ricos, sem alcance para as camadas mais pobres. Porém, essa visão está mudando, com a modalidade crescendo no Brasil. “O povo acha que é um esporte de elite porque é pouco divulgado, mas com a participação do melhor do mundo, Marcus D’Almeida, nas Olimpíadas, o tiro com arco cresceu no nosso país”, afirmou a treinadora.
“Na Bahia, temos clubes confederados que disponibilizam instrumentos para quem quer praticar, e temos o projeto social Arquearia Zeferina, que é onde o Luan treina, lá disponibilizamos equipamentos de treino”, completou a arqueira, destacando a ótima iniciativa social do esporte.

Faltam apoio e infraestrutura
Como muitos esportes no Brasil, o grande problema do tiro com arco é a infraestrutura. Mesmo com inúmeros praticantes e apaixonados pela modalidade, o incentivo, estrutura e apoio ainda são questões complicadas para os arqueiros. “Precisamos de mais apoio, visibilidade e estrutura, pois nem todos conhecem nosso esporte, e isso é importante para ajudar na carreira dos atletas”, lamentou Luan.
Na visão da treinadora Fran, a questão da infraestrutura é o ponto central da discussão. “Faltam investimentos em infraestruturas esportivas diversificadas e de qualidade, especialmente em bairros e comunidades com menos recursos. É importante incentivar a prática desportiva para todas as idades e necessidades. Fomentar o esporte nas escolas e projetos sociais, com maior investimento dos órgãos públicos”, detalhou ao MASSA!.
*Sob a supervisão do editor Léo Santana