
Com o recente ‘boom’ das corridas de rua, cada vez mais os materiais necessários para a prática do esporte, como tênis, bermudas de compressão, relógios específicos, roupas e meias, estão sendo buscados por aqueles que estão começando na modalidade e por quem já a pratica há mais tempo. Para se ter uma ideia deste crescimento, em 2024, a loja Track&Field, uma das maiores do mercado, teve aumento de 45% nas vendas de roupas e acessórios para corredores.

“Não tem coisa pior que você começar uma prática e ter que parar por uma dor, por uma assadura, por qualquer coisa relacionada. Se você pensar que a pessoa está começando, e aí na primeira semana ela já sente algum incômodo, vai impedir que ela consiga manter o hábito de correr”, destaca Mayana Mendes, professora de educação física, personal trainer e especialista no assunto sobre o uso de roupas específicas que tornam a experiência mais agradável e diminuem o risco de lesões.
A profissional recomenda que um corredor iniciante, que não busca fazer grandes investimentos em produtos, além de um tênis - um dos itens materiais mais caros com valor médio de R$ 500 -, compre também meias de poliamida, diferentes das de algodão por não reterem suor, além de uma viseira e uma bermuda de compressão. “Quanto menos costura tiver na bermuda (de compressão), ela vai ser melhor. Isso cria menos pontos de assadura, porque tem um aumento repetitivo e um atrito do corpo com o tecido. O peso é um fator pra escolha de um tênis, ele é um fator pra escolha de uma viseira e até pra escolha de um relógio. Quanto mais premium ele é, mais leve, por ser uma coisa que você está ali diretamente no braço, e isso acaba pesando”, explica Mayana.

Um dos acessórios mais sofisticados utilizados pelos corredores são os relógios, que computam tempo de treino, a localização, os batimentos cardíacos e conecta corredores ao Strava, uma rede social específica aos praticantes de corrida de rua. Os preços da marca Garmin, principal empresa do mercado, variam de R$ 1.000,00 a R$ 5.000,00.
Apesar de ter valores inacessíveis para grande parte da população e a corrida ser vista por alguns como uma “modinha”, o esporte segue como o mais democrático que existe. “Acho que sim, existe uma estética, mas que não é um fator limitante. Se você não tem a grana pra começar com essa estética, você pode começar com algo mais simples que vai estar bom, vai te atender e vai te ajudar sim, a começar na corrida. A corrida de rua é o esporte mais democrático que existe porque só precisa de um tênis”, exalta a professora.

Moda fitness do mais barato ao caro
A qualidade dos produtos utilizados pelos corredores varia de acordo com o preço. Um exemplo disso são as meias de poliamida, que em lojas de departamento, podem ser encontradas desde
R$ 15,00 - com 80% de poliamida - até R$ 75,00 o par, com as meias de cano médio que vêm sendo tendência na ‘moda fitness’. Já as camisas com material ‘Dry Fit’, que secam mais rápido que camisetas comuns, variam de R$ 50,00 até R$ 135,00, enquanto as viseiras têm uma variação ainda maior de preço, indo de R$ 12,00 comercializados na internet até R$ 100,00 em lojas mais sofisticadas.

“A meia tem que ser uma meia que tenha pelo menos 80% de poliamida. Porque vai ser uma meia que não te dá bolha, e aí tem meias iniciantes em lojas de departamento que têm preços bacanas. Lojas de departamento têm camisas a partir de 39,90, com o sistema Dry Fit, material Dry. E uma viseira que não aperte muita cabeça e que seja leve. Aí eu acho que você consegue montar um look pra correr com R$ 600. Pensando em tênis, bermuda, meia, camisa e viseira”, aponta Mayana, unindo o mundo fitness também ao fashion.
Tecnologia ajuda aulas
Além de especialista em materiais esportivos, Mayana Mendes os tornou parte até mesmo da sua rotina de trabalho. Como personal trainer, ela faz consultorias, com direito a treinos personalizados, pela internet, e acompanha seus alunos pelos relógios Garmin, conectados aos aplicativos gratuitos de registro de corridas.

“Eu tenho um aluno em Barcelona, eu tenho um aluno em Lisboa, eu tenho um aluno no Canadá, em Toronto e em Montreal. Então, eu consigo ver a praça que o meu aluno correu, eu consigo ver a altimetria, se ele conseguiu ficar na zona de corrida que eu pedi, se ele tá na zona de batimento. Quanto maior o batimento do meu aluno, eu entendo que ele está tendo mais dificuldade para se manter naquela velocidade. Então, hoje a tecnologia dos relógios, eles casam com a tecnologia onde o professor prescreve”, conta a educadora física.

Os avanços tecnológicos, que geram tanto debate em parte da sociedade, foram bastante abraçados pelo esporte e mais ainda pela corrida de rua. “Tem gente que é muito avesso ao novo, à tecnologia. Eu acho que a tecnologia vem pra ajudar. Hoje em dia, os relógios trazem métricas que são muito importantes para você entender sobre a corrida. Os tênis têm tecnologia de placa de carbono. Mas não necessariamente mais caros”, completa.
*Sob a supervisão do editor Léo Santana
